CAPÍTULO 2 - ANA

1706 Words
Observo a as meninas dançarem e olho para baixo, na barriga que agora está parecendo uma melancia, redonda e grande. Havia feito mais um dos exames pra comprovar o s**o. Era um menino. Seria um garotinho. Aquilo me deixava feliz e ao mesmo tempo pensando quando ele chegaria, teria mais quatro a três semanas pela frente agora. Falava algumas coisas antes, isso até eu ir para um apartamento duas quadras daqui, era um cubículo arrumado por mim e Fox. Dei um sorriso, vendo a música parar e as meninas fazerem um agradecimento antes de começar a irem pra casa. Quando Fox liberou a última se aproximou. Eu não sabia se agradecia ela ou apenas abraçava. Ela segurava as aulas agora nessa reta final da gravidez, ajudava também no financeiro, estipulou um valor mensal para as meninas a partir das despesas do lugar e pra me fazer ter uma renda. Ela parecia um anjo. - Prontinho, agora só na semana que vem. Estou morta. Mas as meninas estão tão melhores e tão satisfeitas - Falou, puxando a cadeira. - Amanhã venho antes do almoço, assim pegamos suas coisas e vamos pro apartamento de vez. Muito péssimo você ficar aqui nesse lugar todas as noites, em casa tem espaço, sabia? - Não vou atrapalhar ninguém, você já está fazendo demais por mim. Amanhã de manhã também chega as últimas coisas da criança. - Não vejo a hora de pegá-lo no colo, sabe que vou ser a madrinha mais chata que tem, não é? - Da um pouco de medo agora, sabe? De não conseguir, de fazer coisas erradas e perder isso tudo. - Ninguém nasce sabendo como funciona a maternidade, você aprende, assim como aprendeu a andar de bicicleta, de escrever e ler, de tudo. Você vai ser tornar mãe, não vai ser fácil, mas você vai fazer com vontade e dedicação. O resto você conquista aos poucos. A ligação de mais cedo com a mãe de Charlles me vem na cabeça, a forma que senti que ela chorava do outro lado da linha, praticamente implorando pra poder estar presente, que acreditava que tudo aquilo era uma bagunça. Bagunça de dois dos filhos dela, que não culpava ela, mas também não defendia. - A mãe dele me ligou. Deu um pouco de pena e pesar. - Ela vai ser avó, esse seria o primeiro neto dela. Acho que com dois filhos como os dela isso é um sinal bom pra ela. - Tenho medo de deixar ficar perto e... - Ninguém vai fazer nada com você e nem a criança. Nem tirar de você. - Eu vou fazer o DNA, vou entregar junto com o toxicológico que fiz lá atrás e aí vou limpar minha imagem pra todos. Nunca trai e nunca vou aceitar isso como uma imagem minha. - Disso que estou falando - Fox encara a tela do telefone e se move. - Amanhã tenho paciente até as dez, venho pra cá direto para podermos fazer a mudança, tá bom? - Claro, eu vou terminar de organizar tudo - Me levanto e vejo Fox sorrir. - Você ainda continua linda com essa barriga, sabia? A garota mais linda. - Pode até ser, mas vai dormir com ela, acho que é um pré treino pra não sufocar a criança quando nasce - Pego um casaco e coloco. - Vou te acompanhar até lá fora. Quando paro no portão vejo Fox entrar no carro dela e partir, respiro por alguns segundos e acaricio a barriga por cima da blusa. - Veja só que cena linda - Ergo o olhar para o homem que dá a volta em um carro preto, estacionado poucos metros de mim, que somente agora noto. Meu coração da um salto dentro do peito e eu dou um passo para trás. - Pai? - A surpresa de ver ele ali me toma. - Finalmente achei onde você está se escondendo esses meses todos. Não atende as ligações, sumiu no mapa, isso depois do divórcio e uma separação brusca. Não sei se fico bravo ou triste pelo seu empenho pela nossa família, agora grávida e divorciada, que coisa linda, ainda mais morando em um galpão velho reformado. Aquilo soa tão r**m, mas fico firme. Não abaixo a guarda. Tenho que ficar na posição. - O que veio fazer? Se for ver como estou, estou maravilhosamente bem, estou sadia, assim como meu bebê. - Pelo menos vai ser um herdeiro de um Pacini, já vele a barriga. - Se pensa que vai usar essa criança como fez com meus irmãos e até eu, está enganado, você não vai nem chegar perto. - Mas é o meu neto. - Não importa isso, se sua intensão for por interesse pai, esquece agora, não vai fazer a vida desse bebê r**m, não como fez com a minha. - Não seja tão ingênua filha, as coisas não são assim, estou aqui pra ajudar. - Nunca ajudou em nada, quer saber? Eu acho melhor você ir embora. Eu do as