Muralha narrando Eu saí da padaria com a Mariana presa no meu braço, mas parecia que eu carregava uma tempestade nos braços. A menina gritava, esperneava, batia no meu peito, implorava pra voltar pro pai. E eu só conseguia pensar no peso que aquilo ia ter na vida dela. Não tinha nada no mundo que pudesse prepará-la pra ver o homem que ela chamava de pai, o homem que criou, amou e sustentou ela, largado no chão com a cabeça estourada. Aquilo não era cena nem pra adulto, imagina pra uma adolescente. Ela se debatia com força, me arranhava, socava meu peito, implorando: — Me larga! Eu quero o meu pai! Eu quero o meu pai! E cada palavra dela rasgava meu peito, porque eu sabia exatamente o que era aquela dor. Eu também tinha perdido meu pai. Só que no meu caso, não só perdi. Vi ele ser ent

