PROLÓGO
Sustento um ramo de flores em minhas mãos e não consigo acreditar que isso esteja realmente acontecendo. Hoje é o meu dia. O dia mais bonito da minha vida. O dia em que me tornarei a esposa do homem perfeito.
Não consegui fechar os olhos a noite toda. A emoção revirava-se dentro de mim como as ondas do mar: do medo à alegria, da impaciência a uma ternura comovente. Imaginava seu olhar quando me visse. Imaginava como estaríamos frente a frente, prometendo nos amar para sempre.
Estou me preparando para este dia há tanto tempo. Minha irmã me ajudou a escolher o vestido e tem sido meu maior apoio. A seda fresca cai sobre o meu corpo até o chão, e neste momento sinto-me como uma princesa.
— Querida, você está incrível. Diz minha irmã Sarah com ternura, ajeitando uma mecha do meu cabelo. O seu sorriso é tão caloroso que me tira o fôlego.
Fiquei nervosa, sem saber o que fazer com as mãos. O quarto cheira a flores, ao meu perfume e a algo mais intangível: a expectativa de uma grande felicidade. O meu coração bate mais rápido do que nunca.
— Tudo será perfeito. Tranquiliza-me, apertando as minhas mãos com força. — Você está indo casar com um homem que te ama mais do que tudo. E você o ama.
Fecho os olhos por um momento. Sim, eu o amo com todo o meu coração. Este sentimento é puro, forte e verdadeiro. Nunca estive tão segura dos meus passos como hoje.
A música toca atrás da porta. É o sinal de que a cerimônia está prestes a começar.
Um tremor me percorre. Respiro fundo mais uma vez, olho para minha irmã e assinto.
— Estou pronta. Sussurro.
Máximo Orlovsky, meu noivo, é um homem bonito e rico. Tem tudo o que alguém poderia desejar. Beleza, dinheiro, inteligência.
E entre todas as mulheres que literalmente se rendiam a seus pés, ele me escolheu: uma órfã com um bom coração, mas completamente fora do seu círculo.
Os pais do meu noivo inicialmente se opuseram ao nosso relacionamento, mas quando souberam que eu estava grávida, tudo se resolveu por si só.
Máximo ficou muito feliz. Sonha em ser pai. E eu sonho em dar-lhe um filho ou uma filha.
Soubemos da gravidez há um mês. Minha barriga ainda não cresceu, mas já experimentei todas as "surpresas" que a gravidez traz. Especialmente as náuseas matinais.
Estou de pé em frente às portas fechadas do grande salão de casamentos, inalando ar como se fosse a última vez. Minhas mãos tremem, mas me mantenho firme, porque quero lembrar cada momento deste dia perfeito.
As portas se abrem e uma luz brilhante me deslumbra. A música soa impecável, nota por nota. Dezenas de olhos se voltam para mim. Todos são desconhecidos. Todos do lado de Máximo. Parceiros de negócios, familiares, amigos dos pais deles. Não sabem quem sou. Talvez alguns deles ainda não entendam por que ele me escolheu.
Caminho pelo corredor branco entre fileiras de composições florais caras. Tudo aqui é impecável. Demasiado perfeito. Desde as orquídeas brancas até o teto com lustres de cristal. Lujoso, frio, alheio.
Sempre sonhei com um casamento à beira de um lago. Com uma coroa de flores silvestres, descalça, em um vestido simples e apenas com as pessoas mais próximas. Mas tudo isso não é meu conto de fadas. É o dela. De sua mãe. Ela escolheu o restaurante, a decoração, o vestido, o maquiador, até a música para a primeira dança.
Ninguém perguntou o que eu queria. Mas, apesar de tudo, meus olhos só buscam um rosto. E então vejo Máximo.
Está de pé junto ao altar, num terno impecável, seguro, bonito e quase meu. Seu olhar percorre meu corpo, para no meu rosto, e vejo que ele não está olhando para a decoração. Não aos convidados. Não ao luxo. Só olha para mim.
Mas seu olhar não é alegre. Percebo isso imediatamente. Seu rosto parece petrificado e tão pálido, como se estivesse se sentindo muito m*al neste momento.
Estou a poucos passos dele. Meus olhos estão fixos nos seus, tão familiares e agora... estranhamente alheios. Não são mais macios. São afiados como uma navalha. Não há alegria neles. Não há ternura. Há algo que temo mais: gelo e desprezo.
