capítulo 9

2089 Words
MALIA: Depois de algum tempo, minha mão começa a suar, mas não a retiro da sua. Deixo que ele a segure, me dando esse conforto que eu necessito. Sofia dorme na sua cadeirinha e mesmo estando sol lá fora, aqui dentro está fresco por conta do ar. Me permito encostar minha cabeça no banco e fechar os olhos por um instante. Estou tão cansada, tinha medo de não conseguir pegar Sofia, tenho medo dos meus pais, com medo de me rejeitarem e de tudo que pode acontecer caso esse casamento de errado. Mal dormi a noite por conta dos meus pensamentos, então ao deixar minha cabeça recostar no banco e fechar meus olhos, me sinto ficar leve como uma pluma. Ainda sinto o balançar do carro, mas isso não me incomoda. É como se eu estivesse dormindo, mas consciente do que acontece a minha volta. Meu corpo e mente estão relaxados, mas eu sei onde estou. É normal isso acontecer depois que você vira mãe. Você nunca dorme completamente, está sempre atenta, mesmo dormindo, para qualquer sinal que seu bebê dá. Uma leve mexida, um resmungo e você acorda imediatamente. É nesse estado que eu estou, mas eu me sinto relaxar. Ainda mais quando eu sinto sua mão ainda na minha. Eduardo é... como posso dizer? Em todo o significado da palavra homem. Ele me deixa bem perto dele, é gentil e bondoso. Não sei por que esse negócio do casamento, mas de algum modo sei que ele não pode me fazer m*l. Apenas se fosse um casamento de verdade... - Malia? – ouço a voz de Eduardo me chamando e eu abro os olhos. Ele está sorrindo e eu pisco esfregando meus olhos. - Você fala dormindo. – Ele diz e imediatamente eu entro em alerta. Eu sei, e o que eu disse? Por favor senhor, que não seja nenhuma bobagem. - Falo? – pergunto, optando por me fazer de sonsa. Ele apenas da mais um sorriso e confirma com a cabeça. – E o que eu disse? – não sei se quero mesmo saber. - Sobre o... – Ele começa a falar e ouço Sofia querer começara a chorar. Só então eu percebo que estamos parados e logo reconheço a rodoviária da minha antiga cidade. - Já chegamos, nossa, foi rápido. – Digo e olho para Eduardo. - Foi rápido mesmo, me diverti muito com você o caminho todo. – Ele diz divertido e eu resmungo. - Esquece que eu perguntei sobre o que eu falei, prefiro não saber. – Falo e ele ri um pouco. É uma risada bonita. - Tudo bem então, mas não vou esquecer o que disse. Mas não vou mesmo. – Ele fala e tenho vontade de me m***r, espero que não tenha sido nada vergonhoso. – Me explique onde é a casa dos seus pais. Concordo e assim que ele volta a ligar o carro vou explicando o caminho todo. A cidade é pequena, então em menos de 5 minutos vamos entrando na rua da casa dos meus pais. Mas assim que o carro vira a esquina, me arrependo de chegarmos no meio da tarde. Não quando está fresco e todas as vizinhas da rua estão sentadas na calçada conversando e rindo, não quando estão na porta da casa dos meus pais e minha mãe está entre elas. - Você conhece a história da chapeuzinho vermelho Eduardo? – pergunto enquanto ele desce a rua lentamente, cada vez mais próximo. - é claro. – Ele responde e vejo que estranha a minha pergunta. - Então se prepara e pode parar ao lado daquela alcateia de lobos vestidos de senhorinhas bem ali no portão preto. – Digo e ele ri. – Não ria, elas vão te devorar assim que sair do carro. Ele ri ainda mais e para o carro ao lado de todas elas, mesmo dentro do carro posso perceber o silencio em que elas ficam olhando para o carro luxuoso que estaciona na porta da casa da dona Vilma, com certeza achando que é para pedir informação, já que o vidro é fume e duvido que haja um carro assim nessa cidade