Capítulo 2

3115 Words
Maya Thompson - 2013 Durante a viajem de volta pra minha "nova" casa, eu me deparei com minha própria imagem no reflexo da janela. O meu rosto estava pálido, embora a minha cor morena estivesse bem realçada por causa da minha ultima ida à praia. Fazia tempo que eu não pegava um ónibus de viagem. Fazia muito tempo mesmo que eu não me sentia daquele jeito... Eu ainda podia sentir as lágrimas secas em meu rosto. Os meus longos cabelos cacheados estavam trançados. Minha madrasta, Kiara Mitchell, pegou em meus cabelos na rodoviária para me fazer parar de chorar, pra me acalmar um pouco e me fez uma linda trança. Era difícil pra mim, no entanto. O meu pai m*l olhava pra mim, mas eu sabia que ele me perdoaria. Na minha idade ele estava fazendo coisas muito piores do que fugir pra casa de namorada. Mas de certa forma aquilo parecia ser o melhor a se fazer. A minha avó estava pilhada, o meu avô nem se fala... No ano seguinte eu já iria pra faculdade e teria que me mudar pra Chicago de qualquer forma. Eram só alguns meses de adiantamento. O meu sonho desde pequena era morar com os meus pais e isso praticamente seria possível agora, uma vez que minha avó antes de ir pra Riverside deu um apartamento pra cada um, então eles moravam no mesmo prédio, em andares diferentes. O meu irmão não morava muito longe dali, com os seus pais adotivos. * * * A história do meu irmão é um pouco complicada de eu contar sozinha. Pois nós dois éramos muito ligados, um ao outro. Quando éramos bem pequenos, morávamos com a nossa avó, Quenie, que nos colocava em colégios integrais por que não tinha tempo pra cuidar da gente. Trabalhava o dia inteiro no escritório pra poder pagar as contas, ela vivia num estresse total. Um belo dia, ela não aguentou mais aquilo. Acabou falando com minha mãe e ela ficou com o Caleb. Eu fiquei muito m*l com aquilo tudo. Ainda mais que me sentia muito solitária sem ele. A minha avó não me deixava brincar na rua, os meus brinquedos eram chatos e ninguém no colégio costumava gostar de mim. A minha mãe na época estava vivendo m*l e não pôde ficar com o meu irmão. Hoje eu até entendo tudo isso, mas ainda não aceito muito bem. Eu jamais daria os meus filhos, pra quem quer que fosse. E assim, o meu irmão mais novo foi adotado por uma família de crentes e que por acaso, a mulher era minha professora de música no colégio, o que me facilitou as vezes, poder vê-lo. Mas aí eu me mudei para o fim do mundo... * * * Quando eu finalmente cheguei em casa, eram oito horas da manhã. Não consegui dormir na viagem, sendo assim estava muito cansada. A minha madrasta foi trabalhar e o meu pai também, então eu estava sozinha. Liguei para meu velho e bom amigo, Jimmy Devens, e pedi que ele aparecesse por lá. Por sorte ele não estava na casa do pai, então estava muito próximo de mim. Não demorou muito pra campainha do meu apartamento tocar. - Quem foi a doida que fugiu de casa, em? - ele me olhou com aquela cara de doido e começou a rir. Depois disso ele resolveu me abraçar e não soltar mais... Enquanto eu ainda tentava fechar a porta. Eu peguei um prato com brigadeiro que estava na geladeira e nós fomos para o quarto do meu pai, que era onde tinha computador pra gente ver filme. - Sabe Maya, você é meio maluca. - parecia uma observação jogada no ar. Eu sorri. - Só meio? - ele me deu um tapa. - Qual filme quer ver? - Eu quero ver "Invasores de Corpos". A minha prima assistiu no fim de semana e diz que é ótimo. - ele parou por um momento e me encarou. - Hoje é dia 3 de agosto. Você já se matriculou em algum colégio? - eu o olhei meio perdida. - Na verdade, eu não pensei nisso. Vou falar com o meu pai quando ele chegar. Eu m*l vi o filme passando na tela enorme no computador do meu pai. Eu fiquei pensando nas coisas que aconteciam na minha vida e me esqueci completamente do tempo. Quando voltei à realidade, Jimmy já havia ido embora, o computador estava desligado e eu estava deitada na cama olhando o vazio. Eu me levantei e vi que já anoitecera. Mandei uma mensagem de desculpas para o Jimmy e desci as escadas de meu prédio até a casa