Dylan ainda estava na academia quando conheceu Abigail, a menina tinha os cabelos vermelhos como fogo e o rosto repleto de pequenas sardas que a deixavam com uma aparência sempre doce.
Corria na rua com os demais recrutas quando viu a sacola de frutas que a menina trazia estourar e as maçãs rolarem pela rua. Abigail ficou confusa, entre deixar as sacolas sozinhas e salvar as frutas fujonas, ou perdê-las, mas manter as sacolas que estavam inteiras.
Dylan correu e recuperou o que pode, organizou nas sacolas da menina.
- Obrigada, policial.
- De nada senhorita, mas se quer me agradecer, volte aqui às 20h00 hoje, esperarei.
Deixou a garota com o rosto corado e as sardas ainda mais evidente e correu para alcançar o grupo.
Naquela noite, Abigail não apareceu, mas Dylan continuou voltando todas as noites até que a viu chegar com o seu jeito quase provincial.
A relação dos dois amadureceu, passou por altos e baixos, o salário como recruta era pequeno e Abigail tinha hábitos e vontades difíceis de satisfazer, mas isso não impediu o rapaz de continuar buscando crescer e oferecer a namorada o que acreditava que ela merecia.
Casaram-se em uma cerimônia que o policial demorou cinco anos para pagar, mas Dylan se deliciou com o sorriso da noiva e a ansiedade como ela organizava cada detalhe.
Rick por outro lado discordava do sacrifício do rapaz.
- Dylan ela precisa entender que está se casando com um policial e não com um juiz, poderiam ter usado esse dinheiro para comprarem uma casa.
- Ela só vai viver isso uma vez, quero que seja perfeito, padrinho.
E até o dia em que voltou da investigação na Itália, Dylan gastou tudo o que ganhava para fazer a esposa feliz. Já não faziam amor há meses, ela nunca quis ter um filho, dizia que não tinham condições de criar uma criança em uma casa tão pequena.
- Um beijo, sardenta, por favor.
Ganhou um selinho.
- Abi, vou passar quase um mês fora de casa e tudo o que me dá é um beijo seco?
- Estou cansada, Dylan! Não disse que estava atrasado?
O agente saiu de casa em conseguir entender onde estava errado, tentava estar atento as necessidades de Abigail em todos os momentos, mas sentia que quanto mais se entregava, mas a mulher se afastava.
Dylan não era conhecido como fantasma atoa, era realmente bom no que fazia e em menos de quatro dias estava de volta com o que precisava, passou em uma joalheria e comprou uma gargantilha para a esposa, chegou em casa com a joia e uma rosa, mas a encontrou nos braços de James.
A garota cavalgava sobre o homem e recebia tapas nas nádegas a fazendo gritar. O rosto estava suado e o corpo totalmente exposto. Com Dyla, ela só ficava totalmente nua se estivessem no escuro, dizia ter vergonha, se houvesse luz ela transava usando sutiã e camiseta, mas pelo que viu, com James isso não era um problema.
Caminhou com a arma em punho até a cama, mirou na cabeça do parceiro, mas Abigail depois do susto implorou pela vida de James.
- Eu o amo, Dylan, por favor! Pare!
- Ama? Você o ama vadiα, então porque não se separou cαralho?
O agente não soube dizer o que doía mais, se a traição ou o fato de ela pedir para que ele poupasse o homem.
Tirou Abigail do caminho pelos cabelos, mas o seu foco era James, precisava descontar a frustração que sentia e não seria em uma mulher, mesmo que merecesse.
Arrastou James para fora de casa, foi desarmado pelo parceiro quando chegaram na cozinha, o combate corpo a corpo foi favorável para Dylan, mas foram interrompidos por sirenes.
A esposa do agente o denunciou por agressão e tentativa de homicídio, no relatório constava que James estava tentando evitar que o marido a espancasse e por isso houve luta.
O agente conseguiu um afastamento compulsório do departamento de investigações, uma multa de dez mil dólares e perdeu todos os bens para a esposa, além de ser obrigado a pagar uma pensão de 20% dos seus rendimentos quando voltasse a trabalhar.
A dor que sentia não era pela injustiça, mas por ter sido enganado pela esposa. Foi acompanhado de outros dois agentes retirar seus pertences da própria casa.
- Eu não sou um bandido, porrα!
Um dos agentes conseguia imaginar o que Dylan estava sentindo.
- Eu sei cara, vamos só acabar com isso e ir embora, ela não merece ver você assim.
Dylan fez absolutamente tudo ao seu alcance para que a esposa se sentisse amada e segura, tinha decidido ainda na infância que seria um homem melhor do que os que via frequentando a sua casa, mas no final, pensou que talvez eles estivessem mais certos.
Era esse o pensamento que tinha enquanto entrava na garota de programa que o abordou em um bar no Brasil. Tinha ido ao local para buscar Ethan Foster e não voltaria sem ele.