perdida, pode até se chamar eldorado e é assim que vou chamar esse lugar daqui para a frente. - Eu não ligo de ser devorado, a não ser que minha namorada e futura noiva seja ciumenta. – Ele diz rindo e abre a porta. – Vamos Malia. Ele sai do carro fechando a porta atras de si e eu tomo coragem para sair em seguida. - Olá senhoras. – Ouço ele dizer e vejo as "senhoras" cochicharem entre si, até que olham para mim e a primeira a se pronunciar é a minha mãe. - Minha nossa senhora, Malia minha filha. – Ela diz e vem até mim me abraçando. - Oi mãe. – Digo e devolvo o seu abraço apertado. – Me ajuda a pegar Sofia? Ela está dentro do carro. – Falo e ela animada depois do abraço me ajuda com as sacolas e eu pego Sofia na cadeira. - Me diz menina, quem é esse moço bonito? – dona maria, a vizinha do lado pergunta. Veia s****a isso sim. Nem me cumprimentou, como ela mesmo diz. Prioridades menina, prioridades. - Meu namorado tia. – Falo um pouco envergonhada e vejo Eduardo sorrir para mim. Minha mãe que tinha deixado as sacolas no chão, do lado daqueles lobos fofoqueiro, me olha com os olhos arregalados. - Namorado? Sério? Mas e o Henrique?... quer dizer, eu não estou perguntando por m*l menino, só estou surpresa. – Ela questiona e depois se explica com Eduardo. - Está tudo bem. – Eduardo diz educado. - Mãe vamos levar essas coisas para dentro e conversamos lá, tudo bem? – pergunto e ela acena rapidamente. Ouço dona maria resmungar junto com as outras senhoras e minha mãe olha f**o para elas. - Parem de ser fuxiqueiras, eu vou entrar porque minha filha está aqui e faz tempo que eu não a vejo, então vão fofocar sobre ela e o namorado novo na porta da casa de vocês. – Minha mãe fala e entra em casa. Não me importo de segui-las, todas elas estão sempre se xingando, mas nunca se desgrudam. A única coisa que acho bonito nelas é a amizade, nunca falam m*l uma das outras se a falada não estiver presente. Mas é claro que essa regra não se refere aos outros, ou sejam, vão falar muito de mim e do Eduardo e supor mil e uma teorias sobre o porquê de eu não estar com Henrique, sobre quem é bonitão e seu carro luxuoso. Entramos na grande casa dos meus pais e eu sorrio. Lembro quando nos mudamos para essa casa. Esse bairro todo estava passando por uma urbanização, a prefeitura queria povoar essa área e começou a vender os terrenos aqui muito barato, na época meus pais tinha suas economias e compraram 4 terrenos, um do lado do outro e construiu uma grande casa, com um quarto para cada filho e mais dois extras. Antes morávamos em uma casa apertada, então eles quiserem construir um lugar espaçoso. Somos em quatro filhos e eu fui a única que saiu de casa. A filha mais nova de 4 irmãos, todos engenheiros e arquitetos, todos trabalham com meu pai na firma dele e ainda moram aqui. - Aqui vamos deixar as coisas aqui na bancada e vamos tomar um café, acabei de passar. Seu pai e seus irmãos estão para chegar, aceita um pouco querido? – ela pergunta para Eduardo já trazendo a garrafa de café. - Sim senhora, obrigada. - Menina, como pode ficar todo esse tempo longe? Me diz? Você não sabe a preocupação que me causa. – Minha mãe diz me olhando brava. - Eu sinto muito mãe, mas aconteceu tanta coisa... – falo e já sinto lagrimas quererem sair dos meus olhos. - Ei não chore, está tudo bem meu amor. – Eduardo diz se aproximando mais de mim e colocando a mão em minhas costas, a esfregando. Sei que ele já começou com o teatro, mas isso me traz certo conforto. - O que aconteceu Malia? Você está me deixando muito preocupada. – Minha mãe fala e vejo isso em seu olhar. - Podemos esperar o papai e os meninos