Prólogo

680 Words
Isabella Mendes Fechei minha última mala com muito esforço e dei um suspiro me deitando na cama. — O que você está fazendo aí deitada, Isabella? Estamos atrasadas! — Mariane gritou parando na porta do meu quarto e eu revirei os olhos. — Eu só estava descansando um pouqui... — fui interrompida pelo toque do meu celular. — Vou atender — avisei e ela assentiu de braços cruzados. — Mãezinha linda do meu coração! — Me sentei na cama já me preparando para ouvir um sermão daqueles. — Você está louca, garota? Seu tio acabou de me ligar dizendo que você vai viajar hoje para outro país — Mamãe disse do outro lado da linha, sua voz era autoritária. — Relaxa mãe, só vou ficar um mês fora — eu disse arrancando o esmalte da unha com o dente. — Isabella, nós temos um trato e se você viajar para outro lugar que não seja sua casa, vai estar quebrando esse trato! — Ela respirou fundo, nervosa. — Já faz um ano que você não vem para casa, Isa. — Ah, mãe! Vocês vieram me ver não faz nem dois meses. — Me levantei procurando por meu óculos de sol. — Eu prometo que vou para o Rio nas férias de Junho. — Você não ouse me desobedecer, Isabella, eu estou falando sério. — Ela alterou a voz. — Pega o primeiro voo para o Rio de Janeiro e vem ver a sua família. — Tchau mãe, eu te amo — encerrei a chamada e Mariane me encarou negando com a cabeça. — Você deveria ouvir a sua mãe às vezes. Pelo menos você tem uma. — Não estávamos atrasadas, Mari? — Sorri cinicamente para ela. — Sim, vamos. A Lívia e o William estão se pegando na sala, eca — Mariane disse pegando uma das minhas malas e eu dei risada. — Só vivem se pegando esses dois — murmurei enquanto arrastava minha mala maior pelo corredor até a escada — Chega, pombinhos, hora de irmos — eu disse vendo Lívia e Willian se agarrando no sofá. — Bom dia para você também, priminha — Willian debochou se desgrudando da Liv. — Ah, cala a boca! — Revirei os olhos. — Cadê o tio Alberto? — Lá fora com o Juan — Liv respondeu. — Eu não sei se vocês perceberam, mas estamos atrasados, nosso voo saí em uma hora. — Mari caminhou até a porta e nós a seguimos. ... — Toma cuidado, meu bem, por tudo que é mais sagrado. Não fale com estranhos, nem aceite carona porque... — Tio Alberto segurou meu rosto entre as mãos. — Pode ser perigoso. — Terminei a frase e ele sorriu. — Você sabe que seu pai vai ficar puto, não é? Ainda penso que você deveria ir para o Rio, sua teimosinha. — Tio Alberto suspirou e eu o abracei. — Só se vive uma vez, lembra? — Beijei o rosto dele e sorri ao ouvir meu vôo ser anunciado. — Até mais, tio. — Até, querida, vai com Deus. — Ele acenou. — Meu coração dói por deixar meu bebê aqui. — Lívia beijou William pela milésima vez. — Tenham uma ótima viagem de garotas. — William acenou para nós. Depois da despedida caminhamos até o portão de embarque. Eu sei, era uma loucura o que eu estava fazendo e meus pais iam ficar muito irritados por eu não ir para o Rio de Janeiro nessas férias, mas eles me pressionam tanto com esse negócio de super proteção e família... Que eu só tenho vontade de me afastar! Minha vida é uma farsa, eu pago de rica mimada, mas se soubessem onde nasci e fui criada... Filha do Andro, um homem muito respeitado no morro do Alemão, nascida e criada na favela. Mas não era aquela vida que eu sonhava em ter, eu só queria construir algo diferente dos meus pais, ser mais, conseguir mais, crescer e não ficar presa em uma favela. Eu nunca fui feliz no Alemão e sei que lá não é o meu lugar.
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