— Nicolas… você já sentiu medo de ser descoberto? — a pergunta da terapeuta veio baixa, tranquila, como se não fosse um soco direto no estômago. Eu desviei o olhar. As janelas da sala estavam abertas, a brisa balançava as folhas de uma planta decorativa perto da porta. Eu fingi observá-la, tentando parecer distante, mas por dentro... eu fervia. — Isso acontece com pessoas que têm segredos — completei, finalmente, com um sorriso cínico nos lábios. Aline não retribuiu o sorriso. Só esperou. — Eu tô tentando melhorar — continuei, mais para mim do que pra ela. — Tô tentando ser o homem que a Helena acredita que eu sou. — E quem ela acredita que você é? — Um homem bom. Um homem que foi moldado pelas dores, que teve uma vida difícil, mas que ainda tem salvação. Ela fez uma anotação lenta.

