Capítulo 2

2034 Words
As mulheres pisotearam a placa de aço, subindo a rampa acompanhada de alguns agentes espaciais. O compartimento de entrada era um tanto sombrio, tinha pouca luz e o embarque era sob a luz das estrelas; tendo como testemunha apenas o luar calmo de seus futuros destinos. — Em frente. — Ordenou Trant, o comandante que ordenava o comboio de guarda que enviariam as mulheres para os alienígenas. Elas vestiam um traje de prata, entalhados em detalhes negros com o símbolo de associação terráqueo-alienígena no peito. Adentraram a nave para o primeiro acesso e uma das moças reparou que o lugar podia ser muito maior do que parecia, mas foram ordenadas que sentassem, onde os agentes do vôo espacial se propuseram a lhes prender seguramente, cada uma no seu acento. — Não precisamos vestir o capacete? — perguntou uma delas. — A nova tecnologia será aplicada assim que subirmos as portas. — Um oficial aguardou a saída de Trent e passou a ditar andando de um lado para o outro, mantendo os braços para trás e comunicando as novas, como se elas fossem seus futuros soldados. — Quando todo o compartimento for fechado, será liberado internamente oxigênio o suficiente para executar a viagem de ida e volta, tranquilamente. Não dispensem o uso do capacete até segundas ordens. Como foi passado nos exercícios de preparação, em casos extraordinários, será aplicado o uso emergencial reserva de seus trajes; mantendo assim a vida e a segurança de todos. Nossa aliança com os alienígenas são amigáveis, como puderam ver no processo de seleção. Mas será perguntado novamente; Alguém deseja desistir? Uma mulher levantou a mão, o homem parou de andar e a olhou com cara feia. — Eu não quero desistir, eu quero fazer uma pergunta. — Faça. — E se quando chegarmos lá, não for exatamente como pensamos? E se quisermos voltar? — O direito de desistência está em terra. Starian tem um acordo limpo com nós, humanos. Quando pisar em Starian, não terão mais a proteção e nenhum direito humano a seu favor. Assim como nós não interferimos na vida Stariana, a vida Stariana não interfere na vida humana. — Isso foi passado no documento — contou outra mulher —, mas acontece que é passado muito pouco da vida lá fora. Aquele homem não estava com o mínimo de saco pra nenhum tipo de manha ou arrependimento. Ele tinha ordens para se manter pacífico, uma vez que eles tinham ciência de que Starian possuia poder de ataque inúmeras vezes maior, se quisessem acabar com a terra. Então o acordo tinha de ser de forma pacífica. No entanto, elas seriam enviadas à uma sala de memorização seca, caso desistam do projeto. Suas memórias seriam apagadas e elas seriam realocadas na sociedade como se nada tivesse acontecido. Se fosse, tinham que ir e ficar, sem meio termo. — Quem quiser desistir, é só dizer. — Ele se colocou em frente a mulher da última frase, colocou as mãos nas coxas e se abaixou o suficiente para ficar cara a cara com a moça. — Starian pode pegar a vida humana apenas para lhes arrancar o útero e colocar aquele monte de animais dentro de vocês, para fazer vários bebês alienígenas. E f**a-se. Todas vocês estão aqui porque querem trepar com aquelas aberrações. Não estão aqui para um passeio divertido no espaço. — Ei, é melhor calar a sua boca! — Interferiu uma outra mulher, tomando a atenção do homem. — Eu conheço a Elaine e sei da proteção alienígena. Se abrir a boca pra falar mais uma merda parecida com essa, eu mesma vou fazer com que Starian saiba o que estão fazendo com a gente na seleção. — O homem se levantou e Trant adentrou o espaço com o olhar cuidadoso. — Seu problema é que preferimos deitar com aberrações, do que com você! — Algum problema por aqui? — Perguntou Trant, um tanto preocupado. — Nenhum, senhor. — respondeu o oficial. — Ótimo. — Ele olhou para o oficial de um jeito desconfiado, depois para a mulher de um modo cuidadoso e se dirigiu a parede de mulheres sentadas. — Alguma