Pontos de vista

1421 Words
Estamos nos anos 2000, a modernidade do presente, os avanços do futuro e as filosofias do passado estão em constante confronto, sejam na moda, nas roupas, nos carros, lares, livros, escolas e afins. O Bug do Milênio acabou de acontecer e todos pensam nos carros voadores da saga “De volta para o futuro”, em novas potências mundiais e na baixa do dólar. O real acabou de ser inventado e vem dando certo, mas o olha só como são as coisas, o que realmente não mudou foi o consumismo e a falta de dinheiro que arruína sonhos e esperanças. Oliver claramente é de uma família que tem certo dinheiro, mas seu pai esbanja das mais diversas formas. Christopher vem de uma família que dinheiro e como o suor, aparece até sem querer. Mas Anne? Vem de baixo, tem que lidar com muitos problemas e questionamentos sérios enquanto busca tempo para estudar e sonhar, bem como fazer e acontecer. — Filha? — Sim mãe! — respondeu Anne. Ela saiu de seu quarto onde lia “O Ato de Escrever”, um livro pedagógico sobre escrita. Anne foi até a sala onde sua mãe estava se arrumando para sair. — Vou passar o dia fora, preciso trabalhar, ok? Tome cuidado e cuide de casa pra mim. — ordenou. — Pode deixar. Sua mãe lhe deu o seu tradicional abraço e um beijo na testa de nossa protagonista. Ao sair, apagou o seu paninho rosa do bolso e tossiu. Era aquela tosse seca, sem catarro que ardia e cortava a garganta. Era a chamada “tosse de cachorro”. Nossa personagem possui uma doença que ainda não sabe, mas pela falta de tempo e dinheiro para o tratamento, continua trabalhando e se expondo a seja lá o que, a fim de ter o que comer no final do mês e poder conseguir oferecer o de melhor para sua filha. Contudo, as idas ao médico ficam cada vez mais distantes. — Mae? Tá tudo bem? — Não é nada, isso é falta de dinheiro, se eu tivesse dinheiro, não estaria doente. — brincou. Anne sorriu e se despediu. Ela sabe que sua mãe só pensa nisso, ela praticamente vive sem sonho, coloca todas suas esperanças na sua maior riqueza, sua filha. Anne é quem recebe todo o fardo de ser alguém melhor, mais inteligente, realizada, com filhos, um bom marido e acima de tudo, DINHEIRO. Essa época é sem dúvidas o auge do capitalismo antigo. As críticas ao capitalismo compreendem, de modo geral, posicionamento direcionado a aspectos particulares ou gerais acerca do sistema capitalista; os opositores dirigem críticas sobretudo aos modos de produção e efeitos do sistema na sociedade. Ou seja? Quem tem muito, continua com muito e quem tem pouco, vai sempre ter pouco. A desigualdade social tende a crescer e Anne, que não é boba, sabe muito bem disso. Ponto de vista de Anne. Já deixei adiantado toda a louça, vou comer miojo para economizar na comida e não zonear as coisas. Quando minha mãe chegar, esquento a janta de ontem como se fosse o almoço de hoje e está tudo certo. — Anne retornou ao seu quarto abriu o livro “O Ato de Escrever” e voltou a anotar toda a jornada do herói. Preciso anotar isso, e isso. Tem aquelas partes do início também, não posso deixar isso em branco. Tenho certeza de que se eu for boa na teoria, a prática será muito mais fácil. Se eu conseguir criar histórias cativantes, terei oportunidades de roteiros, séries, novelas e um mundo à fora. Quero viver disso, de criar universos e mundos que encantam, além do que, ter muito dinheiro não é problema algum. — Anne voltou ao início e releu uma anotação numa das páginas, apenas para anotar mais uma vez o que pensou numa nova folha. Meu desejo é escrever uma história que fosse uma alegoria ou fábula sobre a sociedade capitalista atual, algo que retratasse uma competição extrema, algo como ‘a competição extrema da vida’. Mas quero usar o tipo de personagem que conhecemos na vida real. Muito embora, um amor bem dado não se n**a. Vou escrever um romance mais cotidiano, mais pé no chão, sem aqueles CEO bonitões que esfregam seu dinheiro nas mocinhas, tão pouco a garotinha que transforma o homem errado para o marido certo. A princesa enfrentará o dragão se se salvará sozinha em meus livros. — Anne se deitou de bruços na cama e voltou a escrever enquanto o tempo passava.   