II. Máquina Executiva?

1197 Words
Ainda era uma terça-feira e Amanda não poderia estar se sentindo mais pressionada, tentando presumir como ficariam os negócios com a tal mudança entre os iranianos. A exportadora era um grande nome do mercado halal e poderia se recuperar, mas precisaria começar a galgar novos nomes para assumir as posições dos clientes que perderiam. O grupo iraniano Nazari era o maior cliente e não ter a receita advinda dos negócios com eles seria muito impactante para a empresa, exigindo criatividade para driblar a crise. Luke a dirigiu de volta à empresa e seguiu ao seu escritório enquanto Amanda também foi à sua sala e se trancou, deixando um único recado para sua secretária: — Estou indisponível pela próxima hora! Mariana lhe alertaria sobre as próximas reuniões, mas a CEO apenas a ignorou e conseguiu ficar só por uma longa hora, que usou apenas para tentar se tranquilizar. Era muito ansiosa comumente e isso seria demais. Voltando ao trabalho, foi objetiva, como sempre. Precisou de novos contatos com todo o corpo da empresa para reaver os balanços dos anos anteriores e repensar suas estratégias. Era tarde quando Luke terminou seu trabalho e foi no escritório de Amanda para deixar os papéis que ela pediu, mas a moça não o atendeu quando ele bateu. O rapaz apenas suspirou, meneando a cabeça e entrou, encontrando-a cochilando com os braços sobre os papéis. Luke foi à mesa para usar o ramal e falar com Mariana. — Senhora? — A moça atendeu rápido. — Não é ela, Mari… sou eu. — Luke falou. — Já deveria ter ido embora, mas o mau exemplo da patroa não ajuda — repreendeu. — Antes de te dispensar, pode pedir uma refeição para a noite? Acompanho ela por hoje. — S-sim, senhor! — A moça assentiu. Mariana pediu a refeição para ambos e ficou para receber. Levou ao escritório e Luke a dispensou do trabalho. O CFO diminuiu o nível da luz do escritório e sentou com os papéis da matéria iraniana para transcrevê-lo empregando termos mais simples e fáceis de entender. Era quase meia-noite quando Amanda acordou assustada — nem percebera em que momento cochilara. — Se continuar não dormindo direito e acordando assim, morrerá disso! — Luke a alertou, olhando-a de canto de olho. — L-Luke? — Aturdida, franziu o cenho. — Q-que hora- — São meia-noite agora. — Ele a interrompeu. — Já dispensei sua secretária e temos uma refeição… Não é adequado pernoitar com você, mas faço esse esforço. — Desculpa! — Ela se reparou. — Não queria dar trabalho. — Não se preocupa. — Ele parou o que fazia para levantar e esquentar as refeições. — Estou descomplicando um pouco o material que reuni sobre o incômodo assunto do almoço. — Você é um anjo! — elogiou. — Não sei o quão bom está meu persa para entender um jurisdiquês iraniano — riu. — Nem quer entender! — Luke também riu. Enquanto ele lidava com a refeição, Amanda organizou toda a papelada na mesa para conseguirem não sujar nada. Eles tiveram sua refeição e Luke compartilhou o arquivo para explicar o pouco que tinha da situação e como agentes importantes da indústria estavam lidando com o rumor. O número de conservadores ou ultraconservadores não era tão pequeno no Irã e isso dava maior força para uma interpretação que poderia afetar a exportadora. — O patriarca Nazari nunca cedeu à tendência alguma… sabe algo sobre o sucessor? — Amanda o indagou. — A má notícia é que os filhos Nazari são conservadores… a intensidade varia… mas estou certo que todos são a favor de mudanças nesse sentido — suspirou. — Tomarei a dianteira e solicitarei uma reunião para discutirmos passos futuros, considerando a mudança. — Isso pode ajudar. Indica boa vontade e eles podem gostar — riu. — O que estudamos tanto que nos fez dormir no trabalho? — Mudou o assunto, observando os papéis anteriores. — Temos que repensar as estratégias… qualquer plano expansionista deve considerar uma crise! — falou apressada. — Gosto da determinação e do quanto soa confiante, mas precisa tomar cuidado para não atropelar nada no caminho — aconselhou. — Busque seu pai, talvez ele ajude. — É a segunda noite que não vou em casa! — A moça se recostou na cadeira com as mãos na cabeça. — Misericórdia! — Isso não é vida, habibti! — Não se preocupa! — A moça deu uns tapinhas no próprio rosto e suspirou, recuperando o sorriso confiante. Novamente, o rapaz optou por silenciar. Sempre que conversava com Amanda sobre os péssimos hábitos, sobre seu vício em trabalho, nunca conseguia extrair nada positivo… apenas desconforto da moça. Eles voltaram ao trabalho e ele se juntou para dar suas sugestões. Como diretor financeiro, não estava no cargo só por ter sua família próxima à família Franco e Silva. Estudara muito e fora preparado para tal cargo. O objetivo inicial não era ocupar uma empresa fora da família, mas o pai de Amanda necessitou e seus pais atenderam. Pouco antes do amanhecer, Luke recebeu uma ligação da mãe, Luiza, muito preocupada para saber onde estava o filho e o porquê de ele não comunicar que dormiria fora. — A namorada ficou chateada? — Amanda riu. — Quem me dera… me pouparia de muita coisa — arfou, rindo. — Era a mãe… esqueci de avisar do pernoite… — Deve ser complexo… — A moça compadeceu-se. — Bastante… as pressões do pai só aumentam, mas eu ainda consigo resistir às suas ideias de me casar — riu. — São hanabalitas, não!? — A moça franziu o cenho. — Sim — assentiu. — Já estou enrolando para casar há muito tempo… nem é porque quero, mas ele jamais entenderá. Ambos acabaram gargalhando. Luke ajudou para a moça organizar sua papelada do dia, fazendo o que Mariana provavelmente já fizera em seu canto, mas ainda não compartilhara com Amanda. — Terei com Amir e o corpo jurídico assim que terminar de ler tudo isso. Não são tantas reuniões, mas… após ter com eles, quero reunir nossa mesa diretora para conversar. — Estou pronto, habibti. — Ele sorriu. — Precisando de algo, basta chamar e venho para tentar ajudar, tudo bem? — Já disse que é um anjo? — Amanda riu. Luke a cumprimentou e deixou a sala. Amanda ainda tirou mais um cochilo em sua mesa para esperar a chegada de Mariana, que entrou na sala, perfumando-a com cheiro de café recém-passado. — Senhora… — Mariana a despertou. — Ah, Mari! Eu te amo! — Amanda sorriu-lhe, sonolenta. O cheiro estava divino e era tudo que ela precisava. — Precisa dormir… e sabe disso, não!? — Mariana lhe disse. — Até te chamaria para sairmos, mas você está numa viagem sem fim para o fundo do poço! — riu. — Nossa, Mari! — riu, franzindo o cenho. — Que horror! — De verdade… — O final de semana já está chegando… está tudo bem! — Menina! — Mariana riu. — Posso começar a ler tudo o que tem para fazer durante o dia sem você dormir? — Pode, sim… o café vai me salvar — gargalhou, se ajeitando na cadeira para dar iniciar mais um dia.
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