2- d***a (Elena)

3119 Words
NOITE PASSADA. Conversa entre as assassinas — Como foi o trabalho? Tudo como o combinado? — Sim, agora só precisamos esperar.. — E ele... Está com você? — E desde quando eu me esqueço do primordial? ... Agora eu preciso desligar ele estar chegando. I Havia tido um sonho estranho na noite passada. Pesquisei tanta coisa na noite anterior que não tive tempo nem de correr para minha cama. Pergunto-me eu nesse exato momento o que a equipe descobriu. Espera que horas são? m***a! Já era tarde, muito tarde. Como pude me atrasar? Ainda mais agora, nesse caso. Sacando meu celular em uma das mãos, eu me jogo por cima da cabeça do sofá discando assim a caminho de meu quarto para Beto. Vamos atenda, atenda! Já sobre o quarto eu catei uma jeans que estava jogada sobre a cama e uma camiseta branca sobre o monte de roupa acima da cadeira. "Por favor, deixe seu recado." — d***a Beto! — Resmungando eu corro para o banheiro à frente me despindo e tentando ao mesmo instante escovar meus dentes. Entra! Porcaria de calça! Enquanto insistia na mesma eu ouço meu celular a tocar sobre a tampa da privada. — Onde você está? — sua voz estava calma, e ao mesmo tempo cansada. — Já estou perto — menti. — Por favor, me espere no legista daqui alguns minutos — desligando em seguida, eu corro do banheiro já vestida e pego uma das botas penduradas sobre uma arrumadeira na parede. São exatamente sete e vinte, eu me encontro trinta minutos atrasada até então. Pegando um táxi logo mais à frente, eu o peço para me levar até a delegacia. Não demorou muito e em questão de segundos eu já me encontrava assentindo e desejando um bom dia aos outros. Ele não havia me visto, mas já sabia de minha presença, e André como sempre se colocava a mostrar seu melhor sorriso do dia enquanto tentava arrumar seus cachos ao alto da cabeleira. Pouco nervosa e com a pressão de não ouvir nada além do que já sabia, eu caminhei calmamente sobre o local claro e de forte odor de materiais de limpeza. Beto me observa por um curto tempo até finalmente me colocar a prancheta sobre as mãos. Todos haviam morrido pela mesma causa e rapidamente. Uma única bala de 9 mm naufragada sobre a testa de ambos os seis homens ali. Não havia hematomas e nem digitais, quem quer que fez isso já tinha tudo planejado. — Não houve briga corporal — informou ele mostrando algumas marcas sobre as costas e ombros do rapaz —, mas o que me parece é que esse rapaz teve uma boa noite de s**o e massagem, porém, a pessoa que fez isso foi cautelosa e além de usar produtos que danificaram as provas, ainda usou digitais falsas. — É isso o que seria? — pergunto ao segurar o dedo do mesmo e encontra uma mancha esverdeada ao seu redor. — Um anel talvez? — retrucou Beto também próximo. — Sim — respondeu ele tirando o dedo de minhas mãos. — E onde está? — perguntei observando a confusão em sua face. Ele caminhou de um canto para o outro, e de uma mesa tirou um pequeno saco lacrado que o trouxe em seguida consigo. — Eu não sei, não chegou com ele. Mas tenho isso — ele me estende a mão. — Encontrei na garganta dele. Ao observá-la ainda sobre o lacre eu consegui facilmente ter a visão de uma carta de baralho, uma "rainha de copas". — Essa poderia vir a ser a causa da morte? Pouca passagem de ar sobre a traqueia? — perguntou Beto enquanto observava a carta que já estava sobre suas mãos. — Não. Como pode ver na prancheta, a morte foi causada pela bala localizada logo mais sobre a testa — informou. — Agora se me dão licença eu vou continuar com meu trabalho por aqui — nós assentimos devolvendo a prova junto da prancheta e caminhando logo mais em direção ao laboratório. — Que bom que estão aqui! ... Oi — disse Ester após olhar nos olhos castanhos escuros de Beto, jogando seus cabelos lisos para trás. —Tenho certeza que nem um de vocês esperava por isso. — ela me entrega suas pesquisas e sem perder mais tempo ela retoma sua atenção para Beto. Blá, blá, blá... Nada ali me importava que dizer, nada ali era de total atenção, até finalmente chegar às últimas palavras... Marcos havia feito s**o com um homem... Ambos os DNA que estavam presentes sobre a c*******a eram masculinos. — E então o que tem aí? — perguntou ele sem jeito se aproximando. — Veja você mesmo — disse o entregando o papel. Ester enrolava uma das mechas de seu cabelo e mastigava uma goma bastante descolorida sobre a boca. — Então procuramos