de minha mãe. Eu apertei a campainha e esperei, um pouco insegura. Dalisha atendeu a porta e nós duas levamos um susto. - Maya?! - perguntou ela ainda não acreditando no que via. Eu sorri e a abracei. - Maya! Minha irmã parecia mesmo estar feliz em me ver. Já faziam anos que não nos víamos e soube até que ela tinha uma filha, Hayden, de um ano. Eu entrei no apartamento que tocava música coreana muito alta e vi minha mãe sentada no sofá, mexendo no celular. Assim que ela percebeu quem era, ela empalideceu. - Você é maluca?! - gritou ela levantando do sofá. - Você poderia ter matado a sua avó! Ela ficou que nem louca ligando pra todo mundo pra saber onde você estava. Como você faz uma coisa dessas com ela?! - eu fiquei calada enquanto levava um esporro de uma mãe que eu não via fazia mais de três anos. - Oi, mãe. - eu disse simplesmente e ela veio até mim, me recebendo com um abraço bem apertado. - Eu te amo. garota. Vê se para de fazer merda. - eu sorri e assenti. Era agosto. Um inverno quente. Eu peguei meu violão e fui até o quarto de meu pai. - Pai, eu vou descer e procurar um lugar pra tocar violão. - ele nem olhou pra mim, estava muito ocupado com o trabalho que estava fazendo e simplesmente me liberou com um movimento de mãos. Eu andei meu condomínio inteiro e não encontrei nenhum lugar de paz, até que... Eu me lembrei de um salão de festas que ficava bem escondido dentro de um quase bosque. Lembranças boas e ruins vieram em minha mente. Naquele salão de festas, há muitos anos atrás, era uma creche. Minha avó me levava lá sempre, antes de eu morar com meus pais em outro Estado. E por fim, encontrei o lugar que eu buscava. Me sentei atrás do salão de festas com meu violão, um caderno e duas canetas. Compus um arranjo perfeito que só precisava da letra certa. Quando eu estava prestes a ir embora, um menino mulato apareceu de repente. - Oi, tudo bem? - eu o olhei e não disse nada. - É... Você é irmã da Dalisha não é? - Sou sim, e você o...? - Meu nome é Uriah. Queria saber se não pode emprestar seu violão pra gente um pouco. - eu o olhei meio confusa. - Pra gente? - ele sorriu e me pediu para segui-lo. Assim que contornamos o salão de festas, encontramos mais quatro meninos e entre eles estava meu cunhado, Drew. Assim que ele me viu abriu um sorriso. - Maya! - eu o olhei e dei um meio sorriso. Pelo cheiro eu já sabia o que estava acontecendo ali. - Ultimamente tenho ouvido bastante meu nome... - todos riram. - Então... Vocês fumam maconha. Interessante. Eu pude notar a tensão no rosto de cada um enquanto eu andava entre eles. Mas eu emprestei o violão para o Uriah e também fumei com eles. Era quase uma prova de que eu não contaria a ninguém sobre eles. De repente alguém que eu ainda não havia notado a presença, sentou do meu lado e me deu um beijo no rosto. - eu o olhei sem entender e entendi de quem se tratava, eu quase não o reconheci por conta do novo corte de cabelo mais curto. - Você está linda. Não mudou muito desde a ultima vez que nos vimos. - eu corei e escondi meu rosto com os meus cabelos. Ele tirou meu cabelo de meu rosto e me fez olhar em seus olhos. - Um rosto bonito nunca deve ser escondido. Eu não me demorei muito lá. Mas voltei nos dois dias seguintes, porém, Klaus e Drew não apareceram nos dias seguintes. Quando cheguei em casa certo dia meu pai me olhou e perguntou onde eu estava. Eu obviamente não diria que eu estava no salão de festas, ele como morador deveria saber o que os jovens fazem ali. - Eu estava nos banquinhos do estacionamento lá de trás. - ele, que estava na janela fumando um cigarro, passou por mim me dando um beijo na testa. - Semana que vem você vai começar a estudar. Arranjei um colégio pra você perto do meu trabalho. - eu o olhei, perplexa. - Não acha que é um pouco longe? Não conheço nada por aqui, pai. - ele gargalhou. - Acho perfeito. Assim você já vai se adaptando. - semicerrei os meus olhos, mas dei de ombros. Senti o meu celular vibrar no bolso e vi uma mensagem no w******p de um celular que eu não conhecia. Quando olhei era uma mensagem de Klaus dizendo que comprou algo pra