Episódio 12

1229 Words
— Sarah. Exigiu o dono da casa com pressão após uma longa pausa, e me deparei com o olhar pesado de seus místicos olhos castanhos. Arte colocou o copo sobre a mesa, estendendo a mão para mim. Franzindo a testa, olhei com surpresa de seu rosto impenetrável para sua grande palma aberta. — O que aconteceu? Ele perguntou, não tão bruscamente. Ignorando a mão estendida para mim, abracei-me impulsivamente pelos ombros, apresentando a situação ao homem em termos gerais. Perdi a noção do tempo, contando a Apostolov sobre as minhas “dificuldades”, por assim dizer. Felizmente, ele não tentou me interromper, aparentemente percebendo que se tratava de um passo desesperado. Eu estava em completa agonia. Aceitando a minha própria impotência. Traição dos meus próprios princípios. Terminada a minha história caótica, por algum tempo não ousei olhar Arte nos olhos. Fiquei com medo de ler a recusa em seu rosto. Ele pode não querer se sujar. Afinal, quem sou eu para ele? — Ele fez alguma coisa com você? O meu interlocutor perguntou de repente com a voz monótona, obrigando-me a olhar para ele novamente. Suspirei. — Não. Nada. Nenhum ferimento. Exceto os morais. E novamente este silêncio retumbante tangível, durante o qual comecei a duvidar seriamente do sucesso deste evento. — Dymov! Bastardo presunçoso. Parece que ele se rebelou enquanto o seu chefe estava fora. Recentemente abriu um bordel. Arte sorriu sombriamente. — Ele até me enviou um convite para a inauguração oficial. Tudo no meu peito estava coberto por uma crosta gelada, lembrando as palavras de Smoke. — Você pode resolver isso. Definitivamente haverá demanda por tal empréstimo em meu estabelecimento. Você quer? — Você vai me ajudar? Deixei escapar, olhando para Arte com esperança. — O que ganharei se ajudar a resolver seu problema? Como um verdadeiro empresário, ele passou imediatamente aos negócios. O que eles costumam dizer nessas situações? Como se oferecer? Este tipo de produto, vale o que preciso? O que eu devo dizer? Oferta especial. Aproveite enquanto dura?! — Posso conseguir um emprego como garçonete no seu restaurante novamente... Percebendo que era improvável que isso funcionasse, agarrei-me à chance ilusória de salvar a minha honra. Recostado em uma cadeira estofada em couro cor de vinho requintado, Apostolov aplaudiu preguiçosamente. — Bravo. Foi assim que ganhei essa vida! Segurando as alças da minha bolsa com dedos trêmulos, eu estava prestes a cair no chão sob o seu olhar zombeteiro. — Haverá outras propostas? Ele perguntou, suprimindo um bocejo. — Não tive ninguém... ninguém... ainda. Percebendo que não adianta adiar o inevitável. — Talvez nós... você... queira... pela primeira vez... No entanto, não consegui formular claramente os meus pensamentos, experimentando um protesto interno com cada fibra da minha alma. Infelizmente, eles não ensinam essas coisas na escola. — Então você ainda é uma menina... E o que você propõe? Deveríamos colocá-la no livro vermelho como uma espécie de mulher em extinção? E novamente esse tom depreciativo, como se eu fosse um mero mortal, e ele o grande árbitro dos destinos. Divindade sombria. — Então o que você quer? Perguntei irritada. Por algum tempo Arte literalmente me tocou com os olhos, como se me sentisse mentalmente, e então falou de forma quase inaudível. — Quero as suas mãos. Os seus lábios. As suas coxas. O que eu precisar. Você confiará totalmente em mim o seu corpo intocado, Sarah. — Só o corpo? Eu empurrei com voz rouca. — Tudo ficará limitado à cama. Ele assentiu. — Mas aí... vamos fazer amor? De tanta emoção, não sabia onde colocar as mãos. — De maneiras diferentes. O Escuro