Capítulo 5

1437 Words
Ele também ficou rindo, só falou por falar brincando, ela foi para a festa toda contente dele estar parecendo interessado, conversou com o pai, dizendo que estava com muita dor de cabeça, logo quis ir embora. Voltou para casa o procurando, ele estava sentado em cima de uma escada, que ia para a área de lazer, ela parou um pouco longe, só mostrou as sacolas qye carregava, com aquele mesmo olhar debochado, ele foi descendo desacreditado, se aproximou - Oi, cê veio memo. Que isso em patroa! Ela foi subindo na frente dele - Eu não gosto de dever nada pra ninguém. Vem sentar aqui, pra comer. Foi para a área de lazer, ele parou no final da escada - Era só zueira, não precisava. Ae, eu tô trampando. - É melhor voltar pro meu lugar. - Valeu mesmo. Ela se aproximou séria - Pode vir, depois eu falo com o meu pai. - Você só vai almoçar. - Vai me fazer de otária? Ele olhou para trás com receio de se colocar em problemas - Não, é que... cê sabe, tá ligada que não é qualquer uma. - Seu pai pode achar que eu tô m*l intencionado, tá ligada? - A minha vida é isso, tudo o que tenho tá aqui, se der algum b.o, tô fudi do. - Não posso ficar nem trocando ideia com você. - Não sou como o Jogador, que tá na caminhada faz tempo e conhece todo mundo. - Ele tá no topo, por isso tá com a sua irmã. Ela se afastou voltando para a mesa frustrada - É só um almoço, não tô pedindo pra ficar comigo. - Como eu sou trouxa. Começou guardar tudo envergonhada emotiva, ele também entrou lá, todo sem jeito - Não pô, cê foi mó daora comigo. Vai deixa eu comer aí. - Pra ficar te devendo uma. Ela foi abrindo os potes cheios de comida - É, vou cobrar mesmo. Não sei que medo é esse de chegar perto de mim. - Não sou feita de ouro tá. Levou feijoada, torresmo, vinagrete, couve cozida, foi fazendo o prato dele, pegou refrigerante na geladeira, ele sentou a mesa, tirou o boné para comer - Não é medo, é respeito. Cê sabe que pode ter tudo o que quiser, nasceu cresceu assim, só que nessa de ficar de papo, não tem consequências pra você. Ela estava se servindo, respondeu séria - Caramba que exagero meu, não posso ter amizade com ninguém agora? - Você vai me fazer perder a fome. Ele pediu desculpas, almoçaram juntos sem conversar, ela foi juntando tudo se preparando pra lavar a louça, o mandou descer, ele interrompeu pegando a bucha de lavar louça - Deixa que eu lavo. - Bora troca uma idéia lá embaixo? Na moral? Ela encostou na pia, ao lado dele séria - Como na moral, se você não me dá uma condição Magrinho? Ele sorriu desconfiado sem entender a onde ela queria chegar - Ahhhh tá me tirando? - Iiii sai pra lá doida. - Não tenho nada pra te dar não, cê é grandona demais pra mim. Ela começou rir muito - Estou gorrda pra você? Ele a olhou de cima a baixo, sorriu com maa.ldade - Não pô. Nem conheço uma palavra adequada pra te elogiar, definir, com o respeito que merece. Ela mexeu no cabelo fazendo charme meio envergonhada - E sem respeito, tem as palavras? Ele falou baixinho rindo - Caralh cê quer me deixar fud ido memo? - Gostos.a pra por ra, toda perfeitinha sem um nada fora do lugar. - É o que eu imagino né. - Mas é feita só pra olhar. Igual coisa cara em vitrine pra pobre! Ela começou rir muito envergonhada - Já me imaginou sem roupa? É isso? Ele sorriu debochado - Claro que não, tá doida? - Bora sair daqui, seu pai vai dar cabo de mim em. - Vou de arrasta pra cima sendo inocente. Foi saindo de lá, indo para a escada - Bora troca uma ideia lá fora, onde todo mundo vê que eu tô de boassa. Ela sorriu revirando os olhos - Meu pai não é assim, relaxa. - Tenho amizade com o pessoal, ninguém nunca foi punido por isso. Ele olhou tipo desdenhando, como quem duvidava, ela encostou no final da escada - Quer conversar sobre oque? Tráf.ico? Baseado? - Nem sei o seu nome. Ele sorriu debochado sentando ao lado dela no degrau - Não