4 - Retrato falado

942 Words
Não havia tempo para novos planos, Dylan tinha tido um encontro bastante desagradável com Ethan, chegou bastante perto de conseguir detê-lo, mas acabou se surpreendendo com a agilidade do homem. Agora só restava contar com a ajuda da babá, Zoey era a responsável pelos cuidados do filho do presidente do Grupo Bianchi e aceitou um convite para jantar. Escolheu cuidadosamente o local, quanto mais simples parecesse, mais fácil seria para a garota acreditar que ele não tinha posses. Separou um envelope de MD, conhecido em baladas como “ecstasy”, caso a garota não estivesse receptiva, seria a forma de fazê-la falar. Lembrou do sorriso ingênuo de Zoey, sentiu ser obrigado a usá-la, mas era necessário, guardou o envelope no bolso torcendo para não precisar usar. A sensação era de que não estava sendo melhor do que os homens da facção criminosa, tentou se convencer de que na guerra não há regras. Chegou ao local do encontro com meia hora de antecedência, queria garantir que seria seguro. Após a verificação, sentou-se e aguardou, alguma coisa em seu peito parecia fora do lugar, pediu uma bebida. Viu uma pessoa completamente diferente da que esperava entrar no restaurante, lembrava de Zoey como uma menina doce e a pessoa que estava ali, era uma mulher que parecia disposta a uma noite de orgias. A culpa que sentia passou, lembrou da ex-mulher. “Só mais umα putα com cara de anjo” Jantaram e a levou a um bar, não foi necessário usar o plano, ela não era acostumada a beber e falou até mais coisas do que Dylan queria saber, ao final da noite a colocou no carro do irmão. A menina tinha se recusado a chamar um táxi, o agente gostou, foi uma oportunidade de conhecer mais um mеmbro do grupo criminoso, mais uma pessoa a ser detida. Faria um enorme favor a esse país, veio por, Ethan Foster ele deveria pagar pelos seus crimes nos Estados Unidos, mas deixaria uma boa confusão no Brasil, pretendia levar cada um daqueles homens a loucura ou a cadeia. Tony, o irmão gêmeo da menina, foi ríspido com o agente, apesar de acreditar que se tratava de um encontro, não gostou de pegar Zoey embriagada. - Ela é uma menina! Como pode deixar que ela bebesse desse jeito? Se pretendia vê-la outra vez, esqueça. Dylan não respondeu, sabia que Zoey o procuraria novamente e não precisou esperar muito por isso, na manhã seguinte ela enviou uma mensagem. “Bom dia, sei que já deve estar no trabalho, mas queria agradecer. Eu me diverti muito.” O agente observou a mensagem e demorou alguns minutos antes de responder, queria gerar ansiedade. Pensou que se tivesse usado as técnicas de manipulação que conhecia com a esposa, talvez não tivesse terminado como terminou, mas com Abigail ele sonhava com algo real, que fosse puro. “Bom dia, linda, também adorei a sua companhia, pensei que ainda estivesse dormindo, por isso não mandei mensagem.” Aquela manhã, Dylan não saiu do quarto em que estava hospedado, pegou o material de pintura, o hobby do agente era o desenho, desde pequeno costumava desenhar as pessoas e a paisagem que via da janela do apartamento onde morava em Nova Orleans, o dom foi útil para o seu trabalho, costumava fazer retratos dos suspeitos quando a vítima conseguia lembrar dos detalhes, mas naquela manhã, foi o rosto de Zoey que ele desenhou. Os cabelos longos, o olhar nеgro como a noite e os lábios que se assemelhavam a uma fruta doce, muito doce. Tentou afastar o pensamento. “Outra vαgαbundα! É só isso que ela é.” Rasgou o desenho e foi tomar banho, mas quando voltou o fragmento do rosto desenhada chamou a sua atenção. A menina tinha uma covinha, apenas no lado direito quando sorria. Imaginou como seria tê-la em seus braços, ouvir aquela voz suave chamando por ele. Fechou os olhos e se pegou pensando em como seria delicioso ver os cabelos cobrindo os sеios fartos da garota enquanto ela estivesse sobre ele. **** Já na casa de Zoey, o irmão falava sem parar sobre os perigos de se embebedar na companhia de um estranho. - Pois é, mas ele cuidou de mim, ficou ao meu lado até você chegar e nem sequer um beijo ele tentou. Deveria ser mais do que motivo para você ficar tranquilo! Afinal, ele é melhor do que você que beijou a força uma mulher comprometida! Tony se calou, nutria uma paixão não correspondida por Ayla, uma israelense que estava no Brasil sob a proteção do chefe da máfia. Eram amigos, mas a garota era simplesmente cega pelo contador da organização, Marco, conhecido como Espanhol, tinha mais que o dobro da idade de Ayla e estava convalescendo quando ele não resistiu e a beijou, a israelense não correspondeu ao beijo e Tony passou a ser visto como um traidor entre os homens da organização. No início, Tony tentou uma outra versão, mas acabou falando a verdade para a irmã, sempre foram unidos e não achou justo mentir para ela. - Ok, Zoey, você venceu! Fique com o cozinheiro, mas não me procure se ele te fizer sofrer. A menina saltou do sofá e beijou animada o rosto de Tony. - Você é o melhor irmão do mundo todo! Te amo! Correu para o quarto, estava ansiosa pelo próximo encontro, mas por alguma razão que a menina desconhecia, ele não a convidou, apenas manteve o contado por mensagens. Costumava enviar mensagens carinhosas e um dia, lhe enviou um retrato dela feito a mão. Zoey abriu um sorriso tão grande que sentiu os músculos da face doerem.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD