Capítulo 6

1236 Words
Darius deu um passo adiante, mas isso fez com que Gisele se levantasse bruscamente, quase tropeçando. Isso fez balançar o apoio do soro em seus braços e Darius parou de se mover quando percebeu que a humana simplesmente se colocou em risco, por puro medo. Sendo assim, ele apenas a observou com cuidado e se curvou lentamente, sem tirar os olhos dela. — É meu dever, como capitão, não prejudicar a espécie humana. — Ele soltou com a voz grave, mas em um tom como se ela andasse em veludos sonoros. Seu olhar era sereno, mas suas feições refletiam decepção. — Não é necessário que se mova por medo, receio ou insegurança. Está colocando em risco sua própria adaptação em Starian quando o faz. — Ele olhou para o soro esticado e ela percebeu, deu um passo de volta para a cama e continuou paralisada o olhando. — Estou aqui apenas porque fui informado de que a humana desejava ter a palavra comigo. — Ela não moveu os lábios, apenas ficou olhando. — Há algo que deseja me falar? Gisele piscou. Piscou e engoliu em seco, para no final apenas fazer uma negativa com a cabeça, quase imperceptível. Darius pareceu se decepcionar ainda mais. E sem nenhuma palavra, ele deu um passo adiante, passou pelos os olhos de Gisele e quando tocou na maçaneta, a voz da mulher finalmente saiu. — Obrigada. — Ele olhou para trás e encontrou os olhos claros da humana. — E me desculpe. — Os olhos de Gisele se encheram de água. — O que nos contam sobre os Starianos são coisas horríveis. Eles não dizem que homens dourados se tornam heróis, que lutam por nós e que salvam a gente. — É porque não somos homens. — Ele respondeu sério. — O seu povo, vendeu sua espécie por uma grama do nosso metal mais barato. Não somos nós as aberrações. Darius saiu da sala, não bateu a porta, mas assim que a fechou sentiu fúria. Ele estava nervoso. Ele se via completamente com os ânimos exaltados com a recusa da humana pela sua espécie. Aquilo, de certa forma, o incomodava. No entanto, ele não estava ali para se deixar abalar pelas opiniões de uma única humana. Logo a sua escolhida sairia da quarentena, e nela ele teria de focar. Não em Gisele. — Capitão Darius! — Um Stariano de farda n***a chamou sua atenção, o fazendo focar em seu trabalho. — Volkon o está chamando. (...) Darius sequer se movia. Ele nem mesmo percebeu o brilho em seus olhos e a paz que aquela imagem passava para ele. Não só pelo instinto da esperança e a vontade de viver, mas ver Star o fazia pensar em um futuro, em gerações, em vida para todo o planeta… Star era o bebê azul mais bonito que já vira em sua existência. O berço planava em tons brancos e dourados, cheio de lençóis macios enquanto ela dormia calmamente. De orelhas pontudas, ela chupava seu dedo e mostrava a mesma pele grossa que Volkon, parecendo-se totalmente com um bebê Stariano. Ele tentava encontrar os traços humanos, mas a bebê era o verdadeiro reflexo de Volkon. — Eu queria que Áries não tivesse cometido os crimes que cometeu, para que pudesse agraciar o que vejo agora. — Darius levantou os olhos, recebeu a mão de Volkon em seu ombros e o consentimento do azulado. — Eu sinto muito por isso. — Não sinta. Sabe que foi ele quem avisou Galak sobre você, não sabe? — Darius confirmou. — Existe esperança para ele, mas veremos. O Exílio pode lhe fazer bem por um tempo. Volkon deu a volta no quarto do bebê, sendo um gigante fardado enquanto Darius olhava ao redor. Tudo era muito sofisticado, com muitos retoques humanos, tecnologia e espaço para um gigante azul. Ele caminhou para fora do quarto, seguido de Darius e o levou para uma sala de estar, onde procurou por uma bebida e permitiu que Darius se sentasse. O complexo que estava em processo de construção era um alojamento mais seguro, de difícil acesso e com várias casas futuristas. Imagine um bairro de grande escala, dentro de muros altos e segurança máxima. Estavam construindo um confinamento, para a segurança de um futuro melhor. Ao menos era nisso que acreditavam. — Não ocorreu por um breve momento que Korbius podia estar na cabeça dele? — Volkon concordou com a suposição do Stariano dourado. — Ele confessou que foi liberto, mas que já era tarde para interromper os planos e que tentou intermediar as duas situações. Um grande erro. O i****a tentou se livrar da mentira, mentindo mais. — Volkon entregou uma taça prateada para Darius, que se sentou a sua frente e bateu uma taça na outra para depois sorver o conteúdo de uma única virada, assim como Darius. — Apesar de tudo, ele entregou sua mente para Galak. O Lorde Stariano não pretende mover Áries por enquanto. — Darius apenas assentiu, enquanto depositava a taça na mesa ao lado. — Sabe porque está aqui, não sabe? Sei que já recebeu sua honra pelo mérito, mas se saiu muito bem com a missão e as humanas. — Eu dei o meu melhor. — Ele respondeu sério. — Eu confesso que agi confiando em Áries, Galak e nas informações que deixei para trás. — O Goldarx olhou ao redor da sala, com fotografias de Elaine e Volkon espalhados pelo ambiente, um robô auxiliar limpando a casa e um nó dentro de si. — Porque me chamou aqui? — Ele mirou em Volkon e o fitou sério, olhando com cuidado para a porta que dava acesso à Star. — Eu não acho que me chamaria para sua casa para contar sobre táticas de guerra e a traição de Áries dentro da sua casa. O Gigante azulado se levantou, respirou fundo e foi até o amplo espaço à beira da janela, cruzou os braços e observou a construção entre Starianos e máquinas mecânicas e inteligentes, levantando muros e carregando cargas. E depois de um eterno silêncio, Volkon resolveu mover os lábios. — Quando saiu daqui, me perguntou exatamente o que tinha que fazer. E eu respondi que não havia nada que pudesse ser feito. — Ele olhou para trás e percebeu Darius atento. — Faça tudo, Darius. Faça tudo o que puder fazer. — Ele voltou a olhar a janela, ouviu Darius se levantar e observou o refleto do Goldarx se aproximar através da janela. — Eu não quero que minha filha cresça entre muros, com medo de seus irmãos. O futuro de Starian não será resolvido com apenas com nascimentos, e só depois que ela nasceu que eu percebi que não se trata apenas da missão. Tem uma fodida rebelião me assustando lá fora. Darius piscou e engoliu devagar, ele olhou para trás e mirou o barulho de Star acordando, enquanto Volkon não se importava de deixar o escamoso dourado para trás e socorrer ao chamado da pequena. E de repente, voltou a olhar a construção massiva à sua frente. Volkon estava num ponto alto onde podia-se ver estrategicamente o campo em construção, onde futuramente abrigaria várias famílias mestiças. E Darius sentiu o peito pesar, porque ele entendeu Volkon. Eles ficariam ali. Presos. Pro resto da vida se a situação política não mudar. Eles teriam que gerar filhos e matar seus iguais em prol de suas próprias vidas. Uma guerra de ciclo infinito.
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