Capítulo 3

1591 Words
Ele fica estático. -O que você disse? Levanto a cabeça da melhor forma que posso de forma confiante e me imponho sobre ele do melhor jeito que consigo, mesmo que meu medo esteja fazendo meu corpo me trair. -Você me ouviu, não quero mais esse relacionamento. Estou cansada disso e não engulo mais suas desculpas. Você não vai mudar, e eu não quero que você me machuque mais. As coisas não vão bem entre nós tem um tempo, então eu prefiro acabar logo com isso. -Você....realmente acha que pode terminar comigo Cass? Dizer que quer acabar com tudo que temos, virar as costas e agir como se eu fosse nada!?-sua voz soa sombria quando ele diz isso, e no pequeno cubículo em que estamos, sinto como se ela ecoasse e tomasse todo o espaço restante. -Você tem outra pessoa não é?? me fala? QUEM É??Era aquele escroto do lado de fora ou há mais alguém sua p*****a? Eu tento ir o mais rápido que consigo para a porta, mas ele só se enfia na minha frente e segura meu rosto, me obrigando a olhá-lo nos olhos. -Não tem NINGUÉM Steven! Eu já disse. Me deixa sair. Ele passa um tempo calado, só me encarando. É como se tivesse me checando, tentando ler meus pensamentos. Eu não me atrevo a dizer qualquer coisa sobre sua inspeção, até que ele começa a fazer não com a cabeça. -Você não está pensando direito. Você é minha e está se esquecendo disso, vou fazer você se lembrar a quem esse corpo pertence. Depois disso, ele agarra meu suéter com tudo, abrindo com força e eu ouço meus botões voando e caindo o chão de cimento, o desespero me bate imediatamente e eu grito alto, ele agarra minha blusa e quando ele vai dar um puxão, eu faço a única coisa que eu poderia fazer. Torcendo muito pra que não errasse meu, essa seria minha única chance. Eu chuto bem no meio de suas bolas.Penso em fechar os olhos para não ver o resultado, caso eu tenha errado. Mas eu não erro, o som se algo sendo esmagado é feio e ele cai no chão de joelhos enquanto eu começo a correr o mais rápido que posso. Eu corro, corro e corro pelos corredores cheio de curvas e Parafernálias que só me atrapalham no caminho, torcendo pra também atrapalharem Steven do mesmo jeito, quando ele conseguir se recompor. Eu rezo, rezo pra entidades que nunca acreditei pra encontrar a saída desse lugar antes que eu seja encontrada. Eu corro como se minha vida dependesse disso e talvez realmente dependa. Aconteceu tudo tão rápido, e hoje de manhã está um dia tão calmo a ponto de ouvir passarinhos na minha janela. Eu levantei da minha cama pensando no meu encontro aqui hoje, e como torcia para que as coisas dessem certo, que eu e Steven conseguíssemos nos resolver. Me depilei todinha só pra chegar nessa situação, fugindo do maluco do meu namorado. Depois de hoje com certeza ex. Meu Deus, se eu sair viva daqui eu nunca mais vou olhar na cara dele pelo resto da minha vida. Os corredores são estreitos, e agora eu me sinto verdadeiramente assustada, de uma forma que nunca estive antes com as manchas de sangue na parede e os jornais picotados que escrevem várias mensagem como "ele vai pegar você" e "há olhos em toda parte". Dos esqueletos de plástico aos fantasmas com tecidos pretos rasgados, tudo aqui me sufoca parecendo que vai me agarrar e me esquartejar. Nada nunca foi tão realista pra mim, nenhum medo primordial nunca foi tão real assim. Minha respiração é pesada e rápida com a adrenalina correndo em minhas veias e meu sangue muito muito quente, e alerta, só pensando em fugir e me esconder. Eu rezo para os demônios escondidos em cada canto desse lugar abandonado para que eu não seja encontrada. -CASS VOCÊ VAI SE ARREPENDER DISSO! PARE DE MENTIR PRA MIM E ME DIGA QUEM É O DESGRAÇADO! ME DÊ O NOME DELE E EU PROMETO QUE TUDO VAI FICAR BEM. Sua voz ecoa pelos corredores. Parece que esse lugar acaba de ganhar o monstro que faltava. Eu passo por salas e mais salas sem saídas. Passo por mais decorações macabras uma atrás da outra e nada da saída. Eu esbarro em uma bruxa de plástico em uma sala vazia. Chegando perto dela agora eu percebo o quanto ela deve ser antiga. A poeira em cima dela não é só parte do cenário, e isso dá pra se ver graças aos amarelados no plástico grosso e as teias de aranha com aranhas de verdade por toda ela. A quanto tempo alguém não arruma esse lugar? Sem ter muito mais escolhas, eu tento arrancar a cabeça da velha bruxa com um puxão. Esses