Capítulo 03

2039 Words
Capítulo 03 Pedro Monteiro Acordo com o despertar do meu celular, o sol já entrava pela janela causando uma luminosidade forte contra os meus olhos. Então desperto e sinto minhas vistas queimarem, pisco meus olhos lentamente, por alguns minutos, até me acostumar com aquela claridade. Espreguiço-me lentamente, mas não queria acabar acordando Heloísa, minha noiva, acabamos dormindo tarde da noite ontem depois de uma discussão sem sentido, por ela acreditar que eu estava dando em cima de umas das mais novas escritoras da empresa, apenas por cumprimentar a jovem com um beijo na mão. O rosto dela estava repousado em meu ombro, quase no meu bíceps, porém, consegui me mexer com sucesso sem despertá-la. Após conseguir me levantar com sucesso da cama, sigo para o banheiro onde faço minha higiene pessoal necessária e volto para o meu quarto onde avisto que Heloísa ainda dormia. Assim que fico em frente ao closet, olho as roupas por alguns instantes e opto por usar um terno preto, calças escuras e sapato na mesma cor e após terminar de me arrumar sigo para a cozinha para tomar um café matinal, já que tinha que estar bem alimentado para poder conseguir fazer a entrevista com maestria. Até porque ser dono de uma empresa no Brasil não é nada fácil, ainda mais sendo de uma editora de livros onde os livros não são valorizados, ainda mais se forem nacionais. Pensando nisso, comprei a empresa do meu sogro, e transformei na “editora Monteiro”. Infelizmente meu sogro não estava indo tão bem nas finanças e a sua empresa ia tornando-se pior e agora que havia ficado noivo de Heloísa tudo piorou drasticamente. E ponderando ajudá-lo comprei a sua empresa e transformei na maior editora do Brasil, que visa publicar livros de escritores independentes, a maioria das minhas concorrentes apenas visam o sucesso, por isso, optam por publicar apenas obras de pessoas conhecidas. Assim que termino de tomar o café, sigo para o elevador do condomínio onde moro e dou graças a Deus por não encontrar ninguém que pudesse me aborrecer, provavelmente os vizinhos ainda vão reclamar daquela confusão que havia ocorrido, Heloísa conseguia ser bem escandalosa quando queria. Ao chegar ao meu destino aperto o botão do elevador que não demora a chegar, então coloco meus óculos escuros e entro nele. Apertando novamente o botão para ele poder descer e ir até térreo onde lá fica localizado a garagem do condomínio. Aproximo-me do automóvel, trato logo de entrar nele dando partida, não quero demorar para chegar no serviço e me atrasar nas entrevistas, por mais que não sejam muitas, gosto de me dedicar ao máximo a cada uma delas, e já que eu era CEO da empresa, tinha uma reputação a zelar. Dirijo por alguns instantes e confesso que estranhei não estar tão trânsito igual sempre é, vai ver o universo está me ajudando e por conta disso consigo chegar rapidamente na empresa e percebo que já haviam algumas pessoas em frente a empresa esperando dar o horário da entrevista. Naquelas pequenas pessoas, apenas uma havia me chamado atenção, uma ruiva com cabelos médios e lindos olhos verdes, porém, como não queria me atrasar, sigo rapidamente para dentro da empresa e assim que meus funcionários percebem que eu havia acabado de chegar, Carla logo se aproxima. — Sr. Monteiro, que bom que chegou. As entrevistas estão perto de se iniciar. Vamos logo para a sala — Carla me lembra das entrevistas. — Claro, vamos — Falo. Logo em seguida seguimos para a sala onde seriam realizadas as reuniões, todos os outros entrevistadores já estavam lá. — Pessoal, começaremos a reunião logo — Digo e assim todos se sentam em suas respectivas mesas. Após avisar a Carla, as pessoas da entrevista começam a entrar. O meu mundo parece ter parado novamente, não via mais nada à minha frente quando vi que aquela mesma moça da entrada estava adentrando a sala das reuniões. Ela era a mulher mais linda que eu já havia visto em toda a minha vida. Ela possuía enormes olhos verdes, cabelos médios, uma boca