📓 Adriel Ela riu. De verdade. Aquele tipo de riso que a pessoa solta quando esquece por um segundo o peso da vida. E foi ali que eu percebi o barulho mais bonito do mundo não vinha do mar, nem da cidade. Vinha dela. Fiquei olhando de canto, disfarçando. A luz dos postes cortava o carro em faixas douradas, batendo de leve no rosto dela. Cabelos bagunçados, olhar inquieto, dedos brincando com a tampa da garrafa. Seraphina era o tipo de mulher que tentava se esconder dentro do próprio corpo e, ainda assim, chamava atenção até do vento. O motorista virou pra mim e perguntou: — E aÃ, chefe? Pra onde? — Parque Trianon. — respondi, sem pensar muito. Ela me olhou como se eu tivesse acabado de dizer que ia levá-la pro inferno. — Um parque? De noite? — questionou, franzindo o nariz.

