📓 Isabela — O Restaurante Áurea O salão do Áurea parecia outro planeta. Tudo brilhava das taças ao sorriso engessado do garçom que correu pra abrir a porta. O ar tinha cheiro de vinho caro e ego inflado. As conversas eram sussurros educados, o tipo de voz que parece ter medo de soar pobre. Eu e Sera trocamos um olhar que dizia tudo: “A gente não pertence aqui.” Mas entramos mesmo assim. Assim que a gente passou da porta, um garçom elegante surgiu terno preto, cabelo lambido, sorriso profissional. — Boa tarde, senhoras. Têm reserva? Sera congelou. Eu senti a mão dela agarrar meu braço como se pedisse pra correr. Mas não corri. — Não temos, não. — respondi com um sorriso leve, erguendo o queixo. — Mas podemos ter uma mesa, certo? O garçom hesitou por um segundo. O olhar dele d

