♰ Capítulo •⋅⊰ 2 ⊱⋅• Londres e um chá ♰

988 Words
✠ A V I S O • I M P O R T A N T E ✠ ♰ Essa obra está repleta de gatilhos e trata sobre depressão e pensamentos suicidas, assim como críticas religiosas e situações fantasiosas ♰ ♰ •⋅⊰ 2022 ⊱⋅• ♱ 61 dias para o fim do mundo... ♰ Despertar. verbo 1. regência múltipla fazer sair ou sair do sono, do estado dormente; acordar, espertar. "o ruído despertou a criança" 2. transitivo indireto bitransitivo e intransitivo fazer sair ou sair do estado de torpor ou de inércia; fazer readquirir ou readquirir força ou atividade; espertar. "d. de um devaneio" Caso procure no dicionário ou no google, esse será o significado mais próximo que qualquer um irá encontrar. Falam que se desperta quando seus olhos se abrem e seu cérebro retorna ao funcionamento comum, mas e se você considerar isso apenas como um inferno pessoal? Esse era o tipo de pensamento que Liene costumava ter constantemente. — Por que? O lugar era escuro – provavelmente graças a iluminação quase inexistente e a falta de janelas. Recostado em uma grande escrivaninha de madeira escura, estava a figura que certamente qualquer mortal temeria. Cabelos na altura dos ombros, repicados, bagunçados; ondas tão revoltas quanto as ondas do mar. Olhar afiado, quase felino e lábios rosados em um rosto delicado e elegante. O demônio jogou a cabeça para o lado como se houvesse escutado a coisa mais divertida do seu dia. — Que pergunta boba, sweetie — seus lábios arquearam-se para cima de forma sedutora — demônios trabalham com contratos, nunca ouviu sobre isso? A garota suicida se sentou na cama – que agora conseguia ver com clareza, além de grande era bem extravagante –, ela podia sentir. Seu corpo ainda era seu, suas mãos ainda eram frágeis, ainda possuíam as mesmas cicatrizes, as marcas. — Então... esse é o inferno? — Perguntou fitando o demônio. Não era como se alguma coisa realmente fosse mudar, no fim – ela estivesse no inferno ou não –, ao menos não teria mais que os ouvir, não teria mais que... sentir. O demônio por sua vez, riu. — O inferno? Não, sweetie — ele caminhou em direção a única porta existente naquele cômodo e sem sutilezas a abriu — estamos na Inglaterra, particularmente, eu prefiro o clima inglês ao infernal. O tom de sarcasmo em sua voz fez Liene se questionar se no fim, aquele demônio não estava apenas brincando com sua alma. O que ele pretendia? Dar a ela esperanças e então as destruir? Seria um ótimo jogo – ela tinha que admitir. Ele seria esperto, mas... isso realmente funcionaria com ela? Não era como se restasse algo que Liene realmente desejasse; nada além do descanso eterno. — Inglaterra? Meu inglês é horrível — ela disse então, jogando o corpo para fora da cama. O demônio então estalou os dedos duas vezes e uma enxurrada de informação invadiu sua mente; “Eso fue doloroso, ten cuidado con lo que haces”, então “stultus daemonium”. “Ho la testa troppo stordita... nemmeno il rum mi ha lasciato in questo stato”. “Ah... la douleur. Mon corps ressemble maintenant à une poupée de station-service”. “What the f**k!!” — Che diavolo hai fatto? — Ela exclamou com irritação e então se deu conta após a risada do demônio – ela estava falando em italiano. — Idioma errado, sweetie — ele respondeu com um tom brincalhão enquanto subia as escadas que ficavam em frente a porta — vamos, preciso de um chá da tarde para começar meu dia de forma descente. A boca de Liene se abriu e ela estava pronta para xinga-lo e protestar, mas a ideia de tomar um chá inglês sobre um céu nublado a pareceu bem mais tentadora do que continuar ali. O que ela poderia perder? Ela estava morta no fim das contas. A garota então se dirigiu a porta e por um momento, se colocou parada em frente a um dos grandes espelhos espalhados pelo quarto. Seu semblante continuava igual – sem graça, pálida. Cabelos negros demais, olhos castanhos, comuns; braços finos, pernas finas. Ao menos agora havia uma diferença – no lugar das roupas sem graça que normalmente usava, havia uma calças justa, coturnos nos seus pés e uma camisa de manga longa e solta. Haviam tantas falhas naquela camisa que a tornava interessante. Uma mistura de cinza e preto, rasgada no final e com pequenas estrelas de metal presas as mangas. Talvez... – Liene pensou e antes que conseguisse finalizar seu pensamento, se interrompeu. Não valia a pena – agora ela era apenas um fantasma. Uma alma. Se apressou para seguir o demônio escada a cima e quando ele enfim saiu da frente e caminhou para o lado, Liene deparou-se com as ruas de Londres, calmas para uma cidade turística. Não havia sinal do sol – apenas nuvens cinzentas pintando o céu londrino. A arquitetura parecia prestes a leva-la para livros de 1800. Por um momento – Liene esqueceu-se sobre como viver era difícil, sobre como era sufocante. Apenas um momento, afinal, segundos depois do seu impacto inicial o demônio cantarolava enquanto se sentava a uma mesinha em um pequeno café aberto. — Afternoon Tea, please — o demônio pediu e um mordomo que parecia habituado ao homem de aparência anormal – apenas sorriu abertamente e disse que logo o serviria. O demônio então a fitou, um olhar sugestivo brincando pelos olhos que tanto se assemelhavam a uma pedra recém-lapidada. — Vai ficar aí parada, sweetheart? Não me entenda m*l, você seria uma bela escultura, mas não prefere tomar um chá da tarde com uma bela companhia? •⋅⊰ ♱ ⊱⋅• ♰ Apocalipse • 1 3.Feliz aquele que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que nela está escrito, porque o tempo está próximo. ♰
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