Episódio 2

1157 Words
Quase deixei cair o copo das mãos no último momento, agarrando-o com dedos trêmulos. — Ótimo! Kevin e Arte trocam fortes apertos de mão. A moça que acompanhava Arte sorriu radiante, sacudindo um cisco invisível do ombro do companheiro. Rindo, ela sussurrou algo no ouvido de Arte, e os cantos dos seus lábios ergueram-se ligeiramente. — Bem-vindo! Aline virou-se para a estranha com um sorriso colado. — … para o inferno com o sorriso! Acrescentei mentalmente. Dando uma rápida olhada na loira, fui forçada a admitir que na aparência ela era superior a mim em muitos aspectos. Veja, por exemplo, s*eios grandes, pulando do decote revelador, como se zombasse dos meus, que eram quase zero. E tudo nela brilhava, com novos itens de luxo pesado. Bom, pelo menos eu também estou bem vestida hoje. Estou usando um vestido luxuoso da coleção da Aline: o minivestido enfatizava as minhas pernas esbeltas, e a cor branca realçava o meu bronzeado. — Parabéns, calcanhar! Ao captar o olhar sombrio do irmão mais novo, Arte riu, revelando as suas presas brancas como a neve. — Vejo que você ficou mais ousado, irmão mais velho? Kevin respondeu sem hesitação. — Devíamos fazer algumas compras enquanto você está sóbrio. Eu vou partir amanhã. — Você já recebeu permissão para falar com Aline? Arte inclinou a cabeça para o lado. — Agora vou conseguir permissão por escrito para bater em você! Kevin riu, abraçando a sua esposa. — Você não se importa se eu quebrar um pouco o rosto dele, não é? — Talvez não devêssemos estragar o feriado com uma briga. Aline arrulhou, imediatamente brincando com o marido. Compreensão no nível zero. É assim que eu caracterizaria a relação entre os dois. Mas eu imediatamente entendi tudo sobre eles quando consegui um emprego no restaurante Patricks no outono passado. Esses dois se ignoraram tão claramente que até mesmo um gatinho cego, privado de experiência de vida, sabia que havia algum drama sério do passado. Quedas de tensão foram observadas no restaurante devido a faíscas saltando entre os rapazes. O ar ficou mais espesso e crepitante quando Kevin, engasgado com uma quantidade desconhecida de paixão, perseguiu a mulher da sua vida. Ela, por sua vez, torceu o nariz com orgulho. — Queridos parem... Apertando os olhos, o “noivo” olhou nos olhos do seu irmão mais velho com fingida seriedade. — Só graças a ela você não vai sair daqui hoje com um olho roxo! Disse ele, erguendo a sobrancelha arrogantemente. Aqueles reunidos ao redor riram. Até Arte foi generoso com uma espécie de sorriso, dando um tapinha conciliador no ombro do seu irmão. — Aline, esqueci de dizer, Samuel está acordando...Kevin sussurrou no ouvido da sua esposa. Ele apontou para a sala dos fundos, onde durante todo esse tempo seu pequeno bebê dormia na companhia de uma babá. — Vou alimentá-lo e volto! Aline se virou para mim. — Então você me conta sobre o que aconteceu na viagem... Com detalhes! Com uma piscadela, a minha amiga correu até o seu bebê. Que bom que Arte imediatamente se tornou o centro das atenções e eu consegui fugir para um lugar seguro. Sai dali bebendo água mineral, e vi a minha vida aos poucos ir para o inferno... Hoje ele se superou ao aparecer na festa com um terninho preto de corte impecável e uma camisa e gravata igualmente impecáveis. Como uma divindade mística das trevas. Tomei um gole de água com gás, tentando respirar lentamente pelo nariz para afastar o caroço de muco que subia pelo meu esôfago. Estou com náuseas há duas semanas. No entanto, eu ainda esperava que isso não estivesse relacionado à minha super capacidade de dar continuidade à raça humana. Infelizmente, devido ao estresse que experimentei há seis meses, o meu ciclo estava constantemente alterado. Quem sabe, talvez este ainda não seja um alerta militar... Logo chegou a hora da primeira dança dos meninos. A linda e celestial Aline num vestido branco como a neve girava no centro da pista de dança nos braços do marido. Kevin olhou para ela com uma expressão tão animada no rosto, como se eles tivessem acabado de se casar, e ele viu o seu lindo cisne pela primeira vez no seu novo status de esposa. O casal valsou sensualmente, atraindo olhares de admiração dos convidados. — Convidamos todos a se juntarem a nós! Aline gritou sem fôlego ao microfone. E, como num passe de mágica, uma composição comovente do Aerosmith começou a tocar. Trilha sonora do lendário filme "Armageddon", estrelado por Bruce Willis, Ben Affleck e Liv Tyler. Virando a cabeça, avistei um dos casais na pista de dança, sentindo algo como um golpe de faca bem no meu peito. O homem mais lindo deste lugar balançava suavemente com a sua deslumbrante companheira, e os seus lábios deslizaram perigosamente perto um do outro. E então isso me atingiu. Afinal, essa era a nossa música... O nosso primeiro momento, após o qual o meu mundo finalmente desabou aos seus pés... — Arte, eu não danço. Eu digo num sussurro. — E se eu te forçar? — OK tente… E ele me forçou. Dançamos todos os dias. Na pista de dança. Na praia. Na cama. E agora ele estava circulando outra nos seus braços. Dói mais quando alguém fez você se sentir tão especial ontem e tão inútil hoje. — Você não vai me recusar, vai, querida? Pavel Levitsky descaradamente invadiu a minha zona de conforto. Claro, eu tinha ouvido falar dele e o via com frequência enquanto trabalhava na Patricks. É um palhaço. Alto. Imponente. O seu cabelo castanho estava cortado num penteado moderno com têmporas raspadas, e o “autoproclamado mestre de cerimônias” estava vestido da cabeça aos pés com um terninho cor de vinho profundo de grife. — Não vou recusar! Eu disse desafiadoramente. Levitsky colocou as mãos na minha cintura, puxando-me em direção ao seu peito forte. Estremeci, inalando o cheiro masculino alienígena. Fechando as mãos no pescoço de Pavel, olhei de soslaio na direção de Arte, atraindo o seu olhar. Por que? Me virei para ele mentalmente. Em vez de responder, alguns segundos vertiginosos de contato visual ele se virou. E o meu coração está em pedaços. Eu ouvi claramente como as nossas estrelas se apagaram quando explodiram, porque nada se refletiu nas místicas galáxias negras que causaram a minha taquicardia. Vazio. Zero. Zero. Naquele momento a loira pressionou os lábios no pescoço dele. E tudo dentro de mim estremeceu com a lembrança recente. — Arte? Ele levantou a cabeça e olhou para mim descaradamente. — Você tem um chupão bem aqui. No pescoço… — E vamos apostar que fez isso? Em vez de responder, os meus lábios voltaram para sua pele salgada, mordendo-a levemente. — Gosto de deixar marcas no seu corpo. A minha Escuridão. Parece que somos apenas lembranças. ‎ ‌​​​‌‌ ​‌‌​‌​‌​ ​​
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