Capítulo 04

1706 Words
Capítulo 04 Eliza Campos Queria entender o porquê Pedro me olhava daquela maneira, parecia que ele iria desvendar os meus segredos, aquilo me fez ficar envergonhada, nunca havia me sentido daquela forma. Caminho alguns minutos junto de Carla até a sua mesa onde a mesma pega um papel onde dizia os horários que teria que trabalhar. — Eliza, fico feliz em ter você na nossa equipe, aqui está o papel onde marca os horários de trabalho, você irá começar amanhã mesmo somente porque precisamos urgente de alguém para cuidar da agenda do Sr.monteiro, eu não estava dando conta — Ela fala me entregando aquele e após lê-lo por alguns minutos, falo. — Também adorarei trabalhar aqui. Entendo que terei bastante trabalho amanhã, mas isso será incrível, faz tempo que estou sem emprego — Digo dando risada. Realmente estava sem trabalho a um bom tempo desde que me viciei em drogas. Me sentia tão bem próximo da Carla, parecia conhecer ela a tanto tempo, amizade de anos. Não sei explicar esse sentimento, mas ainda não teria coragem de contar-lhe sobre tudo que venho passando. — Realmente, nas últimas semanas estamos tendo muitos trabalhos. Alguns autores nacionais descobriram o nosso trabalho aqui na editora e resolveram lançar os seus livros — Ela diz. — Bem legal essas propostas, aqui no Brasil, infelizmente, os autores nacionais não são tão valorizados e as grandes editoras só visam publicar obras de pessoas mais conhecidas e internacionais — Carla fala. Ficamos dialogando por mais alguns minutos quando Matheus me manda uma mensagem querendo saber como havia sido a entrevista de emprego, então me viro em direção a Carla e digo. — Carla, tenho que ir agora, a entrevista foi incrível. Adorei conhecer você. — Eu também adorei conhecer você, então até amanhã — Carla fala sorrindo em minha direção e se despede de mim com um aperto de mãos. Após me despedir de Carla sigo para a garagem onde estava o meu carro, porém, ao chegar naquele local, perco o lindo sorriso que estava em meu rosto, havia mais uma vez encontrado Pietro e Violeta. Assim que me aproximo do meu carro, Pietro olha intensamente em minha direção e se aproxima já falando. — Eliza, como vai? — Pietro provavelmente estava falando comigo por conveniência. — Estou ótima. Agora com licença, preciso ir embora — Digo, mas quando abro a porta do meu carro, Pietro que estava a uma distância segura de mim se aproxima cada vez mais para segurar em um dos meus braços. — Se acalma, ruiva, porque essa pressa toda para sair de perto de mim, está com medo de não resistir? — Pietro fala debochadamente. Respiro profundamente antes de responder a Pietro, ele sabia como poderia acabar com a minha paciência. — Pietro, não me faça perder o pouco de paciência que ainda tenho com você — Pietro pelo jeito estava fazendo todas aquelas coisas para me provocar. Pietro olha em minha direção com mais calma. — Nossa, você está com uma aparência tão diferente — Ele fala — Parou de se drogar? Olhei ao redor para ver se alguém estava prestando atenção em nossa conversa. — Pietro, você já está namorando uma nova pessoa, me deixa em paz. Não te devo mais satisfações do que acontece comigo — Respondo com toda calma possível — Agora solta o meu braço. Pietro então larga o meu braço e eu finalmente posso entrar no meu carro, guardar o celular no porta-luvas do veículo por medo de fazer alguma besteira e trato logo de dar partida nele para ficar longe daquele homem, que havia me feito tão m*l. O loiro é um ex namorado meu da época da escola, ficamos juntos durante anos até quando me viciei nas drogas, porém, foi após engravidar de Olívia que o meu pesadelo teve início, por conta desse vício acabei perdendo a minha filha quando estava com oito meses de gestação. Como ele sempre dizia, nunca que iria se relacionar com uma pessoa que estragava a vida daquela forma e quando revelei a minha gravidez a ele, acreditei naquele momento que ele fosse me apoiar quando eu mais precisava, a única coisa que ele fez foi zombar e falar que a criança não era dele, e foi aí que ele terminou comigo. Dirijo por alguns instantes e estaciono o carro com medo de fazer alguma besteira, precisava respirar antes de continuar a viagem. Sem poder esperar qualquer outra reação de mim, começo a chorar, não estava conseguindo mais me controlar e com medo de ter qualquer recaída, resolvo ligar para a minha terapeuta Giulia, tiro nervosamente o celular do porta-luvas do meu carro e ligo para ela, foram vários toques até ela atender, que estava provavelmente ocupada com outros pacientes. GIULIA: Coração, aconteceu algo? ELIZA: Preciso me encontrar com você agora. Está ocupada? GIULIA: Para você, nunca estou ocupada. Podemos nos encontrar na praça perto da minha casa. ELIZA: Tudo bem, estou indo nesse exato momento para lá. Após esse breve diálogo parecia estar estranhamente mais calma apenas