carnuda e um sorriso angelical. Sei que tenho uma noiva, mas Heloísa havia sido prometida a mim como uma forma de “pagamento” não posso mentir e dizer que nunca senti nada por Helô, porém, com o tempo a nossa relação foi se desgastando. Heloísa havia mudado, se tornando uma pessoa fútil e difícil de conviver e nada lembrava a doce jovem pelo qual eu havia me apaixonado. Eu sentia precisar descobrir logo o nome dessa jovem, sei que a minha vida irá mudar drasticamente. Ela parecia escutar os meus pensamentos ao olhar em minha direção, de longe podia sentir o seu perfume adocicado, que me fazia sentir vontade de me embrenhar em seus lindos cabelos ruivos. Aquela moça havia realmente despertado em mim coisas que nunca mais imaginei sentir novamente, que mais para frente descobri se chamar Eliza Campos, mas esses sentimentos que eram desconhecidos por mim nos últimos anos apenas ponderei senti-las com Heloísa, mas o nosso relacionamento já não era o mesmo. Após as entrevistas terem acabado, peço para que Carla me passasse todos os currículos para que assim pudesse analisar com uma cautela mais precisa, não seria novidade nenhuma se contratasse Eliza para compor meu quadro de funcionários, já que havia ficado impressionado com a sua inteligência acima da média. Assim que tenho em mãos o currículo da ruiva misteriosa confesso que fiquei ainda mais impressionado. Após ler seu nome completo, pude lembrar que já havia visto ele em algum lugar. Ela é uma jovem promissora justamente na carreira de escritora, o que me faz sentir ainda mais vontade de descobrir mais sobre essa ruiva misteriosa. O que me faz imaginar também o motivo dela não estar seguindo esse ramo para se tornar minha secretária pessoal, eu parecia anestesiado com tudo aquilo, então após analisar todos os currículos, peço para Carla chamar Eliza, queria conversar com ela, sei que não posso misturar meus sentimentos pessoais com os profissionais. Depois de alguns minutos de espera escuto alguém bater em minha porta. — Pode entrar — Respondo. A pessoa então entra e percebo que se trata justamente de Eliza. — Boa tarde! Senhor Monteiro — Ela fala desviando o olhar, eu olhava intensamente para aquela ruiva maravilhosa, acredito que ela deva ter percebido o quanto havia mexido comigo. Eliza então estende a sua mão em minha direção. — Boa tarde! Eliza — Devolvi o comprimento a ela segurando em sua mão com uma certa força para ela poder perceber o que havia feito comigo — Pode se sentar por favor — Aponto em direção a cadeira que havia em frente a minha mesa. — Obrigada — Ela agradeceu sorrindo timidamente e se senta na cadeira que eu havia mostrado anteriormente — O senhor deseja algo? — A senhorita pode ficar calma que não aconteceu nada grave — Respondo percebendo que Eliza havia ficado aflita por ser chamada na minha sala — Apenas queria perguntas algumas coisas para você. Tudo bem? Não queria deixá-la desconfortável, nem deveria me envolver dessa forma com alguma funcionária, ainda mais sendo noivo de outra mulher, porém, era algo que não consigo evitar de forma alguma. — Tudo bem, pode perguntar qualquer coisa que precisar — Pude perceber ela respirar fundo antes de responder a minha pergunta. — Analisei mais a fundo o seu currículo e percebi aqui que você era uma escritora de sucesso, porém, parou com a carreira — Digo — Por que deseja trabalhar justamente como uma simples secretária? Não que isso signifique que essa profissão não seja digna, mas, não é nada que não posso deixar de questionar — Acrescento. — Acabei deixando de lado esse sonho de tornar uma escritora famosa apenas devido à minha família — Ela responde — Além do fato de ter ficado muito tempo longe desse ramo. Agora está sendo muito complicado retornar nesse meio. Acredito que eu era muito nova, agora me sinto mais centrada e madura. Sorrio contente com sua resposta, era genuíno a minha felicidade por Eliza, dava para realmente perceber que ela adorava ser uma escritora, mas que resolveu crescer e retornar quando