desistência ou pergunta? — ninguém respondeu — Perfeito, então não vamos mais perder tempo. Eu desejo a vocês uma boa viagem. Os oficiais e o general garantiram a segurança de cada uma, testando e verificando se estavam devidamente presas em seus assentos. Silenciosas, elas permaneciam com seu nervosismo interno um tanto guardado para si, até que ouviram um barulho, sentiram a nave tremer e apertaram as mãos na liga do cinto que cruzava o peito. — Ainda dá tempo de desistir? — perguntou uma delas. — Está com medo? — perguntou uma outra. Não deu tempo de responder, elas sentiram os tremores da nave tocar em seus pés, a pressão lhes causou um pequeno desconforto na cabeça e logo sentiram uma turbulência. Não havia ninguém dentro daquela nave que não sentia o coração palpitar, inclusive Gisele, a quem adentrou na aventura calada e observadora, mas não conseguiu permanecer calada quando sentiu que a nave girava como se fosse um pêndulo giratório. Como o de um parque de diversão, sua cabeça ficou pendurada e o corpo preso apenas pela segurança dos cintos, fazendo a adrenalina e os tremores do seu corpo alcançar seus alertas. E Gisele gritou, levando consigo um coro de gritos. As luzes piscaram, o ar ficou levemente mais rarefeito e o grito persistiu até a estabilização da nave. Gisele parou de gritar, as luzes pararam de piscar e a porta foi aberta, onde a visão de Trant se fazia preocupada e atenta. — Aconteceu alguma coisa? — Ele e mais dois oficiais apareceram, esperando por qualquer tipo de perigo. — Viramos de ponta cabeça, sentimos a turbulência, o ar está mais rarefeito e o meu coração vai sair pela garganta! — gritou Gisele, totalmente assustada e chorona. — Vocês passaram pelo exercício de vôo e respiração, não passaram? — perguntou Trant. — Passamos sim senhor, mas a realidade é bem diferente. — respondeu uma outra mulher olhando pro lado, assim que uma outra se livrou do capacete as pressas e simplesmente vomitou. — No que eu fui me meter… — resmungou o homem fazendo uma negativa e colocando a mão na cintura, um tanto cansado. (...) Darius estava dentro de sua cápsula de descanso. Dentro do compartimento metálico havia uma aglomeração específica de oxigênio para o Goldarx manter-se ativo e preparado. Ele se cansaria muito mais de fazer seus exercícios fora dela do que dentro. Por tanto, o escamoso fazia suas flexões procurando fazer com que sua pele um tanto escamosa suasse. Sendo um espécime mais difícil de transpirar, Darius procurava gastar sua energia de todas as formas, uma vez que ele necessitava causar suor para eliminar as toxinas diárias absorvida pela sua espécie constantemente. Ele é um ser camuflável, peçonhento e com pigmentos na pele semelhante a escamas. Uma vez que ele flexionou os músculos rígidos contra a base e aproximou a caixa torácica no chão, Dariu olhou para o exato momento em que uma gota de suor escapou de seu nariz e pingou contra o aço interno da cápsula. Estava feito, estava suando o suficiente para se sentir bem. O Goldarx Tinha uma estrutura física menor na região da cintura, distendendo o espaço e tamanho conforme os músculos laterais desenhavam seu triângulo corporal. Ele piscava rapidamente, ao ponto de se pensar que o Goldarx jamais fechava os olhos e tinha uma língua perigosamente cumprida. A ponta se dividia em dois, só que a mesma só se via para fora de sua boca em raros casos, mas este era apenas um detalhe, que não lhe fazia agregação nenhuma em campo de batalha. Um detalhe um tanto interessante da parte do Stariano, era os seus sentidos aguçados. Ele soube que entrariam em sua cápsula antes mesmo de se aproximarem da porta. Ágil, enquanto ele se via observador e concentrado em ouvir alguns passos se aproximando, Darius usou sua camuflagem, moveu-se tão rápido quanto o acionamento da porta e foi para o canto da cápsula; onde o invasor apenas adentrou o espaço e se manteve com um aparelho nas mãos, tentando entender