Quebrando o ponto de vista de nossa protagonista, cruzando algumas ruas à dentro do Centro da Cidade Maravilhosa, encontramos uma emblemática briga entre os pais de Oliver que simplesmente não liga mais para o que acontece em casa e trata de resolver seus próprios problemas sozinho.   Ponto de vista de Oliver. Eles estão discutindo de novo. — Oliver saiu do banheiro em direção à seu quarto e bateu a porta com raiva. Meu pai chegou tarde mais uma vez, normal, minha mãe já poderia ter normalizado as traições do meu pai. Já que eles não estão ligando muito pra mim, acho que essa é uma boa hora para estudar um pouco de música. Queria pedir algumas dicas ao velho, mas ele está mais preocupado com o decote das assistentes de palco e dançarinas do que com os meus pedidos. — Oliver se sentou numa escrivaninha em seu quarto, abriu uma gaveta, puxou algumas anotações com notas musicais, bem como colocou os fones de ouvido e abriu vídeos de seu pai tocando. Tenho certeza que sou autodidata igual meu pai e que conseguirei ser ainda melhor que ele. — Oliver chega à ouvir os berros da mãe para com seu pai e o carro dele saindo cantando pneu.   Seu ponto de vista é quebrado pela própria mãe entrando descontrolada em seu quarto. — MAS O QUE É ISSO? — Oi? — Oliver se assustou com o descontrole dela. — Está estudando música? Quer ser como o porco do seu pai? Seu i*****l! Sua mãe simplesmente apanha a folha que tinham as notas musicais escritas e amassou, bem como puxou o computador da tomada. — Vai ficar de castigo pra aprender a não ser um b****a i*****l. — e bateu a porta. Oliver ergueu a cabeça, respirou fundo e deu o seu melhor sorriso que uma pessoa quebrada consegue dar. “Ela jogou a sua própria incompetência em mim mais uma vez. Tudo o que eu queria era crescer e sair de casa”. — pensou.   Saindo desta zona da Cidade, cortaremos muitos bairros até o bairro de Christopher, que acabou de chegar em casa e viu seu pai agarrando uma belíssima loira no sofá da sala. — É o seu filho! — sussurrou a loira tentando se esconder na coberta que estava jogada sobre eles. — Deixa comigo. Seu pai se desvencilhou da loira do sofá e correu até Christopher. — Eu não vi nada, pode deixar pra lá. Seu pai coloca a mão no bolso de trás, sacou a carteira e lhe deu alguns euros. — É pra você realmente deixar pra lá. — sorriu. Christopher o encarou com raiva. — Pai... — Já sei, é muito pouco, não? É que eu realmente não me acostumei com o lugar, não sei como é o câmbio ainda. — ele apanha mais algumas notas e entregou á seu filho. — Não é isso, é que estamos no Brasil, lembra? Não usamos euro aqui. O homem pôs a mão no rosto, rindo de nervoso. — Como sou distraído, ainda bem que é você que me pega e não a sua mãe. — ele volta e apanha algumas notas altas de real e entrega ao seu filho. — Fique com os euros também, troque numa cada de câmbio e deixemos isso pra lá. Ele voltou ao sofá enquanto Christopher caminhou para fora de casa.   Ponto de vista de Christopher. Tenho certeza que minha mãe sabe disso tudo, mas deixa pra lá, só pra usar o dinheiro do meu pai. Eu não quero uma família assim pra mim, quando crescer, não casarei com minha prima, apenas para traí-la com uma outra prima, isso além de errado, é nojento. Será que os três brincavam juntos quando eram crianças? QUE NOJENTO!   Nem todo mundo tem uma vida fácil, mas escrever certo por linhas tortas é a especialidade de Deus, e acredite, os três terão futuros completamente diferente do que imaginam ter. Pode continuar com a leitura e voltar aqui para me cobrar.

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