Minha Menina

*Novembro* Esta noite o restaurante Patricks estará fechado para um serviço especial a festa da minha amiga Aline. A amplitude da festa “só para os intimos” surpreendeu até os convidados mais sofisticados: desde a decoração com flores frescas e o menu especial do chef, até a popular anfitriã responsável pelo ambiente descontraído da noite. Sem falar no autoproclamado brinde Levitsky, que, como sempre, fez um show solo, aparecendo acompanhado de ciganos e fazendo uma dança maravilhosa. Espremendo-me entre os convidados, encontrei Aline conversando despreocupadamente com a gerente do Patricks. — Acabei de dizer à Aline que tenho uma oferta tentadora para você! Natália virou-se para mim, segurando uma taça de champanhe nas mãos. — Ótimo. Sorri para ela, sentindo-me grata por minha ex-chefe estar me ajudando na procura de um emprego. Naquele momento, a nova garçonete tropeçou, deixou cair uma bandeja cheia de copos vazios e o salão se encheu com o som de vidros quebrados. — Isso é sorte! Gritou alguém na multidão. — Bem, como vocês podem ver, não tenho tempo para relaxar? Natália sorriu. — Vou endireitar o cérebro dessa garotinha torta! E ela, desapareceu no meio da multidão de convidados. — Como o bronzeado combina com você! Aline disse e uma risada escapou dos lábios dela. Desde o início da festa, a minha amiga brilhou como uma lâmpada, aparecendo diante dos convidados com um vestido de renda cósmica de um estilista famoso. Apesar de ela ter se casado no inverno, ela e Kevin adiaram o banquete devido à doença do pai do Kevin. Infelizmente ele morreu logo após o nascimento do seu primeiro neto. Quando recebi um convite para a comemoração há poucos dias, fiquei surpresa. O Kevin estava dando uma festa surpresa para a esposa. E amanhã eles vão sair para as primeiras férias com a nova família. Arriscado, para dizer o mínimo... Embora Aline e eu fôssemos amigas, imediatamente senti uma sintonia de alma gêmea com ela. Nos demos bem rapidamente enquanto trabalhei na casa dos Patrick no outono passado, mas só nos tornamos amigas de verdade na primavera, quando todo o meu plano de vida ruiu...Após a morte repentina do meu pai. Além do apoio moral, Aline me ajudou a resolver o problema de moradia, pois fiquei literalmente na rua, ela me alugou o quarto em que ela morava antes de ela e Kevin se casarem. — Onde está Artur? Ela semicerrou os olhos interrogativamente. — Não me diga que você veio sozinha? — Bem...Ele não pode vir! Eu menti de forma não muito convincente. — Achei que vocês fossem ficar inseparáveis ​​depois de um mês inteiro no mar… Eu corei, quando ela insinuou claramente o tom romântico da viagem. Infelizmente, ela ainda não sabe com quem passei o último mês... Eu ia contar tudo a ela num momento mais conveniente. E, de preferência, com um copo de algo mais forte que água mineral... A minha intuição me disse que nos próximos meses eu teria que ficar longe do álcool... Uma porta bateu em algum lugar próximo, tirando-me dos meus pensamentos caóticos. — E aí vem Arte! Aline afirmou aliviada. — Eu já estava com medo que ele não viesse... Ela murmurou. — Kevin está preocupado com ele... — E por que? Tomei um gole convulsivo de água mineral. — Bem, ela sempre foi anti-social. E recentemente agora, ela se fechou de vez. Mas, tem perdido muito tempo em bares e com mulheres. Mordi o lábio inferior para não uivar. — Parabéns, Aline! A sua voz profunda e rouca me pegou de surpresa, como sempre, arrepiando todos os pelos do meu corpo. — Obrigado, Arte... A minha melhor amiga arrulhou mais alguma coisa, mas eu não ouvi mais. Ruído branco. Buraco n***o. Foi isso que senti quando os nossos olhos se encontraram. Os seus olhos castanhos estreitados refletiam tanta profundidade... Fiquei tonta. Cardiograma... Urgentemente. Com o seu olhar penetrante, Arte olhou-me nos olhos cheio de melancolia, que quase podiam ferir a minha retina. Como sempre, ele viu através de mim. E eu? E eu sorri para ele... Eu não poderia fazer de outra maneira. Afinal, ele foi o meu primeiro homem. Primeiro em tudo. As lembranças das nossas noites sem dormir no litoral ainda estavam muito frescas... Esse gato insaciável sussurrou no meu ouvido com voz rouca, roubando de mim beijos profundos e molhados de madrugada...Minha menina… Era isso que ele sussurrava no meu ouvido. Eu estava me afogando nele como se estivesse num oceano revolto. Eu estava me afogando nisso até agora, esperando pelo menos algum tipo de reação dele. E ele agiu como se não fosse nada. Eu sorri descuidadamente para a loira deslumbrante, que ele segurava pela mão o tempo todo...