se seu detector de espécimes estava funcionando. Darius era imperceptível aos olhos Starianos, mas a tecnologia poderia capturá-lo. E como previsto, o aparelho apitou. No entanto, antes mesmo do invasor conseguir agir, pensar, ou se mover, ele sentiu um baque na estrutura muscular da nuca, arregalou os olhos e cuspiu o sangue n***o pela boca, caindo morto ao chão. O invasor camuflado de aliado se estendeu mórbido aos pés do Goldarx, e ele viu o semblante minúsculo da marca dos aliados de Korbius impregnado na pele arroxeada do inimigo. Vagarosamente ele se abaixou, mexeu nos bolsos no Stariano morto e encontrou o que precisava, um comunicador entre a base inimiga e sua nave. Incomodado por ter um corpo que não poderia remover do chão de sua cápsula, Darius passou por cima do Stariano, recolheu sua roupa em cima da caixa de repouso e se vestiu conforme o programado para sua rotina. E saiu, como se nada tivesse acontecido. Ele colocou sua máscara de oxigenação econômica, fechou a porta de sua cápsula e olhou para frente, adiante a mais um dia dentro da espaçonave, próxima ao momento da captação das humanas. — Capitão Darius. — cumprimentou um dos tripulantes assim que ele atravessou a porta principal, se dando de encontro com os condutores da grande espaçonave. No entanto, ele não retribuiu o cumprimento, parou no centro da sala e tirou a máscara do rosto, respirando fundo e mostrando aos tripulantes que sua espécie respiraria ali por mais tempo do que qualquer um. Sem entender o que houve, um a um foi deixando de fazer sua tarefa, observando o semblante sério do capitão e sua nova ordem. — Muito bom dia, tripulantes. É com a maior honra que eu anuncio o meu comando de auto destruição. Ninguém respondeu, ninguém se moveu, mas alguém perguntou. — O quê? — Temos infiltrados da rebelião dentro de nossa nave. O intuito do inimigo é chegar até os humanos, matá-las e depois nos destruir ainda no meio da constelação perdida. — Darius tirou de dentro de seu bolso um chaveiro circular que costumava vestir nos dedos e se distrair, e com isso passou a girá-lo, enquanto colocava seu pensamento no lugar e ditava seu mais novo plano. — Como um cidadão Stariano, soldado de honra e capitão por mérito, eu digo que não destruiremos o futuro de nossa raça e não acabaremos com a esperança da vida, mas daremos ao inimigo a morte que ele tanto deseja. Destruam a nave, nós cairemos e o inimigo não terá seu objetivo alcançado. Sacrificaremos uma tripulação, para manter toda a raça viva. A tripulação se entreolhou, Darius parou de se mover e voltou a colocar sua máscara, observando cuidadosamente quem estava nervoso, inseguro e até tremendo com a ordem. — Temos um juramento a cumprir! — gritou um tripulante, bateu a honra em seu peito e concordou imediatamente. — Por Starian. Pela vida. Por Elaine! — Se morrermos, morreremos com honra! — gritou um outro. E no segundo seguinte, um tripulante nem mesmo pensou duas vezes e saiu correndo, batendo com suas botas contra o chão, mostrando todo seu pavor com aquilo. E Darius sorriu. — Quanto tempo até chegarmos à base de troca? — ele perguntou para um tripulante. — Quatro raios de distância, senhor. — o Stariano ainda tentou — Se acionarmos o processo de destruição, não existe retorno. Devo acioná-lo? — Sim, deve. — Ele virou as costas, pegou o comunicador do inimigo do bolso e olhou para trás quando alguém fez mais uma pergunta. — O que faremos durante esse processo? — Usem os comunicadores para fazer contato. Mostrem ao mundo que uma tripulação inteira irá morrer pelas mãos de Korbius. Morram e deixem que nossos amigos em Stariam tenham a chance de continuar nossa missão. — E o senhor, o que irá fazer? Não vai ligar para um ente familiar? — perguntou um Stariano, então ele voltou a andar e ainda suspirou. — Não. Irei salvar nossas vidas. — E Darius saiu, os deixando totalmente confusos.
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