Carol A Rocinha nunca pareceu tão grande. Tão cheia de olhos, de sombras… e de becos sem saída. Corremos como fantasmas naquela madrugada, eu e Luciana, com o coração disparado e as pernas tremendo, atravessando as vielas apertadas, pulando sobre telhados baixos, desviando de latas de lixo e buracos esquecidos pelo tempo. O cartão de acesso ainda estava em minha mão. Mas agora… já não importava mais. A liberdade tinha gosto de sangue na boca. E cheiro de pólvora no ar. — É por aqui! — Luciana gritou, apontando uma escadaria úmida entre dois muros grafitados. — Tem certeza? — Fica perto da casa de Rafael. Se ele ainda estiver lá, a gente pega ele e sai pela viela do hospital! A esperança reacendeu por um segundo. Ver meu irmão. Tirar ele dali. Começar do zero em algum lugar onde

