Coloco o copo de água com açúcar sobre a mesa e me sento, segurando o copo e bebendo, mas nada podia mudar o agito dentro de mim, enquanto encarava o homem sentado na minha frente, me encarando, como se esperasse que eu tivesse algo pra falar ou fazer em relação a ele, pegar ele no colo e sair correndo? Esquece.
Eu bateria nele, mas minhas mãos não eram pra isso.
Eu sempre pensei em como seria gostar de alguém, um cara que poderia ser alguém maior que uma trepadinha casual, mas não imaginasse que fosse assim, agora entendo toda aquela baboseira apaixonante do amor ser improvável e arriscado.
O meu é assim, gay, apaixonado por um cara que diz não ser gay, mas que se reprime contra a própria vontade, se submetendo a patética cultura hétero e familiar convencional e blá, blá!
Estou chocado, admito.
Ian havia anunciado o noivado, ele realmente iria se casar com uma mulher.
Se o que u disse na revista estava se tornando real em forma de praga, retiro tudo que digo, não quero a infelicidade de ninguém, muito menos de Ian, mesmo ele sendo um i****a e merecendo.
– Então – Tento e a voz não sai. Estou decepcionado com Ian, estou decepcionado com ele na minha porta falando a palavra noivo. – Noivo.
Consigo falar, embora minha cabeça pesa de uma forma imensa e meu coração se esforça para continuar intacto, dói pensar que ele não vai ficar mais um pouco e que vai se tornar um infeliz de m***a.
As vezes o amor te obriga a sentir a partir da felicidade do outro, isso causa uma bagunça.
– Sim, aconteceu ontem – Ian sempre me cativou pelo modo direto de falar, de dar bronca dentro da revista, a maneira dominadora e fiel às suas propostas formuladas, como agora. Ele não decaia no que sentia. Pelo contrário, ele ficava por cima, era esse um dos motivos dele se esconder por tanto tempo, além do status e de toda a faixada.
– Você nem namorava – Minha voz sai seca, como se não tivesse caído a fixa daquela verdade c***l. Mas era verdade.
– Mindi, Mindi Paige – Ficou parado, lembrado da jornalista da coluna econômica da revista. – Estávamos saindo de certa forma, ela conhece minha família e eu a dela, desde muito novos.
– Você fez o pedido?
– Em um jantar que organizei.
– Um dia depois da nossa conversa – Me inclino para trás, perplexo. – Estou sem palavras Ian, você entrou no patamar de burro, pra burro classe 3.
– Não pode falar isso – Dou risada.
– Meu querido, primeiro, estou na minha casa, segundo, eu posso e vou falar, você que me procurou para falar sobre isso. Você vai ser o cara mais infeliz da terra, sabe disso, não sabe? E sobre o que falei, mesmo dando só um exemplo r**m – Ele não fala nada, apenas balança a cabeça de forma descontente. – Dá tempo de reverter, sabia?
– Você não leu?
– O que eu li?
– Está espalhado por todo o lado, o pai dela fez questão junto com a minha mãe. Acabou, se eu sair disso eu entro em problemas, o planejamento está feito.
– Você arruinou sua vida, boa sorte – Eu me levanto, guardando o açúcar no armário. – Espero que resolva esse problema.
– Essa é a questão, como? - Noto o tom de voz baixo.
Bem, aí está sexualidade reprimida.
Algum momento você vai ficar em um beco sem saída. Por isso eu sempre digo, seja você mesmo, sempre.
– Você cuida de uma revista inteira Ian, vai achar a solução docinho – Sinto a ironia, mesmo não querendo, mas sabendo que eu estou puto com a informação. – Mindi Paige também não é tão r**m.
A imagem da mulher soberba vem na minha cabeça, dela sendo sempre certinha, não deixando fora do lugar e sempre ignorando metade da revista, focando em seu próprio setor. Egocêntrica, soberba e...
Pelos céus.
Eu agora começava a ter pena dele.
– Eu não suporto aquela mulher chata Rick!
Como eu ia dizendo.
Insuportável.
Tudo escondido em uma beleza escultural, escultural mesmo, estilo modelete e corpo magnífico.
– Para que esta me contando isso?
– Eu precisava desabafar com alguém que me entende.
– Não entendo desabafo de gente burra, fez isso para não ficar frustrado e provar as coisas pra si mesmo, se continuar fazendo isso vai se meter em problemas, muitos, ai você vai parecer um pombo caindo depois de levar um choque forte na rede elétrica.
– Você pode ser c***l.
– Não como você Ian, vindo na minha porta falar que está noivo de uma mulher que ao menos você suporta, sendo que você também gosta de homens. Sabe, pelo pouco que sei dessa mulher, ela vai fazer sua vida um inferno, parou pra pensar nisso? Poderia ter escolhido a ruiva peituda que finge ser uma secretária e sua p**a dentro da revista, entende?
Ele se mexe, se levantando, andando de um lado para o outro.
– Eu vou explodir! – Ele para perto do balcão, que divide a minha sala do resto da cozinha.
