Prólogo
Washington DC.
A realidade é que não me sinto digna em substituir o lugar do meu pai, não era para eu está aqui. Hoje acontecerá o evento no qual serei nomeada como a chefe oficialmente do FBI. A pressão de assumir esse cargo, é enorme, tenho medo de acabar falhando e acaba sendo porventura assassinada por qualquer deslize. Eu posso esperar tudo dessas pessoas sujas que estão por trás dando ordens expressas, eles são altamente perigosos. Só tiveram a compaixão de devolver a minha filha depois de muita insistência minha. Mas até agora não há nenhum sinal dos meus irmãos, é como se os pequenos tivessem algum valor ainda para beneficia-lós.
— Ainda de frente ao espelho, minha princesa?— respiro fundo com desdém, recebendo a desagradável presença do insignificante que me tira do momento de transe. Não posso ter paz nem no meu próprio apartamento. Seu olhar que se inicia de baixo e vai subindo até em cima, se perde no meu corpo ao ficar hipnotizado— Você está muito deslumbrante, meu anjo. Cada dia que passa, você fica mais linda.—o elogio ao admira-me, faz os seus olhos claros brilharem. De relance o fito por meio do reflexo do espelho, encarando-o seca.
Richard Ferrari está quase babando por mim.
— O que foi? — de repente o questiono confusa, notando o seu inabalável sorriso cafajeste que nunca some, escancarado em seus lábios.— Perdeu alguma coisa?— o repreendo, odiando os seus olhos pairados no meu rosto, causando um efeito estranho e fazendo-me ficar sem graça.
— É que não me canso de me perder na sua beleza, sua beleza é surreal, Mabel Bieber— rolo os olhos pelo exagero que o seu tom rouco soa. Inspiro fundo, incomodada pelo o obcecado insistir em lutar por uma pessoa que só o rejeita.
Às vezes dá vontade de bater na cara desse filho da p**a grudento, por viver o tempo todo lambendo os meus pés. Será que ele não se toca que tudo isso é uma farsa? Já lhe disse tantas vezes que sempre vou amar o pai da minha filha, mas parece que Richard não põe na cabeça e prefere ficar se humilhando. Eu só o aturo, porque todo esse lance é um jogo de interesse e na hora certa vou descarta-ló. E quando acontecer, vou amar ver Richard na lama pagando por todo m*l que fez a mim e a minha família.
— Para de ser imbecil.— pego a minha bolsa de mão que ele segura, cortando imediatamente suas investidas.— Não me siga.— o barro, impedindo-o com o braço.
— Ei, como não? — fica frustrado.— Vamos.— estende o cotovelo para que eu coloque o braço em volta, não tendo a mínima vergonha na cara de propor o convite.
O ignoro, vendo-o bufar fundo enquanto passo por sua frente com o meu salto fino e pisando fundo propositalmente para fazê-lo se morder de raiva. Encontro a oportunidade perfeita para debochar, inclinando o corpo para trás:
— Ah, esqueci uma coisa... Nem que você fosse o último homem do planeta, eu não entraria de braços dados ao seu lado no FBI, Richard.— minhas palavras arremessa um balde de água fria nas suas expectativas. Observo-o engolir em seco, chateado de que não irá desfrutar da noite ao lado da garota que ele ama apelidar de "princesa".— Não demora, estarei te esperando lá embaixo.— coloco apenas a cabeça no canto da porta, provocando-o.— Ou prefere ficar aí? Para mim não haverá nenhum problema, porque ninguém irá sentir a sua falta mesmo. — é divertido pisoteia-ló e saber que se arrumou tanto para nada.
Saio rindo por deixá-lo com cara de tacho. E com o intuito de martiriza-ló, solto um grito, quando vou descendo os degraus da escada:
— Anda, Richard, eu não tenho a noite toda. — insulto o seu ego, gargalhando. Até que é engraçado zombar com esse inútil de vez em quando, isso me faz até esquecer os problemas que me cercam.
São tantos problemas a serem solucionados, que é perturbador. Primeiro preciso saber onde está Annabelle. Cadê a minha irmã? Por que ela não veio até agora ao meu encontro? Já se passou um mês desde da infeliz fatalidade e até agora não há nenhum vestígio do paradeiro da minha mãe Selena. É como se ela tivesse desaparecido do mapa. Seu esconderijo é tão bom ao ponto da equipe do FBI cogitar a possibilidade de que a minha mãe esteja morta.
Fico abalada ao encarar o porta-retrato na sala de estar, avistando o sofá vazio onde os meus pais costumavam sentar juntos. Eu não consegui me desfazer do apartamento que era deles. Todos os cômodos deste imóvel lembra os dois. Tento não chorar, para não estragar a noite. Preciso ser forte e colocar a frieza na frente para fazer justiça por todos os meus entes queridos que foram afetados por essa organização criminosa.
Eu vou me vingar de cada um, começando por Richard.
