Daiana narrando Eu ainda sentia o gosto do sangue na garganta. O cheiro da pólvora grudado na minha pele. Meu corpo inteiro tremia, mas eu tentava fingir que estava tudo bem. Não estava. Nada estava. — Que noite horrível foi essa... — sussurrei, mais pra mim do que pra Layla. — Eu quase morri, Layla. A gente quase morreu. Ela não respondeu. Estava sentada ao meu lado no banco de trás do carro, com os olhos perdidos, arregalados. A blusa suja de sangue. As mãos também. Ela tinha esfaqueado um homem. Esfaqueado. E eu... eu só queria sumir. Quando o carro finalmente entrou no morro, eu senti como se pudesse respirar. Mas era só ilusão. O alívio durou segundos. Minha mãe estava ali, na porta de casa, com o olhar preocupado varrendo cada canto da rua. Quando me viu, correu. E foi naquele

