Henrique O domingo amanheceu silencioso, com uma brisa leve atravessando as cortinas da casa grande. O som dos pássaros e do gado ao longe me lembrava que a vida seguia seu curso, mesmo quando a gente queria que o tempo parasse só pra consertar os próprios erros. Marina estava com a mala pronta. No fim, não precisou dizer nada. Me deu um abraço apertado na varanda, sorriu com carinho e apenas murmurou: — Cuida dela, Henrique. Se ainda tiver chance. Assenti em silêncio, observando enquanto o carro dela desaparecia na estrada de terra. Só então me permiti soltar o ar preso no peito. A verdade era que a presença de Marina só me serviu como distração. Ela entendeu desde o primeiro momento que meu coração — mesmo que teimoso — estava preso numa menina de olhos grandes e sorriso torto, que

