A noite estava densa, o céu coberto por nuvens que pareciam tão carregadas quanto minha alma. Cada batida do meu coração era um lembrete de que Helena estava, enfim, segura — mas por quanto tempo? A guerra estava longe de acabar. Aquela era apenas uma vitória provisória, um respiro antes do próximo ataque. Helena dormia no quarto ao lado. O quarto que preparei para ela assim que voltamos para a fazenda. O lugar que um dia ela rejeitou, que amaldiçoou, agora era seu refúgio. Mesmo cercada por segurança, havia medo em cada gesto, tensão em cada olhar. Ela dormia, mas não descansava. E eu, tão acostumado à escuridão do mundo, me sentia pequeno diante da dor dela. Desci para o escritório, onde Victor me esperava com um envelope preto em mãos. — Acabamos de receber isso. — Ele largou o envel