Puxo o meu celular, hesitante se devo ou não discar o número. Motivada pelo impulso, início a ligação:
— Oi, pai, como o senhor está?— abafo os soluços, não conseguindo conter a emoção que sinto de ouvir a sua voz novamente. Estou borrando toda a minha maquiagem, chorando ao ouvi-ló dizer o quanto está orgulhoso de mim e que vou me sair muito bem no seu lugar como a nova chefe do FBI.
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POVS ANNABELLE BIEBER
Troco algumas gorjetas por uma lata de leite, é que ando fazendo para manter a minha bebê saudável. Tudo virou de cabeça para baixo, às vezes é assustador ter que amadurecer antes da hora para dar o melhor de si. Eu não escolhi ser mãe, não foi dessa forma que imaginei a minha adolescência, mas infelizmente aconteceu após uma grave violência. Não foi natural, eu fui forçada. E foi a partir desse a***o que perdi a essência de quem eu era, não consigo mais ser aquela mesma Annabelle. É como se aquele e********r tivesse arrancado também a minha alma e deixasse um grande vazio.
Um vazio este que me faz perder a esperança. Independente do que aconteceu, não é fácil passar uma borracha em cima pra apagar esse pesadelo. É um trauma permanente, esse trauma nunca irá desaparecer da minha vida. Se não fosse pela neném me trazer força, pode ser que talvez eu já tivesse enlouquecido. Tem vez que penso: por quê? Eu merecia aquilo? Sinto nojo do meu próprio corpo. E o pior, sempre esse episódio ficará marcado.
Toda vez que entro nos lugares com ela em meus braços, chego a sentir os olhares tortos de julgamento de acharem que fui irresponsável em engravidar tão nova. Se ao menos soubessem um terço do inferno que vivenciei, não perderiam tempo apontando o dedo para a vítima da história.
Puxo a bicicleta do canto da loja de conveniência, colocando a lata de leite na cesta e com muito esforço posiciono a Mel na cadeirinha. É o meu único meio de transporte em me locomover pela cidade, até mesmo estou indo para o FBI com essa bicicleta enferrujada. É um pouco vergonhoso visto que os agentes e quem trabalha no departamento só andam com carros de luxo. Pelo menos estou tendo a chance de continuar no treinamento, e um dia poder quem sabe me tornar uma policial como a minha mami era. Quero poder representá-la.
Assim que entro no quartinho onde estou me abrigando, o cheiro de mofo se alastra e começo a espirrar. Eu e a Melissa estamos dormindo no chão, só há um coxão velho todo rasgado. O banheiro nem se fala, está interditado. Tenho que banha-lá na pequena pia, e me dobrar em duas para tomar banho uma vez do dia no FBI. Prefiro mil vez viver dessa maneira, do que pedir ajuda aquela arrogante da minha irmã.
Eu e Mabel nunca nos demos bem, sempre houve briga e intrigas na nossa relação. Ela preferiu ficar de um lado e decidi está do outro. Sempre que ela tem oportunidade joga que seu namorado morreu porque era um "santo". Aquele monstro fez o que fez comigo, e mesmo assim ela consegue criar uma memória dele como se fosse um anjo. É por isso que não consigo a perdoar, não quero ter que conviver com uma irmã tóxica que defende o lixo que me violentou.
Meu coração se acelera quando escuto as batidas na porta. Posso está sendo boba em sentir o frio na barriga e as pernas bambas, mas vem acontecendo uma coisa fora do normal que eu não consigo explicar. Não sei o que é o amor e tampouco vivi tal coisa, agora que tenho 16 anos e nunca havia aparecido ninguém que pudesse de fato balançar o meu coração… mas isso mudou...
— Richard.— sorrio ao vê-lo parado do outro lado da porta. Este homem vem mexendo com as minhas emoções. Desde que nos esbarramos sem querer no FBI, foi meio que a primeira vista. De lá para cá, venho criando um sentimento por ele. — O que você faz aqui?— seu semblante sério acaba deixando-me preocupada. Noto-o parado, me olhando com o olhar distante, como se tivesse triste e chateado com algo.— Por que está com essa cara? Aconteceu alguma coisa? — analiso se não há nenhum arranhão em seus braços. Por ser um agente do FBI, o próprio corre muito perigo em campo.
— É... não, quer dizer, sim.— se atrapalha, meio tenso.— São apenas problemas no trabalho, princesa, não precisa se preocupar.— seu dedo toca no meu queixo delicadamente, antes de adentrar. Fico envergonhada, e um pouco tímida com as bochechas coradas. Oh céus, seu cuidado é tão fofo.
Meu coração o escolheu.
Eu nunca tive nenhum namorado, é com ele que estou aprendendo o que é sentir. No fundo, tenho medo de acabar me decepcionando.
Às vezes me pergunto, será que ele é capaz de me amar de verdade?
O que ele viu de tão interessante em mim?
Será que tudo isso é real, ou seja apenas uma ilusão de algo platônico?
A única certeza que tenho é que estou me apaixonando pelo Richard.