costas, ates que eu consiga fechar o portão, a mão dele impede. Encaro meu pai e vejo a sombra de raiva no rosto dele. Ele está contrariado por perder o laço social com a família de Charlles, até acho graça e bom, mas sei que a artimanha dele agora pode voltar direto para o bebê, nem morta eu deixaria isso acontecer. - Acho bom você me escutar, você tem uma mina de ouro dentro de você, seja esperta e aproveite a oportunidade, essa criança pode reforçar os laços que você quebrou se separando de Charlles. Fico tão chateada com o que escuto, respiro fundo e devagar, mantendo a calma e lembrando do bebê. - Nada mais me importa. Estou sozinha. Eu não estou nem aí pra você ou para Charlles, podem sumir da minha vida e fingir que nunca me conheceram, que eu nunca nasci ou existi. - Tem certeza disso? - Mais do que tudo. - Sabe, eu soube de boatos e até algumas coisas sobre esse filho não ser de Charlles, mas do irmão dele, não sei se fico otimista ou triste pela atitude baixa sua, logo você que precisou fazer testes pra comprovar a consumação do casamento - Ele dá um sorriso. - Pelo menos sei que isso não é verdade, conheço bem você, Ana, você ainda é minha filha, não teria coragem de trair nem mesmo o seu arranjo. Você não pode mudar isso e nem a coisa dessa criança ser meu neto. - O que quer dizer? - Que você vai fazer eles assumirem a criança e pedir o que é dela por direito. Dou uma risada, uma risada alta, sentindo até cócegas na barriga, como se o bebê também estivesse rindo da fala do meu pai. - Eu não vou fazer nada disso. Esquece isso de uma vez por toda pai, acabou. - Sabe que a vida de uma mãe solteira é r**m, não é? Imagina só que pena você não conseguir fazer o seu papel de mãe, ter seu filho longe e distante. Aliás, menino ou menina? A fala me deixa tonta. - o que quer dizer? - Que se você não fizer o que eu mando, eu vou dar um jeito de tirar essa criança de você, nem que tenha que usar meus últimos recursos. - Você não faria isso, não teria coragem. - Quer tentar a sorte filha? - Aquele tom me faz lembrar as chantagens, de todo o terror que ele me fez passar antes do arranjo. - Que tipo de homem faria isso? Que tipo de pai?! - O que pensa na família. Empurro a mão dele do portão e me mexo, fazendo o portão se fechar e eu trancar ele. Encaro meu pai, uma mágoa e um sentimento de raiva surge, algo novo é até familiar. - Tenta, dessa vez você tenta, não vou cair em chantagem sua e de ninguém. Que se dane os Guerra. Não representam mais nada pra mim. - Sabe que eu posso ter força, não sabe? - Quero ver, vai em frente. Eu não vou abaixar a cabeça. Agora não estou mais sozinha. - Bravo! De o prêmio de mãe do ano pra ela - Ele ergue a mão e coca a barba. - Não seja estúpida Ana, aprenda com a vida, aprenda a ganhar. Fazendo isso e esse teatro não vai ganhar nada. - Eu vou sim, sabe o que? - Dou um sorriso. - Paz, paz absoluta longe de gente como você e todo o resto. Você não vai chegar perto do meu filho, não vai nem pisar no mesmo lugar. - Então tá bom, vamos ver quem é mais forte. Espere essa criança nascer, eu vou pra cima com tudo. Vou mostrar o significado da palavra família. - O significado deturpado é medonho que você usa? - O que faz a gente forte e que não desiste do que quer. - Um bando de pessoas mesquinhas e egoístas. - Um dia vai entender, como pretende sustentar esse bebê? Com dança? Acho que não. Como vai dar uma boa escola e boa educação? O que vai fazer quando ele pedir algo e você não tiver? Como ele vai gostar de saber que nasceu em berço e ficou em um lugar velho? Seja esperta Ana Luiza, aprenda, faça. - Eu vou dar conta de criar meu filho, agora só me faça um único favor - Meus olhos estão ardendo, começo a ter uma vontade de chorar. - Some daqui e dá minha vida, me esquece. Você não é o pai do ano e nunca foi, então some da minha vida e apenas nunca mais apareça. Eu não vou sentir falta e nunca vou bater na sua porta, mas faz o que peço. Não quero ver mais o senhor e nem ninguém. Não com esses princípios e morais. Quando foi as costas, estou aliviada, ele não fala ou me chama, só sinto uma sensação de alívio quando entro e fecho a porta, vendo o lugar iluminado e vazio. Bate um medo de pensar que posso perder a criança. A sensação é r**m, não é nenhum um pouco boa e agradável. Bem, meu pai nunca poderia pegar essa criança de mim, era meu filho, meu bebê.
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