Gavião narrando
Depois que o Malfeitor botou as cara no telão, a favela veio abaixo. Parecia gol em final do Mundial. Os cria gritando, as mulher jogando cabelo pra trás, os menor tudo pulando. Ali tu via saudade real — não era só respeito, era lealdade. Henrique pode tá preso, mas a presença dele ainda pisa dentro da favela como se estivesse aqui.
O bagulho ficou marcado: quem esqueceu, lembrou. Quem duvidou, engoliu.
Sentei com os cria no camarote, copão de whisky na mão, gola levantada, clima tranquilo. A favela vibrando, o grave comendo, e eu? Eu passando a visão na Viviane e nas menina, porque tá ligado: o camarote virou vitrine de poder. A ruiva tava como? Um veneno. E o Calango? No ódio manso, olhando, mas quieto — sabia que uma passada de postura errada ele acordava sem dente.
