capítulo 1; encontro as cegas.
KATHARINA XAVIER:
Assim que chego da cidade, dona Lúcia avisa que meu irmão está me esperando no escritório.
— o que ele quer? — questiono retirando meu ténis, e encarando o sofá com desejo. — estou tão cansada, se for uma pegadinha dele, juro que hoje ele vai pro saco.
— não sei, mas parece ser algo serio. — avisa preocupada. — Sebastian estava muito pensativo, e passou a tarde inteira conversando com o Máximo.
Faço uma careta quando ela cita o i****a do Max. Eu odeio aquela peste, so em ouvir seu nome, minhas mãos ja coçam para querer socar seu rosto bonito. Se eu alcançasse aquele poste, é claro.
— então vou logo vê-lo. — caminho descalço sobre o piso frio de madeira, relaxando meus pés cansados.
Após bater na porta, entro devagar, e vejo meu irmão desanimado. Ele é um cara muito bonito, ruivo alto e que sempre está fazendo todos rir.
— por que está triste maninho? — me sento nas suas pernas e o abraço.
— estamos com problemas. — bota a cabeça no meu ombro, parecendo exausto. — a hipoteca da fazenda venceu, temos 15 dias para pagarmos ou sairmos.
Encaro ele assustada, sei que Sebastian gosta de me proteger de certos problemas, porém somos uma dupla, e temos que batalhar juntos, sempre.
— mas não podemos deixar que o banco tome nossa fazenda. Será que conseguimos um empréstimo no meu nome? — me sento sobre a mesa, e encaro meu irmão preocupada.
— não. Encontrei com o gerente do banco mais cedo, e ele disse que mesmo você tendo emprego fixo, ser professora não é algo que garanta o pagamento de um valor tão alto. — da um sorriso cansado, antes de jogar sua cabeça para trás, apertando as têmporas. — não sei o que fazer maninha, mas a crise afetou de cheio a fazenda, gastei até nossas economias, porém não consegui recuperar.
— temos a herança da vovó. — digo incerta, chamando atenção de Sebastian.
— você só terá direito a herança, se casar Kathe. — me encara de modo serio. — e que eu saiba, você não tem um noivo. — revira os olhos, me deixando irritada.
Minha avó era uma senhora de modos bem tradicionais, e deixou-me uma bela herança, porém só terei acesso, quando me casar. Tenho apenas 24 anos, e adoro s**o sem compromisso, definitivamente casar ainda não está nas minhas metas, todavia se for preciso fingir um casamento, até receber minha herança, e salvar a fazenda, com certeza não pensarei duas vezes antes de tentar.
— não, mas posso consegui um. — sorri enigmática, e ele me olha assustado.
— e lá vamos nós se enfiar em mais uma furada, patrocinada pela senhorita Katharina Xavier. — dramatiza levando a mão ao peito.
— não fala assim! — faço bico indignada, e Sebastian começa a rir. — para seu chato, quem escuta até imagina que sou uma destrambelhada. — ele gargalha com vontade.
— e não é? — debocha secando as lágrimas.
— claro que não. — chuto para acertar sua perna, e acertando a cadeira no caminho. — aiii... meu dedinho. — sinto lágrimas encherem meus olhos, e meu mindinho latejar.
— bem feito. — Sebastian pega meu pé, e coloca no seu colo, começando a massagea-lo. — você é destrambelhada, mas mesmo assim, ainda te amo. — o ruivo sorri carinhoso para mim.
— você é fofoqueiro e dramático, porém não vivo jogando isso na sua cara. — ele arqueia uma sobrancelha com deboche. — talvez algumas vezes, mas a culpa é sua por querer ser tão perfeitinho.
— o que você pretende fazer Kathe? — meu irmão questiona preocupado.
— amanhã, você saberá. — dou uma piscadela. — não se preocupa.
— que Atena nos proteja! — resmunga, e o olho incrédula. — não confio em você Kathe, a última vez que disse que me ajudaria, mandou dois peão para o hospital, e o relâmpago esta mais para choque, de tão assustado. — reviro os olhos para seu exagero.
— seu cavalo e um medroso, e não é como se eu tivesse culpa, do trator ter andado sozinho. — dou de ombros, fazendo pouco caso.
— você esqueceu-se que ele andou sozinho, após você deixá-lo ligado e destravado?! — questiona sarcástico. — o relâmpago tem pesadelos com o trator até hoje, e só quer ficar escondido na baia.
— não disse?! Um medroso. — insulto, e meu irmão me encara duvidoso.
Passamos um tempo discutindo sobre de quem é a culpa do fim do mundo, porque se ele acabar hoje, ou a culpa é minha ou da Katharina.
...
— KATHARINA!!!!... — acordo de um susto, com os gritos do meu irmão. — você está doida?! sua peste. — invade o quarto, carregando um jornal.
— não sei. Estou? — murmuro ainda sonolenta.
— que c****e você tinha na cabeça, de por um anúncio de casamento, no jornal da capital? — questiona indignado, passando as mãos pelo rosto.
— se eu colocasse no da nossa cidade, você sabe que nenhum homem iria querer, então coloquei a rede no mar que é mais fácil. — dou de ombros me levantando da cama.
— tu tá nua desgraçada?! — ele grita cobrindo os olhos. — vou ter pesadelos eternamente.
— já disse que não entre no meu quarto sem bater. — visto um roupão, enquanto ele cobre o rosto com o jornal de folha. — então, o que achou da minha ideia?
— que alguém vai se da muito m*l nessa história. — da um assobio. — e tenho pena do desgraçado.
— melhor ele, que eu não acha?
Deixei bem claro minhas exigências, e meu e-mail para fazerem uma inscrição. Quero exames em dias, e que concorde com os termos do contrato, mesmo sendo um casamento de fachada, seria ótimo que desenvolvesse uma boa amizade, e termos algum envolvimento meramente s****l. Enfim, um casamento com prazo de validade.
...
10 dias depois...
— vai pra mais um encontro? — meu irmão pergunta, me vendo arrumada.
— o 9°, obrigado por perguntar. — respondo sem humor. — preciso que me leve. — peço cansada, e ele assente se levantando do sofá.
— o velho t****o, o fisiculturista, o nutricionista, a médica, o velho t****o 2, o fazendeiro que mediu suas ancas, o gay e a professora de francês tarada, qual será o de hoje? — debocha sarcástico.
— o cara misterioso. — faço uma careta desgostosa. — deixa o telefone perto, caso seja um psicopata.
— coitado se ele escolher você como vítima. — encaro ele incrédula. — desculpa.
— desconfio que o medo que os moradores desta cidade tem da minha pessoa, é graças a esse seu exagero. — reclamo e Sebastian me olha incrédulo.
— não seria por causa dos "acidentes" que você já causou?! Minha amada irmã. — dou de ombros, retirando um fio invisível do meu vestido. — quais são os que tem mais chances? — pega a chave, e me estende o braço, para que sigamos em direção ao carro.
— o rapaz gay, e a médica. — enumero, e lembro do encontro de hoje. — e o cara que ainda não conheço. Não sei pra que tanto mistério.
— será que é algum famoso? — meu irmão me olhou empolgado.
— só se for um famoso trambiqueiro. — debocho, e rimos juntos.
— minha preferida e a médica, assim você ja economiza com hospitais. — debocha da minha cara.
— para Sebastian. — reclamo indignada. — você parece criança, não é como se todos que tocasse, tivesse que visitá o hospital.
— eu não resisto Kathe, não consigo entender, como foi que você conseguiu mandar quatro, dos nove pretendentes para o hospital. — insisti incrédulo.
— só não te mostro como foi, porque não quero ter que cuidar de você no hospital. — ameaço, e ele levanta as mãos em rendição.
— eu te provoco, mas quero que saiba que tenho muito orgulho da mulher que é, gosto de saber que não é indefesa, e sabe se defender desses babacas, que não sabe respeitar uma mulher. — sorri assentindo, absorvendo cada palavra sua com amor.
— obrigado maninho. — agradeço pegando sua mão.
— você ter extraído 4 dentes do velho que pegou na sua b***a, eu entendo perfeitamente, porém colocar colocar amendoim no prato do cara alérgico, foi maldade, poderia mata-lo. — me repreendeu, enquanto olha meus dedos inchados.
— ele disse que eu deveria começar a emagrecer, porque seria estranho um fisiculturista com uma gorda. — respiro fundo, e sorri lembrando da cena. — ele nem percebeu quando coloquei o creme de amendoim, sobre a comida sem graça dele.
— o pênis do outro cara, precisou ser engessado. — meu irmão não segura a gargalhada.
— os médicos devem ter tido um trabalhão, para acha aquele dedo mindinho. — divirto-me, mostrando o dedo. — espero que ele tenha precisado pagar extra, por terem precisado usar o microscópio.
— seu humor hoje esta demoníaco. — gargalhou bem humorado. — coitada da vítima de hoje.
Meu irmão pode está com sérios problemas, mas e o cara mais divertido que conheço. Desde os meus 10 anos que ele é meu responsável, nossa mãe nos abandonou quando nascie, e nosso pai faleceu de câncer a 12 anos atrás, deixando toda a responsabilidade sobre Sebastian. Assumo que dei muito trabalho para um cara de 18 anos, com mais responsabilidades do que lhe era de direito.
— se não chegar em casa em duas horas, me procure no hospital ou na delegacia. — aviso saindo do carro.
— certo maninha, quer que eu entre com você? — n**o veemente. — amo você pequena.
Gosto de resolver minhas coisas sozinha, e apesar de ter sorte para confusão, até que me viro bem.
— até daqui a pouco. — solto um beijo para ele. — também amo você meu gatão.
— se for alguém famoso, tira uma foto com ele antes de danifica-lo. — encarei ele brava, e ele saiu cantando pneus.
— que filho da p**a. — resmungo caminho em direção a recepção do restaurante.
— tem reserva? — a recepcionista pergunta simpática.
— tenho alguém me esperando. — aviso pegando meu celular, e ligando para o bendito, porque não lembrava mais o codinome do desgraçado.
— olá?! — uma voz grossa, famíliar, diz assim que atende.
— já estou no restaurante, e esqueci seu nome. — conto apressada.
— certo. — responde e desligo em seguida.
Logo um garçom chega e pede para que eu lhe acompanhe, quando chego até a mesa, levanto meu olhar e encontro quem me espera, sinto a raiva subir nas veias, meu coração acelerado, e uma vontade incrível de vê-lo sangra até a morte, enquanto o fodo.
Complicado? Demais!
— boa noite Kathezinha. — o sarcasmo escorre nas palavras doces. — você está linda. — desliza seu olhar por todo o meu corpo, voltando ao meu rosto em seguida.
— boa noite cara de p**a mau paga. — respondo puxando a cadeira, e me sentando, já que ele não teve nem o trabalho de fazer.
Se bem que se o Max puxasse, eu desconfiaria.
— tão delicada quanto um grupo de motoqueiros bêbados. Quando casarmos, vou lavar sua boca com sabão. — pendo minha cabeça para o lado, e dou um sorriso perverso.
— quando casamos, terei que ser internada em um hospício, porque somente louca, aceitaria passar mais que alguns minutos da minha vida próxima a vocês. — respondo sorrindo, enquanto pego sua taça de vinho intocada, e trago para mim.
— você esta desesperada pra casar, sou eu, ou o velho t****o?! — gargalha, e o encaro seria. — o delegado contou a toda a cidade. — reviro os olhos com tédio.
As fofocas aqui correm como água, e eu sou o alvo preferido, graças a minha interminável guerra com o homem sentado a minha frente.
— no encontro de hoje ninguém vai para a delegacia, e sim um para o necrotério e outro para fora do país, assim esse delegado fofoqueiro do c*****o, não vai ter o que falar. — aviso sorrindo perversa.
— não sabia que estava morta, se bem que é muito tentandor quebra seu pescocinho. — junta as mãos pensativo, e o garçom chega servindo os pratos. — ja havia escolhido. — justifica, e levanto meu dedo do meio para ele.
— não vou comer isso. — aponto para a bela lasanha, cheirosa, maravilhosa e gostosa. — não gosto.
— te conheço diaba ruiva, é claro que você gosta. — da de ombros. — se não gostasse, não manteria seu r**o enorme e gostoso. — diz com a maior cara de p*u.
Senhor pai deu-me paciência, mas não o suficiente para aguentar Máximos Casteline. Oh, i****a insuportável.
— você e tão b****a. Isso é falta de homem que te f**a direito. — vejo sua face ficar vermelha.
Amo irrita-lo!
— esse seu mau-humor demoníaco e falta de macho que te coma direito? — tenta me irritar, porém apenas afirmo, deixando ele de boca aberta.
— você tem razão Máximo. Quando eu achar um que dê conta do recado, talvez meu humor melhore. — sorri de lado, vendo sua raiva.
— posso fazer isso por você. — sorriu s****o, e reviro os olhos para ele.
— você sabe que não tenho um p*u, não é? — aviso com sarcasmo. — mas acho que tenho uma cinta, e talvez possa usar, ou chame mais alguém, e os dois ficaram satisfeito.
— demonia do inferno, ainda vou te f***r com tanto gosto, que vai ficar sem sentar por uma semana. — ameaça e o encaro, antes de gargalha.
Isso seria um sonho meu de adolescente, agora um desejo de adulta, do qual não irei realizar, por que essa desgraça, fala essas coisas apenas para me irritar.
— o que você queria? — questiono enfiando o garfo cheinho de lasanha, na boca.
Onde está sua etiqueta Kathe? Não sei, isso é lasanha!
— não é o que eu queria, e o que você quer. — me encara serio, e devolvo da mesma forma. — vou casar com você.
1.2.3... ele não disse que estava brincando, então começei a rir como uma hiena maconheira.
— você esta ficando bom com piadas. — seco as lágrimas que escorrem. — então, o que você queria mesmo?
— casar com você horas. — diz começando a irritasse.
— sorte a minha que tenho mais opções. — dou de ombros, continuando com minha lasanha. — prefiro o velho t****o ou a médica, na verdade eu prefiro qualquer um, a você.
Eu e Max somos como óleo e água, não se misturamos. Sempre que estamos próximos "acidentes" acontecem. Eu sou má, e ele também.
— imaginei que diria isso. — pega uma pasta, e estende em minha direção. — leia querida. — da um sorriso que me faz tremer na base, e querer soca-lo ao mesmo tempo.
Observo o papel, e sinto meu estômago contrair. Não acredito que ele fez isso. Conto até 10, ate 20. Não consigo segura, aperto o garfo com força, e em um movimento rapido, escuto apenas o grito do filho de uma p**a.
— desgracada! — sorri para ele, após te-lo acertado, com menos força do que eu queria em seu braço. — maldita! — chinga olhando o furo na camisa social branca. — peste ruiva. Você vai me pagar.
— deveria ter acertado na sua jugular, assim me livraria de você de uma vez, afinal casar com você, ou ir para a cadeia, não vai ter muita diferença. — deixo minha raiva transborda.
— estou fazendo isso pelo bem de vocês, e casar comigo e o sonho de muitas mulheres, e você está tendo essa oportunidade. — vagloriasse me olhando calmo.
— pós vá você e essas várias mulheres tomar no cu Max, você pagou a hipoteca por que quis, e nada me obriga a casar com você. — aperto minha unha contra seu peito, e ele a segura minha mão, beijando rapidamente.
Desgraçado!
— calminha querida, esse estresse todo não te fará bem, apesar que você brava e a versão mais bonita. — suspirou me olhando em contentamento, me fazendo ficar ainda mais irritada.
— você não tem vergonha seu desgraçado?! Finge que é amigo do meu irmão, e na primeira oportunidade você toma a nossa fazenda? — rosno irritada, jogando os papéis na sua cara.
— sou amigo dele, e é exatamente por isso, que fiz o que fiz. — da de ombros, enquanto mantém um sorriso calmo nós lábios. — agora você irá casar comigo, e em um ano devolverei a fazenda a vocês.
— que f**a-se a fazenda, não vou casar com você. — levanto da mesa de supetão. — você e um maldito desgraçado, eu odeio você.
— por enquanto. — sorriu enigmático.
Ignoro esse b****a, saindo muito irritada do restaurante. Sei que sempre trocamos ofensas, pegadinhas das piores formas, mas ele fazer isso, e tentar me obriga a casar, foi demais. A sete anos atrás, se isso acontecesse eu acharia um ato "romântico", mas hoje conhecendo o Max, sei que ele está aprontando.
Ligo para meu irmão seguidas vezes, sem que ele me atenda. Nunca tinha ficado tão irritada com o Máximo na minha vida. Já não basta os encontros de m***a que tive durante os últimos dias, esse i****a conseguiu estragar minha noite. Já tentei inúmeras vezes parar com essa guerra que existe entre nós, porém ele procura meios para me irritar, me provocar e tirar minha sanidade, me levando ao extremo.