03 - A isca

932 Words
Para Dylan a máfia internacional era um câncer, precisava ser exterminado antes que aumentasse o seu alcance. Crianças eram recrutadas todos os dias para os serviços sujos das organizações. O tráfico de entorpecentes girava bilhões todos os anos as custas da dor e sofrimentos de famílias mais pobres, o agente conhecia as sequelas daquele jogo, viveu nas ruas após a morte de Hanna e presenciou amigos serem atraídos pelas promessas de dinheiro fácil. A parte que ninguém nunca contava era que ao entrar nesse mundo aquelas crianças se tornariam alvos das outras organizações, da polícia e até mesmo de outros soldados do tráfico. Os governos de países pobres compactuavam com a entrada de armas, drogαs e até mesmo mulheres para o contrabando erótico. Dylan jogou algumas notas para pagar pelos serviços da garota de programa e seguiu seu caminho, não ficava muito tempo no mesmo lugar, era arriscado, dessa vez estava lidando com pessoas treinadas. Soube que estava sendo seguido, observou o homem seguir seus passos, apesar de perdido, estava chegando perto, uma manhã precisou se esconder nas escadas de emergência da pensão em que dormiu. Assistiu o homem da organização entrar e vasculhar o espaço, por sorte ele abandonou o local sem interesse na parte externa, ou seria pego desarmado. Dylan não costumava usar armas de fogo a menos que fosse extremamente necessário, era um apaixonado por cutelaria, as facas davam a oportunidade de um trabalho limpo e sem ruídos, mas não teria chance contra Foster, o homem empunhava uma pistola UZI PRO 9mm e pela forma como caminhava no espaço Ethan possuía treinamento militar. O agente esperou até ver o carro do mafioso partir e voltou ao plano inicial, estava observando os passos de Ivan, o presidente do conglomerado empresarial Bianchi. Para Dylan ele era um dos associados da máfia, provavelmente mantinha financeiramente as ações da organização no Brasil, estava casado com a filha do falecido Hermes, então, o agente se aproximou do ponto mais fraco, os filhos. As crianças não tinham muitas aparições, apenas para a visita ao avô, diretor de um hospital conceituado no centro da cidade e para as consultas de rotina na pediatra. Costumava observar essas aparições, mas estava ficando cada vez mais complicado, sentia que precisaria interromper as investigações e prender o homem que ele acreditava ser o chefe da máfia, não era o plano, a ideia era desmantelar a atuação do grupo no Brasil, mas estava ficando arriscado. Sentou-se nos bancos da sala infantil onde as mães costumavam esperar pelo chamado da pediatra, era consulta do caçula Bianchi, esperou... Logo a babá apareceu carregando o menino, agora era contar com a sorte e torcer para a menina ser receptível as suas investidas. - Seu filho é lindo, quantos anos ele tem? Zoey sorriu para Dylan e respondeu casualmente. - Não é meu filho, apenas ajudo com os cuidados. - Entendi, mesmo caso, quer dizer, meu sobrinho está em atendimento, mas acompanho a minha irmã, o pai a abandonou, então... O investigador tinha visto que a mulher que estava sendo atendida tinha entrado com um menino de uns quatro anos, por isso aproveitou a oportunidade para cita-los como parentes, isso daria mais veracidade para o plano, afinal, não era comum um adulto sem filhos sentado em uma clínica pediátrica. - É muito bonito o que está fazendo pela sua irmã, a figura masculina faz muita falta na vida de uma criança. Zoey sabia disso, a mãe a criou e ao irmão Tony trocando de parceiros a cada ano, o último havia tentado molestá-la e a menina só se salvou de ser estuprada porque o irmão interveio. Ainda podia sentir o hálito podre do padrasto lambendo seu pescoço, a imagem do mҽmbro fora das calças do homem e o nojo quando ele começou passar pelo seu corpo. - Sei disso, moro com os meus pais, meu pai sofreu um acidente há alguns anos e ficou preso a uma cadeira de rodas, por isso preciso ajudar a minha mãe, ele é um homem forte apesar da idade. Conversaram por muito tempo, Zoey achou o rapaz extremamente interessante, além de bonito, era focado no bem-estar dos pais e da irmã, além de trabalhar como cozinheiro em um restaurante local. Trocaram telefones e o agente saiu da clínica assim que a mulher com a criança saiu do consultório. - Preciso ir, minha irmã parece estar de mαl humor, vou te mandar mensagem, adorei te conhecer. Tchau, linda! Deu um beijo no rosto da menina e seguiu a mulher que ele havia usado como disfarce. Zoey ficou parada com a mão na bochecha, ainda sentindo o cheiro de Dylan e o achando o homem mais incrível que já tinha conhecido. Enquanto isso, o agente escrevia uma mensagem. “Oi, linda estávamos conversando, mas esqueci de perguntar o seu nome. Quero ter um nome para dar quando lembrar do seu sorriso.” A menina sorriu ao ler a mensagem e respondeu em seguida. “Zoey e o seu? O agente respondeu instintivamente, acabou usando o nome verdadeiro, mas pensou que não seria um problema, afinal descartaria a menina assim que conseguisse alguma informação. “Dylan, falamos mais tarde, linda. Beijos” O agente comemorou, a menina tinha mordido a isca e ele usaria a babá para chegar ao presidente do grupo Bianchi. Enquanto ele a julgava como ingénua, ela o considerava perfeito. A pediatra já tinha chamado Nick algumas vezes, mas a menina continuava sonhando acordada com o rapaz que parecia preencher todos os requisitos de um príncipe. Mais tarde ela descobriria que as aparências e as palavras podem ser enganosas.
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