Hades narrando Eu encarava o teto mofado da cela com os olhos arregalados e cansados. O tempo ali dentro parecia ter parado, como se os ponteiros do relógio tivessem sido arrancados só pra torturar minha mente. O dia se arrastava sem luz, sem som, sem nada além do barulho abafado de passos pesados no corredor. Os guardas quase nunca passavam, e quando passavam, era só pra jogar o prato de comida no chão com nojo e seguir. Eu já tava ficando maluco. Conversava com as paredes, respondia os meus próprios pensamentos, e às vezes ria do nada não de alegria, mas do desespero que se acumulava feito veneno no meu peito. Sento na cama dura e fria, com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça entre as mãos. O silêncio ensurdecedor era o meu pior inimigo. Pensava no morro, nos irmãos, nas min