um homem? — questionou ele. — Então ele é nosso assassino — disse. — Talvez. Ou talvez uma outra pessoa o visitou sobre a mesma noite — antes que pudesse dizer algo mais, meus ouvidos são tomados por gritos masculinos e objetos a serem jogados. Apertando meus pés ao chão, eu caminhei na mesma direção tendo sobre minha vista homens armados sobre todo o corredor. Eles eram os homens de Bruno, homens de um perigoso tráfico. — O que está fazendo?! — gritei ao ver que ele apontava uma arma para André. — Eu o disse que não poderia entrar aqui — disse calmo. — Ele quer levar o corpo de Marcos. — Ainda não o liberamos. Tenha paciência e nos deixe fazer nosso trabalho, prometo que ele será entregue a você o mais rápido possível. — Ele rir. — Eu não estou perguntando se posso levá-lo. Eu vim aqui para levá-lo! — disse colocando as mãos grandes sobre a face gelada do rapaz. — O que fizeram com você meu irmão? — sua voz estava abatida. —Você não merecia isso, Deus já o tinha perdoado. — Ei, o que está fazendo? — Beto me segura o pulso assim que nota minha aproximação. — Confie em mim — pedi seguindo novamente em direção a Bruno. — Eu prometo que vamos pegar o culpado — de repente eu o vejo mudar de expressão. — E vão fazer o quê? O prender por alguns anos e depois o deixar em liberdade nas ruas como se nada tivesse acontecido?! — O que pensa em fazer? — pergunto olhando em seus olhos e reparando sua barbicha falha sobre o rosto grande. — Não acha que ele merecia? Mataram pessoas inocentes, destruíram famílias... — disse em tom calmo. — Não existe inocentes. Nunca existiu. Eu vou fazer o que a senhorita e esses merdinhas não fazem direito! — ele aponta sua arma para meus agentes. — Leve ele! — ordenou fazendo alguns de seus homens irem à frente. — Não! Não deixarei que atrapalhe o meu trabalho — disse o vendo roçar o cano da arma sobre seu queixo e seguidamente agarrar meus cabelos me puxando de encontro a seu corpo grande e fedorento a cecê. Segurando forte meus cabelos sobre sua mão, eu observo com tensão as armas sobre nossa direção. Beto nos olhava com receio, seu maxilar estava tenso e suas mãos cerravam o material sobre si. — A solte, e o deixaremos ir. — Não! — exclamei sentindo meu couro cabeludo arder pouco mais que antes. Eu sabia que ele não sairia dali sem seu irmão, e conhecendo Beto como conheço sei que isso poderá vir a acontecer se ele não se colocar em seu lugar de policial. — Não tente bancar a durona, sabe que não sou fã de tiras — o cano frio se afundava sobre minha bochecha. — Vamos mande seus homens abaixar a m***a dessas armas! — observando todos ao redor e o desespero em seus corpos eu ainda me coloco a manter sobre silêncio. — Não tem medo da morte não é mesmo? — Uma hora ela vem para todos nós, não é? — eu dou um sorriso de canto vendo em seguida seu dedo pressionar lentamente o gatilho ao lado. — Vá em frente. Mas tenha a certeza que nem um de nós sairá vivo daqui para contar a história — eu ouço seus batimentos quase saltarem de seu peito. Não podia ver sua face, mas tinha quase a certeza que seus olhos se mergulhavam ao medo. — Larguem as armas! — eu franzo minhas sobrancelhas. — Vamos não me ouviram?! — O que está fazendo?! — declaro ouvindo a risada de Bruno e sua ordem para os homens que seguram o corpo de seu irmão. Com facilidade e calma, ele nos guia em direção ao corredor. Sem uma palavra ele vê a porta de saída aberta para si dizendo sobre meus ouvidos segundos depois: " É parece que não foi dessa vez, p*****a". Ele me joga com força para o canto me fazendo bater sobre uma mesa e se retira com rapidez. — Você está bem? — perguntou Beto se aproximando. Sem o responder eu agarro sua arma indo em direção à porta e mirando a frente. Já era tarde, o grande carro escuro já estava em movimento. — Eu deveria matá-lo por ter feito isso. Eu estava quase conseguindo que ele se entregasse — disse me virando. — Eu... — respirando forte eu travo sua arma a batendo com força sobre seu peito. — Eu preciso comer alguma coisa — disse indo até minha mesa e pegando minha bolsa. — E vocês voltem ao trabalho. Sem olhar para nem um deles, eu caminhei apressada, deixando com que a porta se fechasse sozinha logo mais a minhas costas. Eu estava tão próxima a conseguir fazê-lo recuar... Eu tinha certeza que ele iria fazer tão coisa. Ahh! Por que ele foi se meter?! Por que tinha que deixar seu trabalho em segunda