mim. Mas... Como ele conseguiu o meu número? - Tá. Posso dormir na minha mãe hoje? Vou numa pizzaria com minha irmã. - meu pai demorou muito para responder, mas por fim suspirou. - Pode né. Fazer o quê? Hoje é sexta! Já fazia um mês que estava em Chicago e eu ainda não tinha saído com minha irmã, ainda não tínhamos passado muito tempo juntas. Eu a venerava. Achava que ela era o que eu queria ser como mulher. Charmosa, bonita, gostosa e muito divertida. Tá certo que eu sou muito divertida, mas quando eu tinha 12 anos e eu não era nem bonita e nem gostosa. O tempo passou tão depressa que eu nem notei o quanto ele passou. m*l notei o meu corpo mudando. Na verdade, eu não ligava muito para isso. Eu tinha uma conexão com a minha irmã. Quando eu perdi a minha virgindade, a única pessoa que soube foi minha irmã. Confiava nela. Ela tinha longos cabelos enrolados e vermelhos. Mas quando cheguei na casa da minha mãe aquela tarde... - Ai.... Meu.... Deus! - eu simplesmente disse. Minha irmã sempre teve cabelos longos e de repente estavam em seus ombros e negros. - O que aconteceu?! Cadê o seu cabelo, mulher?! - ela deu risada. - Decidi cortar. E pintei de preto por que vou arranjar um emprego. - disse carinhosamente. - Vem, entra. O Drew ainda não chegou e eu estou penteando o cabelo da Hayden. Entrei e vi minha mãe de salto alto andando de um lado para o outro. - Mãe, o meu pai me deixou dormir aqui hoje. - ela de repente notou que eu estava lá e sorriu. - Que bom, querida. Mas eu e a Dora vamos dormir na casa da minha sogra. Então vão ficar só você, a Hayden, a Dalisha e o Drew. - eu sorri.Olhei para Dalisha e ela piscou pra mim. Quando ela acabou o cabelo de Hayden se levantou e pegou a bolsa que estava em cima da mesa. - Vamos que o Drew está nos esperando lá em baixo. Eu estava muito bonita aquela noite em particular. Eu tinha feito uma escova no cabelo no dia anterior e ganho uma luva muito legal da minha irmã. Eu usava uma blusa de K-pop (do Big Bang pra ser mais específica) e uma calça legging. Minha irmã me elogiou algumas vezes, assim como meu cunhado quando nos encontrou eo Klaus que oa acompanhava também não discordou. Eu o lancei um olhar curioso. Quase uma pergunta do que seria o presente. Ele sorriu e disse baixinho para eu esperar chegar na pizzaria. Eu não sabia exatamente por que ele estava indo com a gente, mas suspeitava que eram planos de minha irmã, já que ela sabia que eu gostava dele. Nós pegamos um ônibus e paramos em frente à pizzaria. Minha irmã chegou perto de um garçom com a Hayden nos braços. - Com licença, hoje tem rodízio? - o homem sorriu. - Tem sim, queira me acompanhar. - Nós sentamos em uma mesa lá dentro e Drew foi procurar uma cadeira alta para Hayden. Me levantei e fui ao banheiro lavar minhas mãos. Quando estava prestes a entrar, Klaus segurou meu braço. - Oi. - eu com o susto dei um tapa nele e nós rimos. - Oi. O que você comprou pra mim, seu doido? - ele meteu a mão no bolso da calça e tirou dois cordões. Meus olhos brilharam. - Eu... Eu posso escolher um? - eu dizia sem saber. Os meus olhos estavam hipnotizados pela cruz ankh que balançava nas mãos de Klaus. Ele deu risada. - Os dois são seus. - disse colocando-os em minhas mãos. Era uma cruz linda e um emblema do Mettalica. Devo admitir que combinaram perfeitamente comigo. Eu fiquei muda quando me dei conta que eram meus. - O...obrigada, Klaus. Antes deu entrar no banheiro eu dei uma espiada na minha irmã e no Drew e eles não pareciam ter visto nada. Eu me sentia uma criminosa, mesmo não tendo feito nada de errado. Aquela noite tinha sido divertida, nós conversamos muito e comemos muita pizza. Hayden que acho que não deve ter gostado muito, pois comeu um pedaço de pizza e apagou. Dalisha se levantou e foi até o balcão pagar a conta, enquanto Drew ninava Hayden. Klaus não tirava os olhos de mim, me devorava com os olhos e sorria. Ah, aquele sorriso me matava. Quando eu sorri para ele, ele passou seus dedos pela minha perna direita, o que me fez ficar completamente arrepiada. Eu tirei sua mão e desviei o olhar. Errado. Aquilo estava errado. Mesmo