Quase tenho pena. Quase.
Mas burro não atolar na lama por nada, se atola porque é teimoso.
– Desfaça o casamento, volte a sua rotina de antes e pronto, fala que não deu certo.
Escuto a risada dele, baixa e fria.
– Você não sabe como é todos aqueles abutres.
Entendo a referência a própria família, a familiaridade me toca.
– Pare, isso não vai ajudar, eles não entendem você e não precisam fazer isso, apenas você.
– Pra você parece fácil.
– Hoje é fácil, as coisas passam Ian, pare de ser um covarde.
– Eu não sou um covarde!
– Vai casar pra que então? Medo de alguém descobrir seu segredo? Agradar sua família? Me poupe.
– Eu não tenho segredo – Dou risada. – Foi um erro ter vindo aqui – Ele ergue o olhar quando passo por ele. – Eu vou assinar a sua demissão amanhã.
– Perfeito – Ele semicerrou os olhos, a cor verde, por um segundo brilha. – Quer que eu o acompanhe para a porta?
– Está esperando alguém?
– Talvez – O entregador de pizza que tanto já frequentou esse prédio, trazendo pizza de frango com queijo.
– Ellen sabe sobre mim e você?
– Sim, mas ela é a pessoa mais confiável da terra. Além da minha melhor amiga.
– Eu sei, ela não me preocupa, mais você.
– Acha que vou sair gritando extra, dono de revista esconde que gosta de rapazes?! – Ele ri, vejo a risada fria, mas divertida.
Ele se mexe, se aproximando da cadeira e puxando o terno.
– Eu vou deixar você em paz – Ele passa por mim e eu o acompanho, mas o mala sem alça para na sala, encarando as coisas na mesa de centro, se inclinando e pegando a capa do filme, sinto o rosto quente. – Que romântico – Ele observa os copos na mesa de centro, vejo ele fechar a cara e eu agradeço por um ser de suco e o outro de água que peguei ao longo do filme. – Você está esperando alguém, não é?
Ela fala como se confirmasse e eu dou pulinhos de vitórias por dentro, embora a palavra noivo esteja entalada dentro de mim.
Era quase o troco.
Mesmo não sendo algo planejado e até r**m de fazer.
– Não, novo noivo da cidade – Debocho e só aí ele se vira, me encarando bravo.
– Acha que quero esse casamento? Pensei que iria falar algo que pudesse me animar e não me tratar dessa forma.
– Pobrezinho do homenzinho, está perdido – Antes que eu racionalizam minhas palavras, ele está em cima de mim, eu estou com a mão no seu peito largo, a camisa de tecido fina roça a palma da minha mão e posso sentir o cheiro dele, o forte e delicioso cheiro dele. – Acha que tenho medo de você, Ian?
– Você gosta de mim – Ele fala baixo, como se aquilo fosse a coisa mais incrível. – Como eu gosto de você – A mão dele se ergue, segurando minha mandíbula, tento me mexer e ele me segura com seu corpo, me apertando contra a parede. – Eu não sei o que eu fiz Rick, mas eu sei que você não precisa ir.
– Talvez não é sobre você – Ele roça a perna sobre mim e eu arfo.
– Não? – Ele aproxima o rosto do meu, a mandíbula tensa e o modo como ele fica com a boca entreaberta. – Seja meu, me deixa fica, eu nunca quis alguém dessa forma Rick, você me conhece desde que mudou para essa cidade, desde que você era um garoto.
– Você me observava, não era?
– A muito tempo, você e Ellen eram os mais promissores, eu nunca me engano.
– Esperou eu te testar pra poder ceder comigo, não foi?
– Sim, eu não posso sair da linha, sou o que você sabe.
– Eu posso, eu posso sair da linha – Ele encosta a boca na minha, a forma áspera e quente, a forma macia que a língua dele toca minha boca e eu fecho os olhos.
Por alguns segundos mínimos o toque se torna eterno, o que se desfaz quando as batidas na porta soam alto e a campainha, eu abro os olhos encarando ele, que dá um passo para trás assustado.
– Quem é?
– Minha companhia da noite – Falo rindo, me referindo a pizza.
Seria decadente ele comprovar minha bad maldita com uma pizza. Inferno.
Me mexo e vejo ele se mexer, quando eu abro a porta não é o entregador de pizza que eu vejo, é um amigo.
Eu encaro ele de cima abaixo, com uma mala e uma bola de pelo marrom, que ele segura embaixo do braço livre.
– Sebastian?!
– Como vai amor?
Certo, não era o entregador de pizza.
AVISO - Mais um capítulo fresquinho pra vocês (finalmenteeee), para ficar por dentro adicione o livro na biblioteca, comente sempre nos capítulos para eu poder saber o que vocês acham do livro e deixe o seu voto maravilhoso ou me sigam para receber novidades e atualizações. Até amanhã com mais um capítulo fantástico. Att, Amanda Oliveira, amo-te. Beijinhos. Hehehehe até