Rato narrando Eu passou a mão pelo boné, ajeito o moletom e respiro fundo. O cheiro de mármore caro e café fresco invadiu minhas narinas longe do cheiro de pólvora e terra molhada do morro. Eu estava cansado. Cansado de se esconder na Maré, cansado de ser um fantasma. Hoje, ele ia botar a cara. Ando decidido pelo hall envidraçado do escritório de arquitetura, os meus tênis rangendo no piso polido. E foi ali, bem na entrada, que o mundo pareceu dar um nó. Ela surgiu saindo da sala do Play boy cabelo preso num coque displicente. Quando de propósito esbarro nela. — Desculpa! — disse a moça, saindo apressada. Os olhos dela grandes, curiosos, castanhos. Eu senti um calor estranho subir pelo meu peito. E engoli em seco. Antes que eu pudesse ir atras da mina, a porta de vidro do escritóri

