Carol
O sol começava a nascer quando ouvi o primeiro murmúrio: “Olha lá, é a mãe do morro.”
No beco, um grupo de mulheres se juntava em volta de mim, rostos marcados pela vida difícil, mãos calejadas pela labuta. Algumas carregavam livros antigos, outras traziam cestas de legumes. Mas todas me olhavam de um modo diferente: agora eu não era apenas a esposa do chefe, mas uma presença materna, um refúgio.
— Dona Carol, a senhora tem um minuto? — perguntou Dona Jurema, a líder informal do bloco 7, segurando minha mão com força.
Ela era uma mulher pequena, olhar firme. Quando Gabriel se feriu, ela trouxe remédios caseiros para cuidar do ferimento dele. Agora, veio me pedir ajuda.
— Claro — respondi, ainda surpresa. — O que houve?
— O neto da dona Maria não voltou ontem. Sumiu no meio da m
