Prólogo
Maddison
— Mentiroso, mas que filho de uma p**a, desgraçado! - Esbravejei de tanta raiva.
Devo ter acordado toda a vizinhança com o meu ódio matinal. E quer saber? Eu não me importo nem um pouco. Que chamem a polícia, o corpo de bombeiros e até mesmo a carrocinha, eu não ligo. Ninguém vai me segurar, eu vou destruir a vida daquele desgraçado, ah, mas ele vai me pagar...
— Amiga, grita mais alto que não devem ter te escutado naquele bairro — Ayla aponta o indicador para fora da janela e prende o riso.
Seguro o envelope com força a ponto de rasgá-lo. A segunda-feira começou ótima: estou cega de raiva, com vontade de derrubar tudo o que vejo pela frente e usar o meu réu primário para m***r alguém.
— Como ele conseguiu me enganar todo esse tempo? — Mordo o lábio inferior com força e encaro Ayla, que me olha tentando conter o riso.
Ela instantaneamente para de rir e se compadece do meu estado. Olha-me quase de modo maternal, se aproxima devagar e pousa as mãos em meus ombros.
Espero algo motivador e inspirador sair de sua boca. Ela sempre tem algo espirituoso a dizer e mais do que nunca eu preciso de uma palavra que me tire do fundo do poço, onde me encontro nesse momento.
— Para de ser doida! — ela me sacode, como se fosse uma ventania passando por um milharal. Para completar o esculacho, me dá tapas na cara, para ver se recobro o juízo.
Recobro sim. E o ódio só aumenta mais e mais.
— Maddie, meu anjo, olhe bem para você! — Ela me arranca do lugar em que estou e me põe de frente para o espelho que fica ao lado da porta de entrada.
Encaro-me por um segundo: descabelada, olhos inchados e com ar de quem vai cometer um crime a qualquer momento e por isso é bom que alguém já deixe a polícia de plantão.
— Olha! — Ela insiste e me sacode. — Você é uma mulher de vinte e cinco anos, bem-sucedida, apaixonada pela vida. Sim, você encontrou o homem dos seus sonhos, o cara que te dava suspiros no colegial e teve um intenso caso com ele recentemente. Foi bom?
— Foi ótimo — choramingo.
— Pois é, meu amor, agora acorda! — Ela volta a me sacudir e eu só vejo meu cabelo ficando a verdadeira passagem do furacão Katrina no reflexo. — Você pensou o quê? Que um dia ele ia te pedir em casamento?
Suspiro profundamente. Na verdade, sim, eu pensei que isso pudesse acontecer.
Paco e eu tivemos um excelente final de semana. E quando digo excelente quero que fique registrado que fomos para um motel maravilhoso, estouramos um champanhe, bebemos até começar a dançar sem ouvir música alguma e transamos por deliciosos cinquenta... segundos. Tá, ele tem e********o precoce, tudo bem, acontece. Mas o cara sempre foi o deus grego, desde que éramos adolescentes, então esse detalhe não importa, não é mesmo?
Moreno, olhos castanhos e porte atlético: o príncipe dos contos de fodas, meu sonho proibido, e o homem dos sonhos de qualquer mulher.
Olho mais uma vez o envelope. Antes que em um ataque de fúria comece a rasgá-lo, Ayla o arranca de minhas mãos e retira o convite de casamento de lá de dentro junto com uma carta escrita à mão.
Ayla passa os olhos pelo convite, depois a carta. Lê rapidamente e sua expressão começa a ficar desconcertada.
— Puts, ele não fez isso. - Falou ao ler o conteúdo.
— Desgraçado! — Tapo os olhos e começo a pensar em diferentes formas de desovar um corpo.
— Ele não apenas te convidou para o casamento dele, como quer te contratar para fazer o buffet! Amiga, esse cara tem culhões.
— Ele tinha culhões — rosno e tomo o envelope das mãos dela. — Eu mesma irei arrancar! No dente!
— Que carnívora a minha amiga, depois me conta se essa dieta emagrece — debocha de mim.
— Me diz, o que eu fiz de errado?
Ayla levanta a sobrancelha loira e me inquire com o olhar se eu quero mesmo que ela fique mais ou menos três horas dissertando toda a minha odisseia de erros com Paco.
Não, eu não preciso disso agora.
— Aonde você vai, sua louca? Precisamos ir para a loja! — Ela tenta me puxar pelo braço.
— Eu vou me preparar psicologicamente para ir a esse casamento. - Digo.
— Você vai mesmo? Só um instantinho, vou ligar para um bom psiquiatra — ela se afasta e tira o celular do bolso. — Será que eles ainda usam camisa de força hoje em dia? — pergunta para si mesma.
— Eu vou destruir o casamento desse desgraçado! — Rosno.