Capítulo 07

1419 Words
Christian Corrêa    Esse Antony Perion é bem fechado. Estou trabalhando como secretário da Senhora Perion a alguns dias e esse homem até hoje nunca me deu um bom dia. Eu nem ligo muito, estou aqui pra trabalhar.    Às vezes ele fica me olhando e eu me faço desentendido, isso é estranho. Já a mulher dele é totalmente diferente.    Ela é muito de boa, e gostosa, devo admitir... Ela usa saias que me deixa louco. Mas nunca prendo o meu olhar a ela, ela é casada e eu respeito, mas as vezes me pego olhando pra ela.    Hoje é sábado e eu saio cedo, a senhora Perion já foi embora, e eu estou terminando de arrumar a sua agenda para segunda e já vou embora.    Vejo o Antony Perion saindo de sua sala e indo em direção ao elevador, volto a minha atenção para o computador e continuo o meu trabalho. Vejo ele voltando para sua sala. Deve ter esquecido algo.    Termino o meu trabalho e vou para o elevador. Aperto o botão e fico esperando, logo ele para do meu lado esperando o elevador também. Eu não consigo me sentir confortável do lado dele, ele é totalmente fechado e arrogante, ele nem um bom dia diz as pessoas, isso é de uma falta de educação terrível.    As portas se abrem e entramos. Meu celular começa a tocar e eu dou graças a deus. É a Fatinha. - Christian, aonde você está? - Boa tarde para você também, furacão. - Digo. - Tá, tá... Vamos sair pra beber? - Fátima, são duas horas da tarde ainda. - Aí Christian, larga de ser chato. Hoje é sábado. - Tá, pra onde vamos? - Vamos pra Lapa. - Lapa? Sério? - Sim, já saiu do trabalho? - Tô saindo agora. - Está bem vestido? - Sempre. - Então você vai direto do trabalho, beijos. -Ela desliga.  .   Essa menina é louquinha, louquinha. Guardo o telefone no bolso e pelo o espelho percebo que o outro ser no elevador está me olhando. Fico incomodado, mas nada falo.    As portas se abrem e eu sou o primeiro a sair. Vou andando em direção a saída. Antony    p***a, porque a Úrsula fez isso comigo? Merda. Eu nunca troquei uma palavra com esse garoto e estou... Merda!!    Entro no meu carro e dou partida. Quando tô saindo do estacionamento vejo o mesmo em cima de uma moto, ele está botando o capacete. Passo por ele e vou pra casa. Eu vou fuder tanto a minha mulher quando eu chegar, vou descontar toda a minha frustração na b****a dela. ••••    Abro a porta e um pinguinho de gente pula no meu colo. Agarro seu corpinho pequeno e a levanto.    — Papai, você chegou...    — Oi, minha princesinha.. — Dou um beijo em seu rosto. — Cadê a sua mãe?    — A mamãe está na cozinha, ela disse pra Lurdes ir embora cedo hoje, ela disse que ela vai fazer o papa.    — Hum, papa da mamãe é bom. — Caminho com ela no colo até o sofá e me sento. — Princesa, fica aqui vendo desenho que mamãe e papai precisam conversar, ok?    — Tá bom papai. — Boto um desenho que ela gosta, é um monte de pônei e unicórnio, seila. Me levanto e vou pra cozinha.    Paro na porta e fico vendo a mulher da minha vida. Ela está com um vestido curto e descalça, seus cabelos estão soltos e ela está com fones de ouvidos.    Caminho até ela e a abraço por trás. Ela toma um susto.    — Não faz isso, Antony. Quer me matar?    — Eu vou te matar, mas de outro jeito, e o motivo da sua morte é que... — Solto ela e ela se vira pra mim. — Você botou embaixo do meu nariz uma tentação em pessoa, e para o meu desprazer, hoje eu senti uma pontada de ciúmes do mesmo. — Falo ela sorri.    Filha da p**a.    — O plano está indo como planejado.    — Ursula, isso não é brincadeira, eu sou casado, tenho uma filha, o tempo de se aventurar já passou..    — Não é aventura, é sentimento. Só você não ver que toda vez que você olha pra ele, você fica... — Corto ela.    — Não Ursula, não fala...    Esses dias eu passei o verdadeiro inferno.. Ver ele todos os dias já é r**m, pior ainda é ver a minha mulher me provocando, ela fica se debruçando em cima da mesa dele, ela fica passando a mão no braço dele, ela faz questão que eu veja ela o mais próxima possível dele.     Ela sabe que isso mexe comigo.     — Você vai se arrepender de ter me provocado essa semana inteira. — Falo.    — Huum, adoro quando eu tenho que me arrepender.    — Mulher, você é muito safada.    — Safada? — Lulu entra na cozinha. Merda.    — Barata, o papai falou batata. — Ursula fala rindo e eu me seguro pra não rir mais ainda.    — Mamãe, você é uma barata?    — Não amor, seu pai que é um bobo.    — Vem Lulu, vamos ver tv. — Falo pegando ela no colo e indo pra sala.    Me sento e fico pensando...    Minha infância foi ótima, minha adolescência foi até certo ponto. Eu sempre fiquei com mulheres, mas teve uma época que comecei a me interessar por alguns meninos, até que um dia estava em casa com um amigo e eu não sabia que ele era gay e muito menos que ele gostava de mim. Acabou que ficamos e foi bom, eu gostei, eu fiquei confuso mais com o tempo eu entendi que eu gostava tanto de homem quanto de mulher. Eduardo e eu continuamos ficando até que em um belo dia, estávamos na minha casa e começamos a se pegar, sendo que meu pai que vivia viajando chegou mais cedo e abriu a porta do meu quarto e pegou a gente se beijando. Foi o pior dia da minha vida, depois daquele dia minha vida mudou, ele falou coisas horríveis, me tirou da escola e passei a estudar em casa, ele não falava comigo e afastou meus irmãos de mim. Eu tinha dezesseis anos. Quando aquele ano terminou, ele me mandou pra fora do Brasil para terminar meus estudos.    Quando eu voltei, voltei diferente, eu não queria a minha família afastada de mim. Meu pai levou um tempo até ver que eu mudei, e só voltou a ser o mesmo comigo quando eu apresentei a Úrsula a família. Meus irmãos e eu no início não tínhamos uma relação boa porque nosso pai me afastou deles, mas graças a deus hoje somos muitos amigos. Minha mãe foi a única que nunca mudou comigo.    E é por isso que eu sou tão relutante em admitir os meus desejos pelo Christian, em muitos anos eu nunca vi um homem em que chamasse tanta a minha atenção, para falar a verdade desde a minha adolescência. Mas quando eu vi ele naquele dia no elevador, seila, tudo que eu não senti a anos eu senti de uma vez só.    Não vou dizer que o amo. Claro que não. Mas eu o desejo sim. Ele é lindo, ele tem um corpo maravilhoso, ele não é pequeno e nem grande, ele tem o tamanho ideal, ele parece ser focado... Merda, ele deve ser hetero. Com certeza.    Mas o que isso importa?    Quando conheci a Úrsula eu estava em um bar enchendo a cara puto da vida por ter voltado totalmente mudado mas mesmo assim o meu pai não falava comigo direto. Ela sentou ao meu lado e começamos a conversar.    Eu me abri pra ela como nunca tinha feito. Eu disse tudo, eu disse que na minha adolescência eu curtia homens, eu disse o que o meu pai fez, eu disse tudo, eu já estava preparado para os julgamentos mas o que saiu da boca dela foram palavras de apoio e algumas piadas dizendo que adoraria t*****r comigo e mais um cara. Na hora eu fiquei surpreso mas depois eu vi que ela era assim, livre, feliz, decidida.. Antes de se tornar a minha esposa ela foi a minha amiga, ela foi a pessoa que vivia me dizendo que eu não tinha que me esconder de ninguém, que ela estaria ali por mim.    Mas eu nunca mais consegui ficar com nenhum homem. Na verdade eu até pensava que isso foi só uma fase, que nunca mais iria me interessar por outro homem. Até aparecer o Christian.. O cara fudeu meu psicológico....
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