Os dias passavam devagar, como se o tempo finalmente tivesse aprendido a nos respeitar. Depois de tudo que vivemos — o caos, o silêncio, o quase fim — a rotina parecia uma dádiva. E não aquela rotina cansada, repetitiva, mas uma rotina viva, cheia de detalhes pequenos que só fazem sentido quando se está com alguém que se ama de verdade.
Acordar com Helena se espreguiçando ao meu lado era o primeiro sinal de que o dia ia valer a pena. Ela tinha essa mania de fazer um barulhinho engraçado quando acordava, como um gato manhoso, e depois se virava pro lado com o rosto meio amassado de sono, me olhando com os olhos semicerrados.
— Você sempre fica me encarando dormindo? — ela murmurava, ainda sem abrir os olhos direito.
— Claro. É o único momento em que você não discute comigo.
Ela dava um