estivesse mais centrada, isso apenas mostra que ela era uma pessoa profissional. — Entendo. Fiquei realmente impressionado com seus trabalhos, só após ler seu nome completo que pude lembrar de algo — Digo — Minha afilhada me apresentou os seus livros. Fiquei extremamente contente em ver que a pessoa que está tentando conseguir a vaga de secretária é justamente alguém que eu já estava um pouco familiarizado. — Que legal, mas ela tem quantos anos? — Eliza questiona. — Ela tem somente onze anos — Respondo e pude perceber que Eliza havia ficado provavelmente impressionada — A Fernanda é muito madura para a idade dela, é claro que sei sobre o que falam os seus livros. — Ela não é muito nova para ler esse estilo de livros? — Ela pergunta ainda boquiaberta — Já que eles falam sobre histórias de superação. — Confesso que na época tentei fazer com que ela parasse de ler essas histórias, que na minha opinião, são assuntos um pouco pesados para uma criança — Falo fazendo aspas na palavra pesado — Mas resolvi ler para conhecer e posso confessar que adorei a forma que você escreve. — Fico muito feliz que tenha gostado. Adorava o meu trabalho, apesar de fazer tempo que não escrevo nada — Ela fala sorrindo, o que me fez querer retribuir. — Não precisa me agradecer, por isso você e mais duas pessoas foram contratados, preciso de funcionários comprometidos. Deseja fazer parte do nosso time? — Questiono. — Claro que aceito — Ela responde — Preciso de um emprego para aprimorar as coisas que sei fazer e melhorar de vida. Após Eliza responder isso me senti na vontade de questionar ela o motivo de querer mudar de vida, mas, não era meu direito perguntar sobre aquilo. — Entendo, pode voltar a sala de espera — Respondo — A Carla depois irá chamar vocês para conversar sobre os horários de serviço. Espero que você aproveite ao máximo essa oportunidade e quem sabe você consiga publicar algum livro em nossa editora — Falo rindo torcendo para que aquilo realmente acontecesse. Não sei explicar o que aconteceria logo em seguida. Aproximo-me de Eliza lentamente e sinto um arrepio percorrer pelo meu corpo, aquele perfume estava me deixando maluco. Queria vê-la mais vezes, e eu com toda a certeza faria aquilo acontecer. Pude perceber que Eliza parecia desconcertada com minha presença, porém, antes que pudesse fazer algo, Carla adentra em minha sala com alguns papéis em suas mãos. — Sr. Monteiro, desculpe. Estou interrompendo algo? — Carla questiona. Saio do transe em que me encontro me desaproximando de Eliza e respondo. — Não, não interrompeu nada, só estou conversando com a Eliza sobre a vaga de emprego — Eu tentava disfarçar a minha frustração, porém, sei que se ela não tivesse aparecido poderia ter acontecido algo que eu me arrependeria amargamente. Eliza então se vira em minha direção e fala. — Sr. Monteiro, agradeço a oportunidade de emprego, mas agora preciso ir — Ela fala sorrindo timidamente. Antes que pudesse falar algo, Carla fala no meu lugar. — Eliza venha comigo, irei te passar todos os horários do emprego, como o Sr. Monteiro precisa urgentemente de uma secretária pessoal, você irá começar amanhã mesmo. Tudo bem? — Carla pergunta para Eliza me entregando alguns documentos que precisava da minha assinatura. O que poderia estar acontecendo comigo, eu realmente nunca havia me sentido dessa forma por ninguém em toda a minha vida e olha que fui sempre alguém mulherengo, porém, quando tive que ajudar nas finanças de casa precisei mudar, crescer e me tornar um homem. Quando Elisa se despede de mim novamente e sai da sala conversando com Carla, ela deixa um rastro do seu perfume que impregna todo o meu escritório, me fazendo sentir um estranho calafrio percorrendo todo o meu corpo. Me fazendo ter vontade de sentir aquele seu perfume direto da fonte, do seu lindo pescoço. Aquela ruiva maravilhosa nem tinha noção do que havia feito comigo, despertado em mim sentimentos diferentes. Será que era recíproco?
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