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Todas as coisas que deixamos para trás

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Blurb

Um sentimento puro e sincero, diferenças que impedem um futuro juntos... Palavras nunca ditas, cartas nunca entregues. O que Melissaa esperava conseguir ao voltar para sua antiga casa, nos subúrbios de Chicago, era paz, sossego e uma vida tranquila. O que ela realmente conseguiu? Arriscar todas as coisas que ela havia lutado para ter, reviver sentimentos do passado e questionar suas decisões para o futuro.

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Como eu cheguei a esse ponto
                 O som da chuva pesada caindo sobre as telhas de barro daquela cabana era abafado, quase imperceptível... Eu encarava a paisagem cinzenta de chuva mesclada pelo verde da floresta pela grande janela do quarto com suas pesadas cortinas abertas: o que foi que eu fiz? Me perguntei enquanto esfregava meu rosto com as mãos, o ambiente cheirava a maconha e s**o e então, eu olhei para o outro lado e o vi: ele dormia tão tranquilamente que eu não queria acorda-lo, a pele clara, coberta por diversas tatuagens, os músculos bem definidos... Não era assim que eu conseguia lembrar dele, ao menos não da última vez que eu o vira sem camisa, há uns doze anos atrás ou mais, mas sinceramente, eu não poderia dizer que a mudança não tinha sido para melhor.                 Os cabelos castanho escuros encaracolados, sempre despenteados e parecendo compridos demais, ele sorria enquanto dormia... Quantas pessoas eu realmente observei dormindo ao meu lado? Seria aquele um dos momentos que passariam pela minha cabeça, como um filme, nos meus momentos finais? Eu certamente morreria imensamente feliz, naquele momento, eu não conseguia imaginar ter me sentido mais plena e segura do que deitada ao lado dele, vendo-o dormir. Voltei a realidade logo que lembrei-me de todo o resto da minha vida: eu ainda era casada, ainda era mãe de três filhos com uma casa e todo o resto para cuidar, e eu precisava ir embora, assim, eu tentei sair da cama sem acordá-lo, mas foi uma tentativa falha, logo ele virou-se e puxou-me de volta para a cama com força, beijando meu pescoço em seguida: - Eu não posso acreditar que você ia fugir de mim – ele diz rindo – mais uma vez. - Uhm – eu aconchego-me em seus braços, era difícil demais de resistir – eu não pretendia fugir – respondo deslizando os dedos por seu antebraço, redesenhando uma de suas tatuagens – mas você sabe que eu preciso ir embora. - Está chovendo – ele diz e morde meu pescoço – devia ficar um pouco mais... - Não posso – respondo – de verdade, eu preciso ir – encaro o relógio sobre a mesa de cabeceira – se eu não for agora, eu vou acabar me atrasando. - Tudo bem – ele brincou um pouco mais com meus cabelos – sabe que eu não concordo, mas eu vou levar você de volta dessa vez... Mas vai chegar um dia, que eu não vou mais levar você – ele ri – vou trazer você para essa cabana e você vai viver feliz para sempre aqui ao meu lado.                 Aquilo era bom de se ouvir, acho que ele sempre sabia, de alguma forma, o que deveria dizer, porque a simples ideia de ser “feliz para sempre” já me parecia boa demais, se eu considerasse ainda ser “feliz para sempre” naquele lugar incrível e ao lado dele, poderia julgar quase irrecusável. A chuva deu uma trégua e em poucos minutos eu estava cortando o asfalto da estrada, em alta velocidade na garupa de uma moto com mais cilindradas do que eu era capaz de contar: eu sabia bem que tinha cometido um grande erro, que eu tinha cruzado totalmente a linha, eu sabia que eu estava errada, e enquanto aquele vento gelado somado à neblina insistente e a adrenalina faziam o meu corpo estremecer, eu me perguntava mentalmente “como eu cheguei a esse ponto?” e a resposta, por mais assustadora que pudesse parecer, martelava em minha mente repetidas vezes “você sempre esteve aqui, só não se permitiu ficar, e agora está exatamente onde queria estar”.                 Não sei em que momento da minha vida eu me permiti perder o controle daquela maneira: será que foram as traições? Ou será que era o peso do meu passado não vivido com Dom? Só consegui deixar de pensar nisso no momento em que parou a moto – no estacionamento do shopping – e para variar foi além de todos os limites, arrastando-me para uma entrada de serviço e beijando-me ferozmente, fazendo-me sentir a sua barba roçar no meu pescoço, e eu estou certa que se ficássemos ali por mais um ou dois minutos eu pediria por mais, imploraria, pois aquela sensação dele tocando minha pele, fazendo meu corpo aquecer em segundos e minha mente inebriada de prazer perder totalmente o controle novamente, implorando por mais: a m***a estava totalmente feita, e eu estava totalmente, irremediavelmente e perdidamente apaixonada por Dominic Delaney, ou Del, para os mais íntimos, que soltou-me por fim e saiu rindo e andando de costas de volta para a sua moto e deixando-me ainda extasiada no estacionamento do shopping olhando enquanto ele se afastava.                 