Carol A noite caiu pesada sobre a Rocinha, como um manto de chumbo que amaldiçoa cada viela. Eu sentia o peso dos olhares, o sussurro do medo se insinuando entre as portas e frestas. Desde que assumi ao lado de Gabriel, aprendi a confiar no silêncio — mas também aprendi que, no morro, o silêncio pode esconder o mais letal dos inimigos. Tudo começou com uma palavra. Foi Dona Jurema, minha “minha mãe do bloco”, quem me alertou: “Dona Carol… ouvi gente falando que munição tá sumindo do depósito. E não é pouca. Tão sacaneando o Senhor Gabriel, mas ninguém sabe direito quem mexeu lá.” No instante em que ela proferiu “ménage”, senti um calafrio. A traição corria solta. Como se alguém se atrevesse a abrir ferida atrás das minhas costas. E não suportaria isso. Fechei a porta da sala de contro

