O sol entrava tímido pelas frestas da cortina da sala quando acordei no sofá, com o som abafado da Helena batendo louça na cozinha. O cheiro de café fresco invadia o ambiente, junto com o som do rádio baixo — ela sempre colocava alguma estação que tocava bossa nova ou MPB clássica nas manhãs de sábado. Eu fiquei ali, deitado, com a cabeça afundada na almofada e um sorriso i****a nos lábios. Aquilo, aquele tipo de silêncio com som de casa, era algo que eu nunca soube que precisava. Me levantei, ainda meio grogue, e fui até a cozinha. Ela estava de costas, com o cabelo preso de qualquer jeito e vestida com minha camiseta azul-marinho, que nela virava um vestido. — Bom dia, meu caos — falei, com a voz rouca de sono. Ela se virou, arqueou uma sobrancelha e jogou um pano de prato em mim. —

