Após esse momento de tensão, voltamos para casa, e Evan me ajudou a entrar com cuidado, preocupado ao perceber meu nervosismo.
— Amor, é melhor a gente parar com isso. Esquece essa história! É pela saúde do nosso bebê, pela sua saúde. — Seu tom era de preocupação e angústia.
— Eu não posso esquecer isso, amor. Você viu as fotos e sabe que é sobre Suri e minha irmã. Eu preciso descobrir o que aconteceu com Suri, preciso saber quem ela é.
— Eu sou o advogado desse caso. Deixa isso comigo, não se preocupe com isso.
Evan me leva até o sofá e ajeita para que eu possa me sentar. Ele se senta ao meu lado e segura minha mão.
— É sobre minha família, eu preciso descobrir. Eu juro que, se chegar ao limite, eu paro.
Evan assente com a cabeça, e eu forço um sorriso, tentando provar que estou bem.
No dia seguinte, eu estava em casa lendo um livro enquanto meu marido estava no trabalho. Aos poucos a ansiedade sobre aquelas fotos tomou minha mente e apertou meu peito, respiro fundo tentando me recuperar.
Enquanto eu tentava recuperar a calma, a porta de entrada se abriu abruptamente. Minha mãe entrou, com o olhar cheio de raiva e preocupação.
— Daria! O que você estava pensando ao mexer naquele baú? — sua voz tremia de raiva. — Não adianta negar, eu sei que foi você!
Senti um frio na barriga. Não havia como escapar daquela conversa.
— Mãe, quem é Suri? Por que minha irmã estava lá nas fotos? — a pergunta saiu como um grito desesperado.
Ela hesitou, a tensão no ar era palpável. Finalmente, com um suspiro pesado, disse:
— Suri é prima sua. O casal que você viu nas fotos eram seus tios também. Eles se mudaram depois do desaparecimento de Suri.
A revelação me atingiu como um soco no estômago. Eu m*l conseguia respirar.
— E minha irmã? Como ela morreu? — a voz tremia.
— Ela... ela morreu atropelada enquanto brincava no parquinho. Correu atrás da bola dela, Daria... — A voz da minha mãe era apenas um sussurro, mas suas palavras ecoaram em minha mente.
A realidade me esmagou. A conexão que eu não queria aceitar agora me paralisava. O nervosismo tomou conta do meu corpo como uma onda avassaladora. O coração disparou, e a pressão aumentou.
— Mãe, eu... — tentei falar, mas a visão começou a turvar.
De repente, senti uma dor aguda. Era como se todo o meu corpo estivesse gritando. Minha mãe, rapidamente percebeu meu estado.
— Daria! O que está acontecendo? — ela se aproximou, alarmada.
A dor aumentou, e eu caí de joelhos. O medo se espalhou pelo meu corpo. O parto de emergência se aproximava, e eu sabia que estava em risco por conta do constante estresse e esforço.
— Chama uma ambulância! — gritei, minha voz repleta de pânico e dor.
A cena se desenrolava em câmera lenta. Eu estava ciente de tudo, mas a dor me fazia perder o controle. Sentia a pressão aumentando, como se meu corpo estivesse em conflito. A vida que carregava dentro de mim lutava para nascer, mas o caos ao meu redor tornava tudo ainda mais difícil.
Finalmente, as sirenes ecoaram à distância, e a dor se intensificou. Quando a ambulância chegou, fui levada rapidamente. O ambiente era um turbilhão de gritos e instruções.
— Daria, respire! — disse uma enfermeira, tentando me acalmar.
Com o coração na boca, eu me esforçava para permanecer consciente, pensando na vida que estava prestes a entrar no mundo.
Após o que pareceu uma eternidade de dor e desespero, ouvi um choro. O choro de um bebê. Meu bebê.
— É uma menina! — anunciou um dos médicos, e a alegria brotou em meio ao medo.
Meus olhos se encheram de lágrimas. Apesar de tudo, eu tinha conseguido. A tensão e o medo começaram a ceder, e eu finalmente me permiti relaxar.
Em uma fração de segundos minha visão fica turva e tudo ali escurece. Após alguns momentos acordei com um puxão, como se estivesse sendo arrastada para fora de um curto sonho profundo. A luz do ambiente era ofuscante, e a realidade começou a se desenhar lentamente à minha volta. A ambulância estava em movimento, e eu podia ouvir as vozes dos paramédicos ao meu redor.
— Precisamos estabilizá-la! — disse um deles, enquanto o outro monitorava os sinais vitais.
Senti um frio intenso correr pelo meu corpo. A última coisa que me lembrava era da dor, da luta pela vida do meu bebê. O peso do estresse e da força que empreguei no parto haviam sido demais para mim. Meu coração acelerou, mas logo o mundo escureceu novamente, e desmaiei.
Quando recobrei a consciência, estava em uma sala de emergência do hospital, cercada por máquinas bipando e médicos em ação. O cheiro do desinfetante me envolvia, e eu me lembrei do que havia acontecido. A dor ainda persistia, mas uma nova sensação dominava meu peito, uma mistura de preocupação e alívio.
— Daria! — a voz de Evan ecoou pela sala, e meu coração se iluminou ao vê-lo.
Ele parecia um pouco desarrumado, a gravata desgrenhada e o rosto preocupado. Corria para meu lado, e o alívio em seu olhar me fez sentir um pouco mais forte.
— O que aconteceu? Você está bem? — perguntou ele, segurando minha mão com força.
— O bebê... — consegui murmurar, tentando focar nos meus pensamentos.
— Ela está bem, Daria! Nasceu com sete meses, mas os médicos estão cuidando dela. — Sua voz tremia de emoção, e eu senti um peso se levantar dos meus ombros.
Os médicos se aproximaram, e um deles explicou:
— A sua filha teve algumas complicações por causa da prematuridade, mas está estável. O seu desmaio foi causado pelo estresse e pela força que você fez no parto. Seu corpo não aguentou tanto esforço.
O alívio se misturou à ansiedade. Lembrei-me de tudo o que havia passado e como cada segundo parecia uma eternidade. O peso da descoberta sobre Suri e minha irmã ainda pesava em meu coração, mas a vida que havia acabado de trazer ao mundo era minha prioridade.