Capítulo 16 – Sou uma tola por você

1084 Words
Mia se levantou da cama, o coração acelerado e a mente em conflito. O que ela deveria fazer? A raiva de ser ignorada, de ser tratada como se fosse uma mera obrigação para ele, ainda ardia em seu peito. Mas a saudade, a saudade de estar com ele de sentir ele, estava ainda mais forte. Ele era seu companheiro predestinado, e ela sabia que a conexão entre eles era inegável, apesar de tudo que aconteceu no passado. — Eu sou uma tola por ele — murmurou para si mesma, os olhos fixos na tela. A saudade e a mágoa se misturavam, mas uma parte de Mia sabia que ela não poderia continuar sendo o retrato da dor. Ela queria respostas, queria entender por que Bryan tinha o poder de fazer seu coração se agitar daquela maneira, depois de tanto tempo de distância. A resposta veio na forma de lágrimas silenciosas. Mia se vestiu com um vestido simples, as mãos trêmulas, o corpo ainda dominado pela mistura de raiva e esperança que não queria morrer. A viagem até o Resort Blackwater foi um borrão de ruas iluminadas, motores roncando, batidas de coração que pareciam martelar contra as costelas, lembrando-a de cada mês de ausência, de cada hora de espera por um gesto, uma palavra, qualquer sinal dele. O Bar do Resort Blackwater era amplo, luxuoso, um espaço que exalava poder, riqueza e tradição. A área VIP, claramente demarcada, estava cercada por lobos da alcateia Blackwolf — irmãos, amigos, homens de presença imponente. O ar tinha o cheiro pesado de uísque caro, charuto e testosterona, misturado com a tensão que parecia vibrar no próprio chão. E então ela o viu. Bryan estava no centro de um grupo de familiares e amigos: Noah e Felipe, Ares e Atlas, Ben, Bran, Bernardo, Henry, Killian, Seth, Asher, Dante — todos lobos de prestígio, todos olhos nele. Ele estava reclinado em uma poltrona de couro, uma garrafa de uísque ao alcance, o colarinho da camisa desabotoado mostrando o peitoral dele , musculoso e bronzeado, os cabelos desgrenhados. A risada que escapava de seus lábios era alta, um pouco forçada, mas os olhos… os olhos azuis não mentiam. Havia ali algo mais: um brilho febril, selvagem e… perigoso. Ele conversava com uma mulher, e por um instante, Mia ficou imóvel, incapaz de reconhecer quem era, completamente hipnotizada pela figura dele. A mão da mulher tocou a dele, e Bryan retribuiu o gesto com um leve aperto. A raiva subiu pela garganta de Mia como fogo puro. Como podia? Ele desapareceu por meses, e agora estava ali, sorrindo para outra? Antes que pudesse recuar, seu olhar encontrou o dela. Os olhos azuis, vidrados pelo álcool, focaram nela como um raio atravessando a noite. A máscara de descontração caiu, substituída por uma possessividade crua e avassaladora. Um sorriso lento, perigoso, cruzou os lábios de Bryan. Ele se levantou, um pouco instável, mas com a graça predatória de um alfa. O bar inteiro pareceu silenciar. Todos sentiram a mudança no ar. — FINALMENTE! — rugiu sua voz, dominando a música e as conversas ao redor. — A mulher da minha vida está aqui! A declaração ecoou, cortando a área VIP. Por um instante, o silêncio foi absoluto. E então, os amigos e irmãos de Bryan explodiram em aplausos e risadas, batendo nas mesas e erguendo copos em celebração. Era o rei declarando a chegada de sua rainha. Mia congelou. O sangue parecia ter parado nas veias. Ela estava perdida, confusa. Isto não era o Bryan que ela conhecia. Era uma performance, uma farsa perigosa, intoxicante, que incendiava cada fragmento de sua razão. Ela pensou na música que ecoava em sua mente, quase como se fosse a trilha sonora daquilo tudo: “Eu pensei que nada poderia dar errado… Mas estava enganada. Se você tentasse não mentir, nada seria tão confuso… Eu não me sentiria tão usada… Mas você sabe que eu só quero ficar com você. Estou tão envolvida, uma tola por você… Você me tem na mão. Por que deixa isso se prolongar?” A voz dela, trêmula, silenciosa, parecia sussurrar essas palavras apenas para si mesma, mas cada sílaba era um lembrete da intensidade do que sentia. Dez meses de abandono, dez meses de perguntas não respondidas, de espera, de saudade que ardeu em silêncio, tudo explodiu em uma mistura de raiva, desejo e confusão. Bryan avançou alguns passos em direção a ela, os olhos queimando, a presença dominando o espaço. Mika, sua loba, respondeu instantaneamente, o uivo silencioso ecoando no instinto de Mia. COMPANHEIRO, rugiu a voz interna, insistente, esmagadora, como se cada célula dela estivesse sendo puxada por ele. Mia se aproximou mais, os olhos fixos nele, cada passo acelerando seu coração. Quando Bryan finalmente a encontrou com o olhar, seus pés se firmaram, e ele se levantou com um salto predatório. Mas Mia não estava para surpresas ou charme: a fúria queimava dentro dela, fazendo sua voz ecoar pelo bar. — Que droga está acontecendo? — gritou, a raiva cortando cada palavra. — O que você está fazendo aqui assim, desse jeito? Bryan nem pareceu se importar. Seus olhos azuis brilhavam perigosos, e um sorriso lento e diabólico se formou nos lábios. — A noite acabou de ficar perfeita! — ele declarou para o grupo, sem sequer olhar para ela, antes de erguer Mia nos braços como um troféu. Os lobos uivaram e bateram palmas, incentivados pelo espetáculo de domínio do Alfa. Para Mia, foi um turbilhão. Vergonha e constrangimento se misturavam com algo primitivo e proibido despertado por aquela demonstração pública de posse. Mika, dentro dela, não rosnava de protesto, mas uivava confusa, atraída pelo poder e pela força bruta de Bryan. Antes que pudesse pensar em qualquer reação, ele cruzou a distância em passos largos, os olhos nunca se desviando dos dela, o brilho diabólico intensificando-se a cada passo. Sem cerimônia, sem aviso, ele se curvou e a ergueu no colo, como se ela não pesasse nada. — aaaah! — Mia soltou um grito de surpresa, os braços se enrolando instintivamente em torno do pescoço dele, tentando manter o equilíbrio. O mundo girou ao seu redor. Ele a carregou pelo corredor, e ela sentiu cada músculo do corpo dele como se fosse uma extensão de seu próprio instinto. O destino parecia certo: ela sabia que ele a levava direto para algum quarto do resort, e cada segundo deixava seu coração mais rápido, uma mistura de medo, raiva e uma centelha indomável que se recusava a ser apagada.
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