Muralha narrando
Eu não sei explicar como cheguei tão rápido na favela. Só sei que quando subi, vi a cena da Bárbara escurraçando os moleques com a fúria que só ela sabe ter. E, pra mim, não tinha nada de errado naquilo. Muito pelo contrário: ela tem que se impor, tem que falar, porque não é peso morto do meu lado. Ela é minha mulher e, querendo ou não, o morro tem patroa. Não importa se eu já oficializei ou não, todo mundo sabe. E se alguém ousar desrespeitar, vai pagar caro. Eu não tolero desaforo contra mim, muito menos contra ela.
E a verdade é que a Bárbara sabe se impor. Ela tem presença, sabe onde pisar, sabe até onde vai a linha. Não é só gritar por gritar. Ela tem postura. Foi embora ainda fervendo de ódio, mas com a cabeça erguida, e eu entrei pra minha sala junto com o Lobo.