Máximo não me oferece a mão.
Um frio me atravessa, como se alguém tivesse apagado todo o calor da sala. Estou na frente dele, com meu vestido branco, com o coração cheio de amor, e não entendo o que está acontecendo.
— O que está acontecendo? Sussurro, m*al movendo os lábios.
Sua mandíbula está tensa. Ele não olha nos meus olhos. Simplesmente tira o telefone do bolso, toca na tela e me mostra. Na frente de todos.
Não tenho tempo para dizer nada. Só vejo uma foto minha. Meu rosto. Meu corpo... na cama com outro homem.
Não. Não, não, não. Isso é um erro. É algo montado. Não sou eu!
— Máximo... não é isso que você está pensando... isso... Estou me afogando. Tenho um nó na garganta, meu coração bate tão forte que parece que todos o ouvem.
— Cale-se. A sua voz é baixa, mas letal. — Só fica quieta.
Ele se volta para os convidados, leva o microfone aos lábios e, sem nenhuma emoção, diz: não haverá casamento. Minha noiva acabou sendo uma qualquer.
Os segundos de silêncio parecem uma eternidade. O salão literalmente congela. Alguns convidados levam a mão ao coração, outros apertam nervosamente suas taças de champanhe. A mãe de Máximo empalidece de repente, mas nem sequer tenta dizer algo.
E ele... simplesmente vai embora. Ela se vira, passa por mim sem sequer tocar na borda do meu véu, sem me olhar mais uma vez. E eu... fico sozinha. Sob centenas de olhares. Sozinha no meu vestido branco. Com um frio no peito e aquelas malditas fotos na minha memória.
Sinto que vou desmaiar. Que o ar acabou. Que eu não existo.
Mas eu me mantenho de pé. Porque dentro de mim há um pequeno coração. E eu devo respirar pelos dois.
— Querida, o que está acontecendo? Sarah se aproxima e pega a minha mão. Seus olhos estão grandes pelo choque, ela está tão pálida quanto eu, e parece que a qualquer momento também começará a chorar.
Abro a boca para dizer algo, para explicar, mas não consigo. Minha garganta aperta como se alguém estivesse me estrangulando. Só olho para os seus olhos, e de mim só sai uma palavra: ele... me mostrou umas fotos...
Sarah pisca. Seu rosto se contrai pela incompreensão.
— Que fotos?
Tremo. Parece que toda a sala fica em silêncio, embora alguns já comecem a ir embora. Os sussurros se espalham de canto a canto. As palavras "traição", "vergonha", "escândalo" flutuam no ar como veneno. E eu estou aqui, no centro desta tragédia, sem saber o que fazer.
— Nelas estou... na cama... com outro. Sussurro. — Mas não sou eu, Sarah. É um erro. Não sei como... não sei por que...
Ela aperta minha mão com força, como se quisesse me transmitir um pouco da sua força.
— Olhe para mim. Ela diz com firmeza. — Eu acredito em você. Eu te conheço. Isso é algum jogo sujo. Mas agora você precisa respirar. E sair daqui.
Assento. Automaticamente. Tudo acontece como em um sonho. Minhas pernas estão pesadas como concreto. A sala se desfoca diante dos meus olhos. As pessoas não escondem mais a surpresa, algumas gravam com seus telefones, outras sussurram pelas minhas costas.
Quero desaparecer. Simplesmente evaporar.
— Vamos. Diz Sarah e me guia do altar, passando pelos convidados, pela mãe de Máximo, que fica sentada em silêncio, sem fazer nenhum movimento, como se tudo isso não fosse da sua conta.
E quando já estamos quase na saída, olho para trás. Máximo não está. Mas sei que se não o encontrar agora, posso perdê-lo para sempre.
Sarah chama um táxi e saímos em silêncio da sala luxuosa, onde meu novo e feliz capítulo estava prestes a começar. Mas, em vez disso, há um desmoronamento e ruínas. Um final que nem chegou a ser um começo.
Sentamo-nos no banco de trás e o carro arranca, juntando-se ao fluxo da cidade, que parece que não vejo. Só olho pela janela e engulo lágrimas amargas. O mundo segue em frente como se nada tivesse acontecido. Mas dentro de mim, algo está morrendo em silêncio.