por ouvir a voz de Giulia, só ela, meu irmão e Matheus conseguiam me acalmar dessa forma. Depois de desligar o telefone, o guardo no bolso das minhas calças e finalmente dou novamente partida no meu carro, seguindo para a praça onde havia marcado de me encontrar com Giulia. A praça era bem florida e ficava perto de um shopping, tinha banquinhos brancos, a grama bem cuidada e bem cortada. Haviam belas borboletas e passarinhos voando pelo local. Haviam árvores bem coloridas, bonitas e frondosas. O dia estava quente, mas, não era aquele calor insuportável. O sol mandava raios solares quentinhos, tinha uma brisa bem suave, um dia perfeito, ou simplesmente um dia preguiçoso, e diria até que romântico. Respiro aquele ar puro incrível e finalmente consigo terminar de acalmar a minha própria respiração, que ainda se encontrava ofegante por conta de todas as coisas que passei em tão poucos minutos. Como não sabia se Giulia demoraria já que ela estava um pouco longe do local, mais precisamente em seu consultório, resolvi sentar-me naqueles bancos. Observava atentamente os casais apaixonados e as belas crianças que brincavam sem ter preocupações com a vida adulta. Era começo da semana e eu estava totalmente anestesiada com a energia daquelas pessoas, e como adoro o mundo das artes, não poderia me esquecer da minha fiel escudeira, uma câmera que meu pai havia me dado antes de resolver nos abandonar após se separar da minha mãe. A cada segundo uma cena era capturada por mim e não tinha nada naquela vida que me causasse tanta paz do que tirar as fotos, além de claro exercer a minha paixão que é a escrita, fotografar pessoas reais, em momentos reais, algo que não fosse artificial ou que fosse premeditado. Sem eu perceber, Giulia entrou na frente da minha câmera tomando minha atenção para si, em suas mãos, carregava dois copos de café, que logo trato de tomar um para mim, abrindo e tomando em seguida de um longo suspiro de cansaço. Giulia poderia ser minha terapeuta, conhecida como também de meu anjo salvador, porém, ela havia se tornado muito mais do que isso, uma grande amiga que eu poderia contar para o que der e vier. Ela então se senta no banco onde eu já estava sentada. — Lizz me fala o que aconteceu? — Ela pergunta ao perceber que eu estava mais calma. Respiro profundamente antes de responder. — Fui hoje a uma entrevista de emprego — Respondo — Justamente naquela empresa que minha mãe insiste para que eu não fosse até lá, porém, não poderia dar ouvidos a ela. — Por quê? — Giulia questiona. — Giu, eu sempre deixei que minha mãe ditasse o que iria acontecer comigo, eu realmente cansei — Falo — Cansei de todo mundo ditando as regras que devo seguir, sei que não dei um bom exemplo nesses últimos anos, mas, para mim já basta! Quando Giulia percebe que eu estava ficando nervosa, pega em minhas mãos. — Lizz, você tem que parar de ficar se martirizando por isso. Você está limpa a quase um ano — Ela fala — Você ser uma usuária de drogas foi um problema unicamente seu, por mais que tenha prejudicado pessoas de seu entorno, foi por força de vontade de você que resolveu parar. — Sei — Murmuro. Como Giulia já havia terminado o seu café, ela aproveitou para o meu e os jogou no lixo que estava próximo a nós. — Mas, sei que hoje não viemos falar sobre sua mãe — O que eu mais admirava em Giulia era sua capacidade em saber quando uma coisa me afligia ao ponto de ligar em seu celular em pleno dia da semana, isso era um sinônimo claro de que algo não ia bem. Sorrio para Giulia sem mostrar os dentes e respondo. — Sim… Acredita que na entrevista acabei me encontrando com Pietro? Giulia olha em minha direção sem acreditar no que eu estava falando, ela poderia ser minha terapeuta a anos, mas, ela nunca gostou de Pietro. — Não acredito nisso — Ela questiona — E o que ele fez? — Perguntou como eu estava, no começo eu até conversei com ele, mas, depois começou a perguntar se eu ainda era viciada em drogas, falar que agora eu estava bem — Respondo — Ele não falou nada de mais, mas, ver aquele homem na minha frente foi como se eu tivesse voltado ao passado — Completo agora fitando os meus dedos cruzados em meu colo e sinto meus olhos marejando novamente. Giulia, que já havia largado a minha mão, a trata de segurá-las novamente. — Calma! Respira fundo — Giulia fala respirando profundamente para que eu siga o que ela estava fazendo. Após me acalmar novamente, tento continuar o que estava revelando a ela. — Encontrar Pietro novamente me fez lembrar de como estraguei o nosso relacionamento por conta das drogas — Digo — Mas também me lembro do quão babaca ele foi quando acabei perdendo a nossa filha logo após o nascimento. Desabafar com Giulia me acalmou um pouco. Quero só ver quando me encontrar com Pietro quase todos os dias ao ir trabalhar na mesma empresa que ele.
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