Ele também ficou rindo, só falou por falar brincando, ela foi para a festa toda contente dele estar parecendo interessado, conversou com o pai, dizendo que estava com muita dor de cabeça, logo quis ir embora.
Voltou para casa o procurando, ele estava sentado em cima de uma escada, que ia para a área de lazer, ela parou um pouco longe, só mostrou as sacolas qye carregava, com aquele mesmo olhar debochado, ele foi descendo desacreditado, se aproximou
- Oi, cê veio memo. Que isso em patroa!
Ela foi subindo na frente dele
- Eu não gosto de dever nada pra ninguém. Vem sentar aqui, pra comer.
Foi para a área de lazer, ele parou no final da escada
- Era só zueira, não precisava. Ae, eu tô trampando.
- É melhor voltar pro meu lugar.
- Valeu mesmo.
Ela se aproximou séria
- Pode vir, depois eu falo com o meu pai.
- Você só vai almoçar.
- Vai me fazer de otária?
Ele olhou para trás com receio de se colocar em problemas
- Não, é que... cê sabe, tá ligada que não é qualquer uma.
- Seu pai pode achar que eu tô m*l intencionado, tá ligada?
- A minha vida é isso, tudo o que tenho tá aqui, se der algum b.o, tô fudi do.
- Não posso ficar nem trocando ideia com você.
- Não sou como o Jogador, que tá na caminhada faz tempo e conhece todo mundo.
- Ele tá no topo, por isso tá com a sua irmã.
Ela se afastou voltando para a mesa frustrada
- É só um almoço, não tô pedindo pra ficar comigo.
- Como eu sou trouxa.
Começou guardar tudo envergonhada emotiva, ele também entrou lá, todo sem jeito
- Não pô, cê foi mó daora comigo. Vai deixa eu comer aí.
- Pra ficar te devendo uma.
Ela foi abrindo os potes cheios de comida
- É, vou cobrar mesmo. Não sei que medo é esse de chegar perto de mim.
- Não sou feita de ouro tá.
Levou feijoada, torresmo, vinagrete, couve cozida, foi fazendo o prato dele, pegou refrigerante na geladeira, ele sentou a mesa, tirou o boné para comer
- Não é medo, é respeito. Cê sabe que pode ter tudo o que quiser, nasceu cresceu assim, só que nessa de ficar de papo, não tem consequências pra você.
Ela estava se servindo, respondeu séria
- Caramba que exagero meu, não posso ter amizade com ninguém agora?
- Você vai me fazer perder a fome.
Ele pediu desculpas, almoçaram juntos sem conversar, ela foi juntando tudo se preparando pra lavar a louça, o mandou descer, ele interrompeu pegando a bucha de lavar louça
- Deixa que eu lavo.
- Bora troca uma idéia lá embaixo? Na moral?
Ela encostou na pia, ao lado dele séria
- Como na moral, se você não me dá uma condição Magrinho?
Ele sorriu desconfiado sem entender a onde ela queria chegar
- Ahhhh tá me tirando?
- Iiii sai pra lá doida.
- Não tenho nada pra te dar não, cê é grandona demais pra mim.
Ela começou rir muito
- Estou gorrda pra você?
Ele a olhou de cima a baixo, sorriu com maa.ldade
- Não pô. Nem conheço uma palavra adequada pra te elogiar, definir, com o respeito que merece.
Ela mexeu no cabelo fazendo charme meio envergonhada
- E sem respeito, tem as palavras?
Ele falou baixinho rindo
- Caralh cê quer me deixar fud ido memo?
- Gostos.a pra por ra, toda perfeitinha sem um nada fora do lugar.
- É o que eu imagino né.
- Mas é feita só pra olhar. Igual coisa cara em vitrine pra pobre!
Ela começou rir muito envergonhada
- Já me imaginou sem roupa? É isso?
Ele sorriu debochado
- Claro que não, tá doida?
- Bora sair daqui, seu pai vai dar cabo de mim em.
- Vou de arrasta pra cima sendo inocente.
Foi saindo de lá, indo para a escada
- Bora troca uma ideia lá fora, onde todo mundo vê que eu tô de boassa.
Ela sorriu revirando os olhos
- Meu pai não é assim, relaxa.
- Tenho amizade com o pessoal, ninguém nunca foi punido por isso.