As lágrimas caem pelas minhas bochechas sozinhas. Não me importa como eu pareço. Não me importa que a maquiagem esteja arruinada. Não me importa que o vestido ainda esteja vestido. Pela primeira vez na minha vida, não me importo.
Sarah olha em silêncio. Seu silêncio não é frio, mas compassivo. Está ao meu lado. E isso é o suficiente.
Quando voltamos para o meu apartamento, tiro o véu, os sapatos e as joias em silêncio. Fico no meio da sala, entrelaçando os dedos até que o tremor desapareça.
Depois, com cuidado, tiro o vestido. Não r***o, não jogo fora. Ao contrário, eu o dobro com cuidado, como se fosse uma relíquia. Ele não está sujo. Não está manchado. Simplesmente não cumpriu o seu papel. Guardo-o numa bolsa e coloco-o no fundo do armário.
Sarah aparece na porta.
— Querida, não faça isso. De verdade. Dê tempo a isso. Não vá vê-lo agora, você viu...
— Mas tenho que fazer isso. Interrompo-a, vestindo o casaco. Minha voz está rouca por causa das lágrimas, mas há firmeza nela.
— Preciso dizer que é mentira. Preciso olhar nos olhos dele mais uma vez. Pelo menos uma vez.
Sarah olha em silêncio. Suspira. E vejo que dói tanto para ela quanto para mim. Mas isso não me impede.
— Se precisar de alguma coisa, me ligue. Estarei esperando.
Saio à noite. Inalo o ar frio que corta meus pulmões. As ruas já estão vazias, mas não me importo. Pego um táxi e dou o seu endereço. Viajo apertando o punho contra o peito, como se pudesse conter algo que está prestes a me quebrar por dentro.
Máximo deve estar em casa. Tem que estar. Não acho que ele simplesmente tenha desaparecido. Que ele simplesmente tenha desistido.
A escuridão envolve o edifício enquanto subo as escadas em direção ao seu apartamento. Minhas mãos tremem, meu coração bate como louco.
O que eu vou dizer a ele? Poderei dizer algo? Só espero que ele abra a porta...
Toco a campainha. Uma vez. Duas vezes. Três vezes.
A porta se abre de repente. E na minha frente está Máximo. Mas não é o Máximo que eu conheço. Seus olhos estão vermelhos, ele m*al se sustenta em pé, seu cabelo está desgrenhado. Em suas mãos, ele tem uma garrafa de algo forte, cujo cheiro me atinge desde a soleira.
— Olá, noiva. Ele diz com voz rouca, apoiando-se na moldura da porta. O seu sorriso é amargo. — Você veio zombar?
— Não. Trago minhas lágrimas. — Vim te dizer que tudo isso é uma mentira. Essa foto é uma montagem. Não sei quem fez isso, mas... não fui eu, Máximo. Nunca te trairia...
— Cala boca! Ele ruge, e o som do seu grito corta minha alma. — Você me traiu. No dia do nosso casamento! E você tem a audácia de vir aqui com explicações?
Dou um passo à frente, incapaz de me controlar.
— Eu te amo! Nunca te trairia. Máximo, juro pelo nosso bebê... Toco minha barriga, e minha voz quebra.
Ele ri com desprezo.
— Não me venha com esse circo. Nem sabemos se você está realmente grávida. E se estiver essa criança não é minha.
E justamente no momento em que penso que a dor não pode ser mais intensa, ouço passos vindo do quarto dele. Levanto os olhos e meu coração afunda no peito.
É a Katia. Minha melhor amiga. Só com roupa ínti*ma, cabelo desarrumado e lábios vermelhos. Ela nem tenta se cobrir. Simplesmente sai do quarto, para e olha nos meus olhos. Sem nenhum remorso.
—Eu... Vocês... Como você pôde...?
As palavras se desvanecem. É como se alguém me desse um tapa. Uma e outra vez. Não ouço mais nada além do meu próprio pulso nos ouvidos. Sinto algo quebrando dentro de mim.
Recuo, batendo na parede. Depois, de novo. E então me viro e fujo. Rápido. Sem olhar para trás. Sem pensar nem respirar.
Corro pela noite fria em direção ao desconhecido.
Longe dele. Longe da traição.
Longe de tudo o que foi meu mundo e agora se tornou escuridão.