Alice narrando
Os meninos m*l falaram conosco, ou seja, o clima ficou bastante tenso, fazendo—nos comer o mais rápido possível para sairmos dali.
— Quero saber quem é aquele garoto. — Um braço me puxou, levando—me para sala de aula.
— Um menino que senta atrás de mim. — Isso era óbvio.
— Não faça brincadeiras sem graça. — Pediu irritado, da mesma forma que fazia a anos.
— O nome dele é Bruno e me emprestou seu caderno, já que não consegui copiar a tempo. — Expliquei, achando desnecessário o seu nervosismo comigo.
— Sevocês não ficassem conversando, você não teria se atrasado. — Retrucou.
— Está cuidando do que estou fazendo? — Nessa hora todos os alunos retornaram à aula e esperaram pelo professor de química.
Para o primeiro dia de aula era um pouco exagerado passar um trabalho em grupo. Em nossa sala havia quarenta alunos, seriamos divididos em cinco grupos com oito alunos cada.
Embora fosse interessante e mais fácil quando havia mais pessoas, não tivemos a opção de escolher quem ficaria em cada equipe. Por sorte eu, Milena, Enzo e Caíque havíamos sido colocados juntos. O problema era que Bruno, Gabriele, Gustavo e Eduarda estavam na nossa equipe.
Não quero ressaltar que Gabriele já estava se oferecendo para o Enzo e que ele parecia estar gostando disso. Eu, por outro lado estava destratando a ideia de fazer aquele trabalho com tanta gente.
— Vocês precisam montar a fórmula estrutural e molecular de cada uma dessas que estão na folha. — Explicou o professor. — Fiquem atentos com todas as ligações e nomenclaturas. — Aconselhou.
Foi entregue uma folha por equipe e nelas continha 24 exercícios. Decidimos que cada um ficaria responsável por três, ou seja, teríamos que fazer seis atividades cada um.
— Como o trabalho pode ser entregue semana que vem, podemos deixar pronto sexta—feira. — Milena deu sua opinião.
Todos foram a favor com sua ideia, achei que as meninas iriam falar alguma coisa a respeito, mas pareciam aceitar sem nenhuma objeção o que pedíamos.
— Não é ótimo? — Bruno perguntou—me do nada.
— O que?
— Estamos nos tornando amigos. — Explicou.
— Quando você chegou nessa conclusão? — Perguntei, dando uma piscada para ele.
— Por que é tão dura comigo? — Perguntou como se fosse o menino mais inocente da face da terra.
— Não estou sendo dura. — Contei. — Só estou sendo eu mesma. — Expliquei.
Por azar a última aula seria educação física e teríamos que participar. O uniforme que nos foi dado estava no vestiário, onde poderíamos nos trocar.
— Espero que esteja limpo. — Ouvi Gabriele sussurrar para Eduarda.
— Isso é coisa de menino. — Eduarda torceu o nariz.
Não era necessário ficar ali dentro ouvindo algo desnecessário naquele mento. Quando nós sentamos em um círculo formado no meio da quadra, o professor nos orientou sobre o primeiro esporte que iríamos praticar no ano.
— Normalmente início o ano pelo vôlei para incentivar as meninas. — Algumas pessoas riram com o seu comentário. — Irão me entender quando formos jogar futebol e basquete. — Explicou. — Não quero desculpas sobre estar com cólicas ou dores porque não funciona mais. Podem perecer que sou velho e bem preparado com adolescentes[...]
No início não fizemos nenhum exercício. O professor Ronaldo nos explicou como funcionava sua matéria e sobre as provas e trabalhos que eram necessário pelo menos dois por bimestre. Não era algo que precisávamos nos preocupar, mas deixou claro que não nos daria moleza.
— Quero que as meninas vão para atrás daquela linha. — Apontou para frente do gol. — E os meninos para o outro lado.
Ficamos um de frente para o outro. De fato, a turma era bem distribuída, 20 meninos e 20 meninas. Ou seja, era como se estivéssemos em "casais".
