Fiquei ali, parado, e os olhos fixos no nada. A sala estava mergulhada em silêncio, exceto pelo som dos meus próprios pensamentos martelando sem parar. O tapa que Helena me deu foi só mais um sinal — talvez o mais claro — de que ela já não me enxergava mais como antes. Não havia mais vestígios de carinho no olhar dela, só frieza, julgamento, um desprezo que parecia me atravessar como uma faca. Me sentei no sofá, afundando no estofado como se o peso do mundo tivesse caído sobre os meus ombros. O gosto amargo da realidade me invadia pela garganta. Eu a tinha em casa, sob o mesmo teto, mas era como se ela estivesse a mil quilômetros de distância. Eu poderia cercar a casa inteira, colocar seguranças em cada canto, mas nada daquilo traria Helena de volta pra mim. Não de verdade. Victor me man