Ele olhou tipo desdenhando, como quem duvidava, ela encostou no final da escada
- Quer conversar sobre oque? Tráf.ico? Baseado?
- Nem sei o seu nome.
Ele sorriu debochado sentando ao lado dela no degrau
- Não né pô, acha que eu não sei trocar idéia?
- Só que a sua vida, é bem mais legal com certeza.
- Me fala de você. Do que gosta de fazer, o que curti beber.
Ela sentou ao lado não tão perto, pois apesar de interessada, tinha certeza que o pai iria contra, ficou meio sem jeito apreensiva, rodando um anel no dedo
- Não sei, tipo assim, as vezes meu pai não me deixa solta, pra curtir.
- Sair sozinha, ir ao shopping, eu não gosto de bater de frente, passar por cima da palavra dele, pra ir em role.
- Sabe eu gosto de sair daqui a noite, queria muito ir a praia, tipo acampar, por causa das estrelas, acordar com o sol nascendo.
- Qualquer dia, você pode ir comigo né não?
- Ele não me deixa ficar longe sem segurança.
Ela ficou sério pensando no jeito dela, mais calma, educada simpática, estava bem arrumada, cheirosa, parecia acessível e isso o incomodou, ficar imaginando o que ela queria com aquela conversa mole, ela continuou falando sobre os seus lugares preferidos na cidade.
Comentou que queria muito ir a praia, ele disse que nunca foi, mas que não ia gostar, ela já tinha ido a várias, começou contar com detalhes, explicando as diferenças, da água, areia, ele falou sobre onde morava antes, no interior, comentou que a vida lá era bem simples, confessou nunca na vida ter imaginado que ia virar bandido, falou sobre a infância.
Conversaram por horas, apenas se conhecendo mesmo, ela deu bastante risada, ele ficou mais a vontade, percebeu que ela era bem mais educada que Venessa, quando Vila chegou, os viu lá, apenas acenou e entrou para dentro de casa, depois foi até espiar, achando estranho o comportamento dela, já que Valery era toda certinha.
Ela ficou rindo percebendo que ele ficou nervoso
- Magrinho relaxa, a gente não tá fazendo nada de errado.
Pegou sutilmente na mão dele, ele recuou e levantou
- Não faz isso não pô. Na moral.
- Sem caô, cê vai me colocar em problemas.
- Vou lá no meu posto.
- Valeu pelo rango, tava bom demais.
Se afastou achando que de qualquer forma, ia se dar m*l com ela, foi para perto do portão, ela ficou irritada, achando que ele estava desinteressado inventando desculpas, porque ela sempre conversava com os outros e nenhum tinha tanto medo.
Ela ainda não tinha percebido que ele era diferente da maioria deles, entrou frustrada, Vila estava sentado na sala, perguntou o que ela estava fazendo lá fora, Valery o abraçou em pé por trás do sofá
- Nada, conversando. O coitado nunca foi a praia, acredita?
- Você não vai mesmo na minha formatura?
Vila a olhou de canto de olho, indiferente ao abraço
- Coitado é? Sei, você abre o olho, que se eu pegar qualquer coisa, vai todo mundo pras idéias.
Ela se afastou irritada, foi sentar longe
- Qualquer coisa o que?
- A Venessa tá lá quase morando com o seu gerente, não vem em casa pra nada além de me roubar.
- Peguei ela cheirando na festa e você não faz nada.
- Quero você na formatura, não ela. Pra me envergonhar na frente de todos!
Ele começou mexer no celular
- Não posso descer daqui, os cara tão marcando em cima, já conversamos sobre isso Val.
- A sua irmã vai, sua mãe também. Escolhe um presente, qualquer coisa!
- Outro carro, uma moto, pode escolher.
- Quer outro celular? Eu compro agora.
Ela se levantou brava, foi para o quarto, no dia seguinte viu Magrinho já cedo no portão, foi se arrumar pra sair, querendo chamar atenção, colocou um biquíni neon e preto, shorts jeans curto desfiado, chinelo, passou maquiagem leve, deixou o cabelo solto, a parte de cima do biquíni era curtininha, saiu procurando o pai, semi nua daquele jeito, ele estava na biqueira.
Quando ela saiu no portão, Magrinho e o outro soldado estavam rindo conversando, quando ele a viu até ficou sério, ela foi em direção a moto, séria de óculos escuros, foi ligando, olhou para eles
- Vou sair, ninguém vai comigo?