Naquele momento eu não importava nem um pouco quem ele era agora, não me importava onde estava metido nem mesmo o que estava fazendo, porque para mim, ele sempre seria Dom, o menino dos olhos verdes brilhantes que morava na casa ao lado, o menino dos cabelos escuros e encaracolados que perturbava minhas tardes com seu barulhento jogo de basquete, o menino que me levou flores por tantas vezes, o menino que segurou minha mão quando pensei que havia perdido o chão, o menino que enxugou minhas lágrimas, tantas e tantas vezes e ainda, e não menos importante: o menino que eu em vão, tentei manter afastado da minha vida por tanto tempo.                 Enquanto eu dirigia o meu SUV em alta velocidade – para não perder a hora de buscar as crianças na escola – eu quase podia ouvir a risada de Dom, de quando ainda éramos crianças, e de horas antes, na cabana, enquanto eu dizia que não estava lá para fazer o que ele pensava: ele sempre sabia exatamente o que eu queria, estava sempre um ou dois passos à frente.                 Busquei as crianças na escola, sem atrasos. Benjamin parecia mais agitado do que o normal, algo sobre uma avaliação na semana seguinte, e essa conversa durou, para a minha sorte, até chegarmos em casa, onde eu pude deixa-los brincarem enquanto eu tomava um banho: o cheiro de Dom estava impregnado em mim e eu sabia. Meu telefone tocou, e eu sabia que era James: - Oi – eu disse ainda de dentro da banheira. - Precisamos conversar – ele diz sério. - Você deixou claro para mim que não temos o que conversar, James – eu respondo e isso me faz lembrar tudo o que acontecera horas antes, antes da cabana, antes de Dom. - As coisas não precisam ser assim – ele diz – eu não quero me divorciar. - Eu vou ignorar o que está me dizendo – eu respondo. - Pedi para a Nora ficar com as crianças essa noite – ele continua – será que pode vir até a cidade? Pensei em levar você para jantar e ai conversamos... - James, você está brincando comigo, não está? – Nora era, de longe, a melhor babá possível e estava sendo meu muro de salvação nos últimos tempos. - Não estou querida – ele diz suavemente – eu sinto muito... Você poderia vir, por favor? - Tudo bem – respondo em um suspiro. - Vou fazer reserva para as oito horas, acha que consegue chegar a tempo? – ele pergunta. - Sim – eu respondo.                 Desligo o telefone e encaro meu rosto no grande espelho em frente à banheira. Eu seria mesmo capaz de trai-lo e depois simplesmente sair para jantar como se nada estivesse acontecendo? Eu acreditava que não. Sai do banho e vesti um robe de cetim sobre a lingerie e logo andava pela casa dando ordens “Ben, guarde a mochila”, “Ellie, para o banho” – encarei o pequeno Jimmy e o levei para o banho também.                 Quando Nora chegou, perto das sete, as crianças estavam de banho tomado, vestindo pijamas e o jantar estava praticamente pronto. Ela desejou-me boa noite e disse que ficaria no quarto de hóspedes, como o Sr. Harvey havia pedido. Eu estava bem, talvez como há anos eu não estivesse: vestido mais curto do que o normal, sandálias de salto alto e uma jaqueta de couro. James normalmente não me levava em jantares informais, e aquele tipo de look mais despojado não era adequado para suas reuniões, mas era como eu me sentia bem. Encontrei-me com ele diretamente no restaurante: - Que bom que veio – ele diz sorrindo, de modo encantador – você está linda. - Obrigada – eu respondo sem jeito. - Deve estar se perguntando por que estamos aqui... – ele diz. - Sim – respondo num suspiro – depois de tudo o que tem acontecido, James, eu simplesmente não faço ideia do que estamos fazendo aqui. - Reconciliação – ele diz sorrindo e logo volta-se ao garçom solicitando um vinho muito específico da carta – precisamos disso, querida – ele pega minha mão e a beija – eu sei que parece difícil de acreditar agora, mas ficaremos bem. - Eu não sei – puxo a mão de volta delicadamente – eu realmente não sei se nós ficaremos bem.                 Mas no fundo, eu sabia que não ficaríamos: não por ele, porque James já havia cruzado a linha tantas vezes que eu já havia perdido as contas – mais de uma vez, mas por mim, porque agora, uma parte de mim que sempre questionava se havia algo além dele, gritava em alto e bom som dentro de mim que sim, que existia muito, muito mais do que James Harvey para a minha vida.    

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