A porta do quarto dela bateu com força no andar de cima, ecoando pela casa como um trovão. Fiquei ali, parado no meio da cozinha, sentindo a pele do meu rosto latejar, mas o que doía de verdade era o peito. O silêncio depois daquilo era tão ensurdecedor quanto o tapa. Era como se tudo estivesse implodindo por dentro. Eu me joguei na cadeira onde ela tinha se sentado antes, enterrei o rosto nas mãos e respirei fundo. Tentei conter a raiva, o desespero, o nó na garganta. Eu não queria ter falado daquele jeito, mas também... como segurar tudo aquilo que estava me corroendo há dias? Era como viver com uma faca cravada no peito, cada gesto dela, cada palavra, cada desprezo, era como torcer mais a lâmina. Depois de alguns minutos ali, no escuro da cozinha, levantei. Caminhei pela casa como um

