Carol O clima na casa mudou. Depois que Gabriel foi baleado e eu o salvei, houve uma calmaria estranha. Como o silêncio antes da tempestade. Ele estava mais calado, mais observador. E eu... eu evitava ficar sozinha com ele. Não era medo. Era algo mais difícil de explicar. Era o sentimento de estar acorrentada a alguém que me queimava por dentro. O toque dele ainda vibrava na minha pele, mas minha mente gritava por distância. Porque cada vez que nossos olhos se encontravam, algo mais em mim se perdia. Passei a circular pela casa com mais cautela. Nos primeiros dias, Gabriel ficou em repouso e eu o ajudei — por instinto, por dever... por algo que eu não queria nomear. Mas agora ele já se movia sozinho. E toda vez que me via, o olhar dele era uma lembrança viva do que houve entre nós.