sorriu. Apertando os olhos, olhei para ele com todas as minhas forças. — Você vai aquecer a cama para mim. Toda noite. Definitivamente nua. Às vezes será s*x*o animal sujo. E às vezes você vai me dar o seu carinho. Tudo depende do meu humor. No entanto, tenha em mente que na maioria das vezes não estou de bom humor. — Algum outro desejo? Engoli em seco. — Apenas me diga com mais frequência o quão grande eu sou. Os cantos dos lábios cruéis do homem se contraíram, e eu ainda admiti a ideia de que ele estava brincando. — Por que você me demitiu? Perguntei baixinho quando ele se levantou, com a graça de um predador pronto para pular, contornando a mesa. Eu também me endireitei, m*al conseguindo ficar de pé com as pernas fracas. — Por embriaguez no local de trabalho. Apostolov olhou-me zombeteiramente nos olhos. — Como você sabe? As minhas bochechas estavam quentes, porque ele parou na minha frente, me perfurando com o seu característico olhar perfurante de armadura. — Seus lábios tinham gosto de prosecco, Sarah. Estendendo a mão, ele apertou o meu polegar, esticando-o levemente. Senti todo o meu corpo tenso. — Meus lábios...Eu murmurei, olhando para a sua boca sensual. No crepúsculo do escritório, um silêncio opressivo e íntimo demais se adensou. — Por que você não veio até mim naquela noite? O homem perguntou com voz rouca, levando a palma da mão até o meu rosto. Os dentes dele agarraram levemente a pele delicada do meu polegar, como se estivesse provando. Esse toque, quente e confiante, me deixou em estado de estupor. Correntes quentes fluíam pelo corpo. Mas a taquicardia repentina fez com que o meu coração gostasse muito de tudo isso... — Meu pai não me deixou sair de casa tarde da noite. Eu disse de forma quase inaudível, evitando contato visual. — Naquela noite, Sakharov tradicionalmente jogava póquer com os homens do meu bar. Ele disse secamente, deslizando os dentes ao longo da minha unha. Sim, realmente foi assim. Se eu quisesse, poderia sair de casa por algumas horas. Nas “noites de jogo”, como o meu próprio pai as chamava, voltava para casa apenas pela manhã, bebâdo... — Decidi lhe dar uma lição. Eu disse após uma breve pausa. — Para me guardar para alguém mais digno. Finalmente, Arte soltou a minha mão. Um sorriso c***l floresceu nos lábios molhados e entreabertos do Escuro. — Você encontrou alguém digno? Ele sorriu, insinuando claramente que minha “flor” ainda está comigo, e nós dois sabemos quem se tornará o jardineiro em um futuro próximo. — Não ria. Estou farta de você há muito tempo. Eu murmurei, abaixando a cabeça. — Afinal, em essência, era um amor adolescente doentio. Com todo o maximalismo inerente à juventude despreocupada, romantizei esse homem insensível, egoísta, acostumado a comprar amor com dinheiro. — Não foi você quem afirmou que temos compatibilidade perfeita? — Eu estava errada. — Portanto, estou convencida de que, de acordo com o meu horóscopo, o dinheiro me convém melhor. Eu m*al reprimi uma risada sarcástica. E não subtraia nem adicione. — Se você tivesse vindo até mim no seu aniversário, Sarah, eu teria ficado com você até o amanhecer. Arte olhou para mim de forma que tudo virou de cabeça para baixo por dentro. Eu estava tomada. Recarregada. E novamente com um grande calibre. Na partida. Coração sem sinais de vida. Comecei seriamente a suspeitar que ele tivesse poderes hipnóticos. — Vou estar fora por alguns dias. Não recomendo que você saia do território de casa. Você está segura aqui. Eu vou resolver o seu problema. Mas, não se esqueça a quem você pertence agora... Senti arrepios sob o peso de seu olhar direto cheio de luxúria.
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