opção... Eu perdi uma peça importante de minha investigação. Por que ele tinha que ser logo irmão do cara mais importante desse bairro! Quem dera a polícia fosse o algo mais importante desse bairro. Mesmo que tenhamos de dar nossas vidas para ajudar essas famílias, ainda assim não conseguimos controlar todo o movimento do bairro, se pelo menos a m***a desses supervisões gerais se importassem com a comunidade, teriam mandado mais policiais assim como eu havia pedido. Mas parece que aqui somos apenas o pingo do "i". — O que vai querer senhorita, Elena? — me pergunta ela com seu caderno sobre as mãos. — Um café bem quente e dois hamburguês bem caprichados, por favor. — disse a fazendo retirar sua caneta da boca. "Por que diabos alguém colocaria uma carta na goela de uma pessoa? Realmente isso foi um acerto de contas? Mas por que a carta?! E como foi tão esperto a ponto de não deixar digitais?! ... Que tipo de cara é esse..." — Aqui está chefe. — disse ela colocando tudo sobre a mesa desleixada e já sem coloração. — Espero que aproveite, e que não se importe, Gabi me ajudou hoje com seu café. — Informou ela sentada à minha frente. Ao vê-la dar tchau a alguém e sorrir, não tive a mínima dúvida de que era Gabriele sua única filha. — Mamãe eu posso brincar no parque por mais tempo hoje? Por favorzinho? — implorava ela sorrindo para nós. — Tome cuidado. — pediu ela recebendo um beijo como agradecimento. — Ei! — disse segurando em seu fino pulso. — Tome cuidado. Não dê atenção a nem um estranho. — Não se preocupe — ela deixa transparecer seus pequenos dentes brancos enquanto tira pouco de seus cachos do rosto com alguns dedos que estavam desocupados, no mesmo instante que segurava seu trapo velho, que chama de urso. —, esses caras não são doidos de mexer com a amiga da policial mais bonita do bairro. — Apenas assenti a soltando o pulso e a vendo correr. — Cuide bem dela. — disse tomando meu café. — Você sabe, Gabi nunca foi de ficar parada. É difícil mantê-la junta a mim quando não está na escola. —Tente. Pelo menos por esses dias. — Não que eu me importasse com ela, mas um r***o de criança nesse pouco tempo que tenho, e com esse caso que seguro, não seria algo que eu poderia dar tanta atenção. — Mas por quê? — ela sorrir. — Todos aqui a conhecem. É como ela disse ninguém a tocaria sabendo que ela chama de tia, a melhor policial da área. — Apenas cuide dela. Não quero ter que cuidar de um caso de desaparecimento. — Informei me levantando. — O banheiro está vazio? — a vejo assentir. — Prepara para a viagem, eu vou levar. — Digo caminhando até a porta ao fundo da loja. Era um banheiro escuro, pouca claridade, e o cheiro sobre o mesmo não era um dos mais agradáveis; o ranço de fritura, pinho, cloro, pedra sanitária e muitos outros cheiros fundidos a um só. O espelho quebrado, esse eu também já havia me acostumado, ao passar meu batom sobre os lábios ouvi uma voz familiar, não sei se procurava por mim, ou se tinha necessidades de estar ali. — Ali está ela. — Respirando fundo eu caminho sem perder o ritmo de antes. — Aqui está senhorita, e se me dão licença, eu preciso ir agora. — Assenti pegando meu lanche e caminhando até a saída. — Não finja que não me viu parado ali. — Que eu saiba você tem pernas. — disse sem olhar para o agente. — O que quer? — Vamos para aquela praça nojenta. Lá é o único lugar que podemos conversar sem que alguém nos observe. Quieta eu caminho ao seu lado tentando sempre me manter alguns centímetros longe do mesmo. Seu grande casaco escuro chama a atenção de um mendigo sobre a calçada que se esconde sobre seus panos. — Não é um lugar muito apropriado para crianças brincarem, não acha? — disse com suas mãos sobre o bolso fundo. Ele se referia a Gabriele, que na verdade era a única criança que ainda frequentava esse lugar. — Vamos logo ao ponto. Por que está aqui? — Conversamos entre nós e achamos que seria mais apropriado que fosse embora amanhã mesmo, ou se preferir hoje após seu turno? — Ainda observando a menina, eu sorrio sem jeito. — Deveriam saber melhor que ninguém que meu turno não tem fim. — Digo. — E não me importa o que é ou não apropriado para vocês, meu contrato acaba daqui seis dias. E só daqui seis dias eu deixarei a cidade. — Acho que ainda não entendeu. — Ele se vira para mim. — Acho que quem ainda não entendeu aqui foi vocês. — Digo me virando para ele. — Eu não vou sair daqui nem um dia