Hades narrando
Ela ainda tava ali, parada no meio da minha sala, com aquela pose de quem acha que pode brincar com o passado sem pagar o preço. Mas comigo as contas sempre chegam. E quem me deve, paga com grana, com sangue.
Assoviei curto e seco. Um dos vapores mais ligeiros apareceu do nada, camisa do Flamengo no corpo e a pistola pendurada no short.
— Leva ela pro barraco da rua 10 — falei sem tirar os olhos dela. — Já tá mobiliado, Tirei a chave da minha mesa na e coloquei na mão do vapor.
O moleque assentiu com a cabeça e nem questionou. Sabe que quando eu falo, não se discute.
Me aproximei dela, devagar, com o peso dos anos que ela me fez carregar sozinho.
— Onde tá o garoto? — minha voz saiu firme. Baixa. Mas afiada como navalha.
Ela mordeu o canto da boca, meio sem jeito.
—