Para as meninas o professor entregou uma bola de vôlei, os meninos ficariam responsáveis por segurá—la e devolvê—la quando jogássemos.
A primeira parte seria treinar o saque. Mamãe sempre me fez jogar de tudo um pouco, até futebol precisei aprender já que meu pai não teve nenhum filho homem.
— Muito bem meninas. — Nos elogiou.
Embora muitas meninas ainda não tivessem o controle da bola, outras pareciam fazer treinos diários de tão perfeitos que seus saques saíam.
— Agora é a vez dos meninos. — Pediu e imediatamente joguei a bola para Bruno.
Sim, ele fez questão de fazer dupla comigo. Não que eu me importasse, afinal ele estava do outro lado da quadra e não precisava me incomodar com suas piadas sem graça.
A aula acabou depois de 50 minutos e estava cansada. Meus braços e mãos doloridas, pedindo por sacos de gelos. Fomos ao vestiário para que pudéssemos tomar banho e trocar de roupa.
— Você viu a maneira que Enzo me olha? — Gabriele perguntou para Eduarda, deixando—me um pouco raivosa.
— Deveria investir nele. — Sua amiga sugeriu.
— Será? — Gabriele parecia com dúvida. — Ainda sinto algo pelo Bruno.
Então, ela era a Gabriele que foi a número um da sua lista? Milena me olhava inconformada por cima da parede que nos separava enquanto tomávamos banho.
— Não mereço escutar aquela nojenta falar do meu melhor amigo. — Revirei os olhos em sinal de desaprovação.
— Você acha que Enzo ficaria com ela? — Perguntou, deixando—me sem resposta.
— Espero que ele não faça isso. — Expliquei. — Não faz nem três dias que estamos aqui.
Todo o treinamento do saque me fez sentir fome. Em busca de um refeitório aberto, nos deparamos apenas com as máquinas de doces e alguns salgados para serem comprados.
— O engraçado é que minha mãe quase não me deu dinheiro. — Reclamei.
— Vou optar por besteiras. — Apontou para as máquinas.
As barras de cereal estavam sendo vendidas por R$ 0,50, o que era bastante barato comparado com o preço que é vendido em outros comércios.
Não encontrei Enzo, Caíque e muito menos Bruno no caminho. Estava cansada e precisava começar a fazer o trabalho de química. Mesmo sabendo que faltava uma semana para ser entregue, não gostava de deixar nada para a última hora.
— Sábado teremos a festa de boas vindas. — Milena explicou, olhando um papel dentro de um envelope. — Mandaram convites.
Seria muito mais fácil e mais barato se eles tivessem informado nas salas de aulas, mas parece que dinheiro não era o problema.
Uma parte bem clara em baixo do convite explicava que não seria vendido nem permitido o uso de bebidas alcoólicas.
O bom é que éramos as turmas do primeiro ano e tudo era novo para nós.
Nosso quarto ainda não tinha nada de interessante, mas sabíamos que poderíamos enfeitá—lo. Alguns quartos, como meus pais contaram haviam sofás e televisões.
"Como está a melhor amiga do mundo? Será que esqueceu do seu amigo mais lindo do universo?"
Como sempre Enzo sendo convencido, mais principalmente lembrando de mandar uma mensagem simples, mas que me deixava feliz.
"Estou bem cheiroso e você? Nunca esquecerei, você sabe."
Nós tínhamos à nossa maneira de nos comunicar e de nos tratáramos com carinho. Eram vários os apelidos separados apenas para o nosso uso.
"Você deveria dormir comigo novamente."
Muitas vezes fantasiava suas mensagens, achando que teria segundas intenções em suas palavras.
"Não abuse da sorte. Estou me sentindo bem hoje."
Não que eu estivesse lhe dando um fora de amiga, só que hoje acordei melhor, não tinha motivos para chorar. E poderia muito bem dormir sozinha em minha cama.
— Já está dormindo? — Milena perguntou, despertando—me dos meus pensamentos.
— Ainda não. — Respondi.
— Boa noite e para de pensar nele.