antes, e nem um dia depois de meu encerramento de contrato. Ouviu bem senhor Fernando? — disse vendo o olhar de espanto sobre o agente à frente ao saber que eu já havia descoberto que nosso supervisor geral nos ouvia. De repente ele tira o fone de seu ouvido e me estende a mão à frente. — Ele quer falar com você. — ... Eu admiro seu prazer no que faz, mas acho que já está na hora de descansar. — Desde quando se importa com o bem-estar de seus empregados? Eu não vou retirar nem uma das palavras que disse, quando assinei aquele contrato nele estava bem claro "seis anos de serviço, e nem um dia a menos ou a mais". Bem é isso que estou fazendo, nem um a mais e nem um a menos. — Por um acaso você acha que vai conseguir concluir esse caso? Em quase seis anos tudo que fez foi cuidar de um bairro de pessoas ignorantes. Vendas proibidas de drogas, estupros, agressões e muitas outras coisas sem importância que esse bairro tem a oferecer. Deveria estar me agradecendo por tirá-la mais cedo desse inferno. — Eu solto uma gargalhada. — Então é pelo caso? — digo com ignorância. — Eu não vou abrir mão dele, nem para você e nem para ninguém. Esse bairro ainda continua sendo meu, e quer saber? Vai à m***a você e seus agentes, eu só saio daqui quando faltar um segundo para o encerramento dos papéis. — Ao tirar os fones e levá-lo em direção às mãos do agente eu ouço os gritos de Fernando sobre o mesmo. — E você se manda. — disse o vendo sair ainda com a mesma cara f**a de quando chegou aqui. O observando caminhar sobre a calçada, eu reparo sobre a mão estendida do mendigo sobre o chão, sem que o agente parasse o mendigo o agarra a boca da calça escura. Ahh...! Me solte seu verme. Disse o d***o puxando com força sua perna e chutando o rapaz ao chão. É isso que você e todas as pessoas desse bairro merecem... Declarou ele após cuspir em sua mão ainda aberta e caída sobre o chão. — Oi titia! — disse ela já a minha frente. — O que você tem? Quem era aquele moço? — Não sou sua tia. — disse a vendo ainda com seu grande sorriso sobre o rosto. — Acho melhor ir agora. — Mas ainda não brinquei direito. — O que uma menina de cinco anos vê nesse lugar imundo? — eu o observo rapidamente. Era um lugar f**o, cheio de lixo e brinquedos maltratados. — Eu não sei, talvez eu veja o que você não vê. — E o que você ver? — pergunto me abaixando. — Um lugar bonito. Onde muitas crianças se divertem com seus papais. Tem flores, muitas árvores e um balanço bem ali. — Ela aponta para onde há apenas um enorme ferro cravado ao chão, resto de um suporte de balanço. — Você está doente? — ela sorrir brincando com seu urso sujo. — Nós vamos ajudar a mamãe. — disse ela fazendo o estalo de um beijo após chegar seu trapo velho até minha bochecha. A assistindo correr pela calçada, eu me levanto caminhando pela mesma e fingindo não notar o mendigo estirado sobre o chão com sua cabeça tapada e a mão ainda aberta sobre o mesmo. Apertando forte o pacote de papel sobre minha mão, eu tentei recuar, mas algo em mim que eu ainda não conhecia e nem sabia o que era, tomou conta de meu corpo. Recuando eu agachei à frente da mão suja e cabeluda, ele tinha um odor forte, mas nada que me fizesse recuar e para meu ato. Pegando o hambúrguer que havia de estar ainda embalado, eu o coloquei sobre sua mão o vendo aperta-lo e tirar o cobertor de seu rosto. — Muito obrigado senhorita. — disse ele antes de me segurar a mão ao ver meu recuo. — Os homens de preto... Os homens de preto, eu vejo eles em todo lugar... Estão nos vigiando, tome cuidado senhorita, tome cuidado. — Após suas palavras ele agradeceu novamente abrindo a embalagem e abocanhando o hambúrguer. "Os homens de preto..." Talvez estivesse biruta pela fome, passar todos os dias nesse lugar abandonado e m*l cheiroso, certamente acabou com seus neurônios. Sem despedidas eu me levantei seguindo meu rumo até finalmente avistar a sede, e sobre a porta grande de vidro, eu não consegui ver ninguém, acredito eu que eles estão pegando pesado no trabalho. Ao invadir o espaço que era de meu direito até então, eu sigo mais a frente onde ouço gritos ao fundo, eles vinham da sala de balística. O traseiro de Felipe estava à mostra, que dizer, parte dele. Ele gritava altos palavrões enquanto Beto o tentava ajudar e Clara uma bela morena de cabelos escuros ria alto enquanto limpava algumas armas.
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