olhando para o outro lado, eu podia sentir os olhos dele em mim, nas minhas costas. Eu não sabia o que ele tanto olhava. Por que essa obsessão de repente? No caminho pra casa, Drew e Klaus encontrou Aaric e Taylor. Os quatro ficaram na praça bebendo e nós meninas, fomos para casa. Dalisha ligou o ar e foi dormir no quarto da nossa mãe. Eu arrumei uns lençóis e forrei um dos sofás para eu dormir. Dei um beijo de boa noite nas meninas e apaguei. Não demorou muito pra alguma coisa me acordar. Eram duas horas da manhã e meu celular berrava ao meu lado. Eu olhei o número e não reconheci. Atendi. - Alô? - perguntei. Ouvi risos do outro lado. - Oi, gostaria de falar com a Maya. - eu cocei minha cabeça e não entendi nada. - Quem é? - Oi Maya! Aqui é o Johnny! Vi aqui no orelhão o seu número. "Troco sexo por maconha". Aí estou te ligando pra te contratar. - eu ri e desliguei na cara dele. Não tinha ideia de quem era. E o trote era horrível. Sexo por maconha? Aquilo tinha sido o cúmulo. E então... Eu me lembrei que o Drew estava com Aaric. Eu odiava o Aaric. De repente o Drew deu meu número para o Aaric e o babaca tinha me ligado. Foi tudo muito rápido. No momento que eu estava pensando naquilo, ouvi um barulho no corredor e corri pra porta. No momento que ele estava prestes a abrir, eu escancarei a porta. Ele levou um susto. - Nossa! Até parece que sabia que eu estava chegando. - disse um pouco zonzo. - Digamos que eu tinha um palpite. - eu já estava muito estressada. - Por que você e seus amiguinhos me passaram trote em? Isso é muita babaquice. Coisa de criança i*****l! Drew ficou me olhando e sem entender nada ele deu de ombros e caiu no outro sofá. Eu fechei a porta e sentei ao seu lado. - Não foram vocês? - ele me olhou, sério. - Claro que não! Eu encolhi meus ombros, um pouco constrangida e fui até a cozinha beber água. Quando voltei pra sala, ele estava sentado no chão, olhando diretamente pra mim. Eu sentei no sofá, quase do lado dele e ficamos conversando sobre qualquer coisa. Por um breve segundo nossos olhos se chocaram e não desviavam mais. Foi o olhar mais intenso da minha vida, devo admitir. Eu o dei boa noite, me endireitei no sofá e cobri até o topo da minha cabeça. Setembro. Fim do inverno e início da primavera. Dora estava completando quatro anos e minha mãe decidiu fazer uma festa. Drew tinha acabado de comprar um maço de Lucky Strike e me dado, então eu fiquei com o cigarro me incomodando dentro do vestido a festa inteira. O salão de festas tinha lotado e eu pretendia cantar uma música. Quando finalmente chegou minha hora, o salão parecia que não poderia caber mais gente dentro. Cantei a famosa Radioactive do Imagine Dragons e todos os presentes gostaram muito. Agradeci e sai de lá pra fumar um cigarro após o parabéns. Fui para trás do salão de festas e acendi o meu vício. Klaus e Taylor vieram por trás e me deram o maior susto. Eu engasguei. - Vocês são loucos?! - tossi. - Podiam ter me matado do coração! Taylor era o melhor amigo do Drew, mas eu raramentre o via, pois estava sempre preso no trabalho. Klaus passou suas mãos por sobre o meu ombro e olhou para Taylor, que sorriu e sorrateiramente saiu de perto. Eu estava tão concentrada no meu cigarro que não percebi que estava sozinha com ele. Ele passou as mãos por minha cintura e me puxou contra ele. Eu me afastei rapidamente dele. - Você deve estar muito doido. - Klaus olhou pra direção em que eu olhava e notou que minha mãe estava indo embora com a Hayden e a Dora. Ele voltou o olhar pra mim. - A festa já acabou, já estão todos indo embora. - Eu sei, mas ainda assim. O que foi isso? - Você está linda hoje, Maya. - eu o olhei, mas ele não olhava para mim, olhava para as estrelas no céu. Eu corei de pronto. - Está cada vez mais difícil ficar longe de você. Eu o avaliei dos pés à cabeça, o olhando torto. - Você bebeu? Ele sorriu e me abraçou. Lentamente eu fui cedendo. - Não, Maya. Eu simplesmente não consigo mais aguentar essa distância. - e me beijou calorosamente, incessantemente, como uma animal com fome.
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