bonecos antigos costumam ser pesados, e isso parece mais efetivo do que foices de papelão e fantasmas de tecido. Saio da sala com minha nova arma improvisada e ainda tenho mais opções de corredores pra seguir. Não se percebe do lado de fora o quando esse lugar é GIGANTE, mas quando se está dentro e todas as paredes parecem iguais, me sinto dentro de uma Backroom. Os passos de Steven ecoam tão alto que é como se ele estivesse exatamente atrás de mim. Desço uma pequena escada e cego ao fim do corredor, que parece não ter saída alguma. No desespero e ainda ouvindo os sons de passos, entro na única porta que vejo. Mais uma com marcas de sangue nela toda. Dou uma olhada muito rápida na sala, que era do mesmo tamanho das outras, quase sem iluminação alguma. Vejo uma sombra bem grande no meio da sala que imagino ser mais um boneco, e logo me viro pra direção da porta. Eu fecho com um trinco muito enferrujado que não deve aguentar mais que dois chutes e já me ponho em posição de defesa, com minha cabeça de bruxa nas mãos. Torço para que isso tenha um efeito melhor do que só deixar Steven com mais raiva. Dou passos para trás, meus sentidos gritam: SOBREVIVA, e adrenalina corre solta pelas minhas veias. Eu esbarro em alguma coisa. Primeiro penso ser a parede, mas apesar da sala ser pequena, tenho certeza de que não era tão pequena assim. Antes de eu me virar para ver no que eu bati, eu sinto uma respiração bem atrás de mim, e congelo. Olho para trás quase em câmera lenta, e consigo ver... Não é um boneco, com toda a certeza. Está parado como se fosse um, mas seu peito se move pra cima e pra baixo, e seu rosto está voltado para minha direção. Ele é mais alto que Steven, usa suspensórios pretos e uma regata branca manchada de sangue -na verdade, ele estava todo manchado de sangue: das mãos até as pontas do cabelo escuro que caiam sobre uma máscara de palhaço assassino em seu rosto. Sua máscara tinha dois triângulos coloridos em baixo e em cima dos olhos que eram abertos, mas que eu não conseguia enxergar bem pela luz do local. Também tinha o nariz pintado de vermelho e o sorriso macabro que se espera de um maníaco, além de algo rabiscado nas laterais e manchas de sangue para combinar com todo o resto do visual. Ele segurava firme um machado com sua mão direita, que parecia a coisa mais realista que eu havia visto até agora entre todas as bruxas de plástico e o sangue falso das paredes. Ele também era forte o suficiente pra ser confundido com uma parede quando eu senti ele atrás de mim. E nossa...me fez pensar em coisas sujas por uma fração de segundo, antes que eu ouvisse passos e meu nome sendo chamado por uma voz furiosa Meu coração ainda era uma metralhadora dentro do meu peito. Eu não conseguia pensar direito. O homem misterioso na minha frente agora olhava tanto para mim quanto pra porta, ainda com o rosto escondido por trás da máscara e parado como se fosse um boneco. e então a porta se abre com um barulho muito alto e eu me viro de frente pra ela, me deparando com um Steven me encarando com aquele olhar terrível de novo. Acho que alguém está doido pra compensar o chute nas bolas. Não sei explicar minhas ações depois disso, e qualquer linha de raciocínio que tive. Sei que foi uma coisa bem ruim... bem, bem r**m. Mas eu imagino que eu pudesse culpar tanto a adrenalina quanto meus instintos de sobrevivência me guiando para algum jeito de sair dali ilesa. Eu precisava de algo que me livrasse, alguma coisa que distraísse Steven e talvez desse a ele outro motivo pra ficar com raiva que não seja de mim. Então pensei rápido e segui sem questionar. Esse cara com certeza saberia se defender melhor do que eu. Eu largo minha arma improvisada i****a e me viro de costas para Steven, enlaço o pescoço do homem misterioso e empurro a parte de baixo da mascara pra cima, revelando seus lábios que eu imediatamente beijo. Não me orgulho de minhas medidas desesperadas, mas eu prefiro sair como a errada do que bancar a boa menina e acabar com uma linha de hematomas roxos. O homem misterioso continuou parado. Estupefato eu diria, da forma que eu imaginei que ficaria, mas sou surpreendida quando ele abre os lábios e sinto sua língua querendo entrar na minha boca, e logo começa a corresponder meu beijo desesperado enquanto uma das mãos dele corre pela minha cintura.
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