chegarem? Quero falar com todos de uma vez, não vou gostar de ter que ficar repetindo. - é claro querida, vou pegar um suquinho e o bolachas para a minha princesinha. – Ela fala e sai preocupada levando Sofia consigo. - Calma. – Eduardo diz em um sussurro e tira meu cabelo do rosto. – Eles são seus pais, tem direito de saber o que você passou Malia. - Eu sei, só que eu já disse, não quero magoa-los. – Falo e deixo que uma lagrima escape. Eduardo a seca e na mesma hora o portão se abre e meu pai e irmãos entra rindo na casa. Meu pai é o primeiro a me ver e me olha surpreso, tanto para mim quanto para Eduardo. - Malia... – meu pai fala e se aproxima muito rápido para me abraçar, e eu me levanto fazendo o mesmo. - Garota, o que você tem na cabeça? Por que não ligou? – Bryan pergunta. - Ou mandou uma mensagem... – Breno fala. - Ou sei lá, um e-mail ou carta? – Bruno continua com o decoro e eu sorrio. - Também senti falta de vocês, seus paspalhos. – Falo e os abraço também. - Sentiu nada, ou teria ligado. - Mandado uma mensagem. - Um e-mail ou carta. – Eles falam e eu sorrio. - Tem sido complicado, mas antes deixa eu apresentar a vocês meu namorado. – Falo e todos os olhares se voltam para Eduardo. – Esse é Eduardo, Eduardo esse é o meu pai David santos e meus irmãos trigêmeos, Bryan, Breno e Bruno. - Muito prazer. – Eduardo diz os cumprimentando educadamente. - Finalmente largou daquele i****a. - Nunca gostei dele. - Esse é mais bonito. – E novamente os três vem com essa mania de terminar ou completar tudo o que o outro diz. - Estão juntos a quanto tempo? – meu pai pergunta e eu reviro os olhos, sei o que ele vai fazer, foi o mesmo com Henrique. - 2 meses senhor. – Eduardo fala e acho que ele entendeu também. Eduardo já é um homem, assim como eu sou uma mulher, mas me sinto uma garotinha. - Pouco tempo para já estar apresentando para a família. – Meu pai fala. - Pouco tempo mesmo. - Muito pouco. - Pouquíssimo tempo. – Os gêmeos falam e cruzam os braços e cerram os olhos, os três. - Vocês não vão começar não é mesmo? Viemos aqui porque eu queria que vocês conhecessem o Eduardo e também contar as coisas que aconteceram desde que a gente se viu. – Falo me aproximando dele e pegando em sua mão. Sinto um leve apertão em resposta e sei que ele me diz para continuar. - Tudo bem, mas eu preciso saber mais do seu namorado. – Meu pai retruca. - Saber se ele te merece. - Se ele é digno. - Se vai cuidar bem de você. - Eu não a mereço. – Eduardo diz antes que eu possa falar algo. Ele descruza os nossos dedos e passa o braço pelo meu ombro me puxando suavemente para si. – Malia é linda e inteligente, meiga, gentil. Ela é perfeita e sendo sincero, ainda não existe homem que a mereça. Não somente meu pai e irmão são pegos de surpreso, assim como eu. - Esse é o cara. – Bryan fala sorrindo. - Eu gostei, vamos adotar. – Breno faz piada. - Clichê, mas só mostra que está apaixonado. – Bruno completa. - é resposta certa rapaz, vamos nos sentar todos e conversar mais. – Meu pai fala apontando para a mesa de madeira na qual estávamos agora mesmo e nos acomodamos. - Vocês já chegaram, que bom. – Minha mãe diz voltando com Sofia que come uma bolacha. - Minha netinha, que saudade. – Meu pai fala a pegando no colo. – Filha como foi com Henrique? Ele aceitou bem a separação? Ou foi ele que terminou? Ele sabe sobre vocês dois? Como ficou as visitas de Sofia? Ele vai vê-la de 15 em 15 dias ou vocês tem um acordo? – meu pai vai perguntado e sei que essa é hora para dizer, mas meus olhos se enchem de lagrimas e eu não consigo falar. continua....
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