né pô, acha que eu não sei trocar idéia? - Só que a sua vida, é bem mais legal com certeza. - Me fala de você. Do que gosta de fazer, o que curti beber. Ela sentou ao lado não tão perto, pois apesar de interessada, tinha certeza que o pai iria contra, ficou meio sem jeito apreensiva, rodando um anel no dedo - Não sei, tipo assim, as vezes meu pai não me deixa solta, pra curtir. - Sair sozinha, ir ao shopping, eu não gosto de bater de frente, passar por cima da palavra dele, pra ir em role. - Sabe eu gosto de sair daqui a noite, queria muito ir a praia, tipo acampar, por causa das estrelas, acordar com o sol nascendo. - Qualquer dia, você pode ir comigo né não? - Ele não me deixa ficar longe sem segurança. Ela ficou sério pensando no jeito dela, mais calma, educada simpática, estava bem arrumada, cheirosa, parecia acessível e isso o incomodou, ficar imaginando o que ela queria com aquela conversa mole, ela continuou falando sobre os seus lugares preferidos na cidade. Comentou que queria muito ir a praia, ele disse que nunca foi, mas que não ia gostar, ela já tinha ido a várias, começou contar com detalhes, explicando as diferenças, da água, areia, ele falou sobre onde morava antes, no interior, comentou que a vida lá era bem simples, confessou nunca na vida ter imaginado que ia virar bandido, falou sobre a infância. Conversaram por horas, apenas se conhecendo mesmo, ela deu bastante risada, ele ficou mais a vontade, percebeu que ela era bem mais educada que Venessa, quando Vila chegou, os viu lá, apenas acenou e entrou para dentro de casa, depois foi até espiar, achando estranho o comportamento dela, já que Valery era toda certinha. Ela ficou rindo percebendo que ele ficou nervoso - Magrinho relaxa, a gente não tá fazendo nada de errado. Pegou sutilmente na mão dele, ele recuou e levantou - Não faz isso não pô. Na moral. - Sem caô, cê vai me colocar em problemas. - Vou lá no meu posto. - Valeu pelo rango, tava bom demais. Se afastou achando que de qualquer forma, ia se dar m*l com ela, foi para perto do portão, ela ficou irritada, achando que ele estava desinteressado inventando desculpas, porque ela sempre conversava com os outros e nenhum tinha tanto medo. Ela ainda não tinha percebido que ele era diferente da maioria deles, entrou frustrada, Vila estava sentado na sala, perguntou o que ela estava fazendo lá fora, Valery o abraçou em pé por trás do sofá - Nada, conversando. O coitado nunca foi a praia, acredita? - Você não vai mesmo na minha formatura? Vila a olhou de canto de olho, indiferente ao abraço - Coitado é? Sei, você abre o olho, que se eu pegar qualquer coisa, vai todo mundo pras idéias. Ela se afastou irritada, foi sentar longe - Qualquer coisa o que? - A Venessa tá lá quase morando com o seu gerente, não vem em casa pra nada além de me roubar. - Peguei ela cheirando na festa e você não faz nada. - Quero você na formatura, não ela. Pra me envergonhar na frente de todos! Ele começou mexer no celular - Não posso descer daqui, os cara tão marcando em cima, já conversamos sobre isso Val. - A sua irmã vai, sua mãe também. Escolhe um presente, qualquer coisa! - Outro carro, uma moto, pode escolher. - Quer outro celular? Eu compro agora. Ela se levantou brava, foi para o quarto, no dia seguinte viu Magrinho já cedo no portão, foi se arrumar pra sair, querendo chamar atenção, colocou um biquíni neon e preto, shorts jeans curto desfiado, chinelo, passou maquiagem leve, deixou o cabelo solto, a parte de cima do biquíni era curtininha, saiu procurando o pai, semi nua daquele jeito, ele estava na biqueira. Quando ela saiu no portão, Magrinho e o outro soldado estavam rindo conversando, quando ele a viu até ficou sério, ela foi em direção a moto, séria de óculos escuros, foi ligando, olhou para eles - Vou sair, ninguém vai comigo?
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